As deliciosas mangas são o principal atrativo da árvore frondosa, que ainda brinda com boa sombra quem a cultiva

Texto Marina Gabai

Se você nunca se lambuzou com uma manga suculenta em um dia de verão, não sabe o que está perdendo! A fruta de polpa doce, carnuda e às vezes fibrosa, que combina doçura e frescor na medida certa, tem tudo a ver com o clima dos trópicos e conquistou o mundo. Tanto que, segundo uma pesquisa da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), ela é uma das frutas mais consumidas no planeta, seja in natura, seja como ingrediente de receitas doces e salgadas.

Conforme a variedade da manga, os frutos podem apresentar diferenças no formato, cor e tamanho

No Brasil ela é sucesso absoluto e tão fácil de encontrar que há até quem acredite que seja nativa daqui. Nem desconfiam que a árvore de copa frondosa e sombra agradável surgiu no Sudeste Asiático, onde há indícios de seu cultivo há mais de 4.000 anos. Chegou a essas bandas de navio, com os colonizadores portugueses, e “fincou o pé”. Favorecida pelo clima quente, se adaptou rapidamente ao país, que hoje é o terceiro maior produtor da espécie e a exporta para diversos lugares, como Europa, Japão e Estados Unidos.
Em todo o mundo existem pelo menos 1.600 variedades de manga, que diferem entre si no tamanho, formato, cor e consistência da polpa dos frutos. No Brasil, são comercializados cerca de 30 tipos, alguns deles desenvolvidos por pesquisadores locais.

A manga é um dos frutos mais consumidos em todo o mundo e vai muito bem em regiões de clima tropical, como o do Brasil

Para o cultivo em pomares domésticos, os preferidos são os que produzem frutos mais doces, iguais aos comprados no supermercado, caso da manga Palmer, famosa pelos frutos grandes de polpa lisa e suculenta; da Tommy Atkins, que é doce e tem pouca fibra; e da Bourbon, com frutos menores e de polpa bem fibrosa. Também fazem sucesso a manga Extrema e a Itamaracá, ambas de polpa aquosa e saborosa; e a Espada, que tem a casca verde mesmo quando madura e polpa fibrosa.

AO ALCANCE DAS MÃOS

Por ser uma árvore grande – atinge até 30 m – e de copa frondosa, a mangueira é perfeita para grandes jardins. Uma boa opção é plantá-la isolada como ponto de destaque, fornecendo uma aconchegante sombra o ano inteiro. Durante o inverno, inflorescências pequenas e de cor clara surgem enfeitando a copa e trazem mais graça ao ambiente. Já no verão, é a hora dos frutos, que têm a casca normalmente em tons de amarelo e vermelho, encherem a mangueira de cor e sabor.

Quando adulta, a espécie pode medir até 30 m de altura e sua copa frondosa proporciona boa sombra

Quem tem pouco espaço no jardim não precisa passar vontade: pode cultivar a espécie em vasos – nessas condições ela não passa dos 2 m de altura – e colher frutos tão saborosos quanto os de grandes árvores. É preciso, porém, tomar alguns cuidados adicionais: podar os ramos após a frutificação, para controlar o tamanho da copa, e substituir o vaso por outro maior a cada quatro ou cinco anos.
Em algumas cidades, é comum ver mangueiras na arborização urbana, apesar do risco de seus frutos caírem sobre as pessoas e os carros. Belém, no Pará, por exemplo, conta com tantas árvores do tipo nas calçadas – todas plantadas no século 17 para amenizar o calor – que ficou conhecida como a “cidade das mangueiras”. Em 1993, as árvores foram até declaradas patrimônio material do estado do Pará.

CULTIVO FÁCIL

A manga se adapta praticamente a todo o Brasil. As únicas exceções são a região Sul e áreas de grandes altitudes no Sudeste. Mas antes de partir para o cultivo é importante lembrar que, seja para plantá-la direto no solo ou em vaso, o mais indicado é comprar mudas enxertadas, que começam a frutificar em um ano (veja mais na reportagem “A união faz a força”, na página 56). Caso sejam plantadas a partir de sementes, os frutos só aparecerão em sete ou oito anos.

