De gosto ligeiramente ácido, a tangerina presenteia quem a cultiva com frutos nos meses frios

– Por Renata Albuquerque e Ana Vazzola

É só começar a descascar a tangerina (Citrus reticulata) para sentir o aroma inconfundível do fruto que faz qualquer um salivar. Originária da China e nordeste da Índia, a frutífera conquistou o paladar dos brasileiros e conta com tantos cultivares – a espécie-tipo é cultivada desde 1000 a.C. – que fica difícil precisar onde cada um deles foi criado. A tangerina pode ser plantada em pomares domésticos e jardins, produzindo cerca de 500 frutas anualmente. Quando cultivada em vasos, também é uma boa opção para decorar varandas, desde que o espaço seja bem iluminado, pois a espécie precisa de sol pleno para se desenvolver.

As variedades da tangerina mais consumidas são a ‘Ponkan’, considerada a mais doce, e a ‘Cravo’, levemente ácida. Ambas caracterizam-se pelos gomos que se separam facilmente e pela casca fina e solta de simples remoção.  Elas nascem em arvoretas de até 5 m de altura que frutificam do outono ao inverno, com variações dependendo do cultivar e do clima da região. Em abril, começa a colheita da tangerina-cravo e, de maio a julho, é a vez da tangerina-ponkan.

TRABALHO RECOMPENSADO

O pé de tangerina exige muitos cuidados, mas o esforço compensa. Prepare o solo misturando à terra do local 20 litros de esterco de curral bem curtido. Acomode a muda em um berço de 50 cm de largura por 50 cm de profundidade e regue duas vezes por semana nos primeiros 45 dias, que é o período de enraizamento da planta. Para proteger o solo, faça uma cobertura natural com grama ou palha, para evitar que ele resseque ou encharque.

Garantir uma boa adubação é essencial para que os frutos comecem a aparecer dois anos após o plantio. Em plantas jovens – de até quatro anos –, aplique NPK 10-10-10 nos meses de setembro, novembro e fevereiro. Comece com 350 g do produto e aumente gradativamente a quantidade, até chegar a 1 kg. A partir do quinto ano, aplique 1 kg de NPK 12-6-12 nos mesmos meses.

Como a tangerina é uma cultura de alternância – ou seja, produz mais em um ano do que no outro –, recomenda-se fazer o raleio, retirando os frutos menores e menos sadios quando eles estiverem com 1,5 cm de diâmetro. Essa medida é essencial, pois a quantidade excessiva de frutos acaba comprometendo a planta.

As podas para a remoção dos galhos secos devem ser feitas anualmente, sempre no período após a colheita. A partir do sexto ano, quando a copa da árvore estiver mais fechada, retire também alguns galhos internos, para aerar seu interior. Esses cuidados fazem a planta produzir uma quantidade maior de frutos nos anos mais fracos.

CUIDADO COM AS PRAGAS

O mais comum é comer tangerina in natura, mas a fruta também pode virar geleias, doces e sucos

As tangerinas são um dos cítricos mais suscetíveis ao ataque de pragas. A mais comum é a mosca-da-fruta, que pode ser controlada sem aditivos químicos. Para atrair os insetos e evitar que eles se dirijam às frutas, basta pendurar próximo à árvore armadilhas de garrafas pet com suco de laranja bem doce dentro. A gomose, fungo que ataca as raízes e o caule da planta, é outra doença muito frequente, mas que pode ser evitada com o plantio da tangerina em solo bem drenado e livre de encharcamento.

Cuidando com carinho de seu pé de tangerina e garantindo a ele a manutenção adequada, é possível deliciar-se com seus frutos por mais de 20 anos. O corpo agradece, pois todos os cultivares da tangerina são muito nutritivos: apresentam alto teor de vitamina C e ajudam na digestão. E você pode escolher entre consumi-los in natura ou em forma de doces, geleias e sucos.

TANGERINA OU MEXERICA?

Na linguagem popular, os termos tangerina e mexerica são usados como sinônimos. Porém, na botânica, eles se referem a plantas diferentes: tangerina é a Citrus reticulata, que tem na ponkan e na cravo as principais variedades; e mexerica, a Citrus deliciosa, espécie à qual pertence a mexerica-do-rio.  A famosa murcote não é nem tangerina nem mexerica, mas um híbrido chamado de tangor, fruto do cruzamento entre a laranja e a tangerina.


TANGERINA EM DETALHES

• Nome científico: Citrus reticulata
Nome popular: tangerineira, tangerina
Família: rutáceas
Origem: sudoeste da China até o nordeste da Índia
Características: arvoreta de até 5 m. Quando adulta, apresenta copa cheia e arredondada
Folhas: pequenas, alongadas e lanceoladas
Flores: brancas, pequenas e perfumadas. Despontam em setembro
Frutos: de cor laranja a vermelha, têm superfície lisa com casca fina e fácil de remover. A polpa, composta por gomos individuais, é laranja, aquosa e aromática. Seu sabor vai do doce ao ácido
Luz: sol pleno
Solo: argiloso
Clima: subtropical
Regas: apenas quando o solo estiver seco
Plantio: Abra berços de 50 cm de largura por 50 cm de profundidade e preencha-os com uma mistura de terra do local e 20 litros de esterco de curral bem curtido. Acomode as mudas e regue duas vezes por semana nos primeiros 45 dias
Adubação: aplique NPK 10-10-10 em setembro, novembro e fevereiro. Comece usando 350 g e aumente gradativamente até atingir 1 kg, ao final do quarto ano. A partir do quinto ano, substitua o adubo por 1 kg de NPK 12-6-12 aplicado nos mesmos meses
Podas: uma vez ao ano, após a colheita, corte os galhos secos. A partir do sexto ano, remova também alguns ramos para aerar a copa da árvore
Propagação: por sementes ou enxertia

 

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