Nas mangueiras enxertadas, os frutos demoram cerca de um ano para começar a despontar

Para cultivar direto no solo, abra um berço de 50 cm de diâmetro por 50 cm de profundidade e misture à terra do local 10 litros de esterco bovino ou terra vegetal e 500 g de farinha de ossos. Regue abundantemente após o plantio e três vezes por semana até as raízes se estabelecerem – o surgimento de novas brotações é um indício de que isso aconteceu. Depois, regue apenas quando o solo estiver seco. A adubação deve ser feita com NPK 10-10-10 a cada três meses.

SAGU DE COCO COM MANGA

Ingredientes

•300 g de sagu de tapioca
• 2 mangas grandes
• 3 xícaras de leite de coco

• 2 xícaras de água
• ½ xícara de açúcar demerara
• 2 colheres (sopa) de chia

Receita: Daniella Duarte e Daniel Simas, do restaurante Vegano, @veganosp; foto: Tomaz Vello

Modo de preparo

Ferva uma panela grande de água. Acrescente o sagu e, sem parar de mexer, escalde por três minutos e escorra. Na mesma panela, coloque a água, o leite de coco, o açúcar e o sagu. Leve ao fogo médio, mexendo sempre até engrossar e o sagu começar a ficar transparente. Corte a manga em pequenos cubos e reserve metade da quantidade para a cobertura. Leve a outra metade ao fogo numa frigideira com três colheres de açúcar demerara. Deixe ferver por três minutos e tire do fogo. Monte a sobremesa em taças, formando camadas. Coloque a compota de manga no fundo, o creme de sagu e por cima a manga crua em cubinhos. Polvilhe sementes de chia. Sirva gelado.

Rendimento: 6 porções

MANGA EM DETALHES

• Nome científico: Mangifera indica
• Nomes populares: mangueira, manga
• Família: Anacardiáceas
• Origem: sudeste da Ásia
• Características: árvore frutífera e perenifólia. Pode chegar a 30 m de altura e tem copa frondosa
• Folhas: muito ornamentais, se abrem como leques. Podem ser totalmente verdes ou manchadas, com efeito marmorizado; e coriáceas ou maleáveis
• Flores: as inflorescências são pequenas, delicadas e amareladas. Surgem no inverno ao longo de uma haste formando uma espiga

• Frutos: costumam ter polpa amarela e suculenta, fibrosa ou não. O sabor e a cor da casca variam de acordo com o cultivar. Surgem entre o fim da primavera e o verão
• Solo: pode ser arenoso ou argiloso, ácido ou alcalino, mas preferencialmente rico em matéria orgânica e bem drenado
• Luz: sol pleno
• Clima: nativa de uma região tropical, a mangueira se desenvolve bem em climas quentes e secos, com as estações bem definidas
• Regas: três vezes por semana até a planta estabelecer suas raízes no solo e começar a brotar. A partir daí, regue apenas quando o solo estiver seco. Para mangueiras em vaso, molhe o substrato uma vez por dia
• Plantio: para plantar direto no solo, acomode a muda em um berço de 50 cm x 50 cm. Complete com terra do local misturada a 10 litros de esterco bovino ou terra vegetal acrescida de 550 g de farinha de ossos. Regue bem. Já para o plantio em vaso, escolha um recipiente de 15 ou 20 litros, preencha o fundo com argila expandida, coloque uma camada de manta geotêxtil e depois terra própria para vasos
• Adubação: aplique NPK 10-10-10 a cada três meses em árvores plantadas no solo. Para vasos, aplique 10 g do mesmo adubo a cada 20 ou 30 dias
• Reprodução: por sementes, alporquia ou enxertia

• Podas: mangueiras plantadas no solo dispensam podas. As em vaso precisam ter os ramos aparados uma vez ao ano, sempre após frutificação. Corte um pouco menos de 50% do comprimento deles

[wpcs id=9559]