Perfeita para quem tem pressa em colher as primeiras folhas, a alface é fácil de cultivar e pode ser usada no paisagismo

— Por Ana Vazzola | Fotos Valerio Romahn

Se tem uma espécie capaz de despertar em qualquer um o gosto pelo cultivo de verduras é a alface (Lactuca sativa). Além de ser uma das hortaliças mais consumidas em todo o mundo – principalmente na forma de saladas –, ela requer poucos cuidados e tem ciclo curto: no máximo 45 dias após o plantio das sementes já é possível colher os primeiros pés. A alface faz parte da alimentação humana há tanto tempo – era consumida pelas antigas civilizações grega, egípcia e romana – que fica difícil determinar sua origem.

A hipótese mais aceita é a de que ela surgiu na Ásia e no Leste do Mediterrâneo, onde prevalece o clima subtropical árido. De lá, foi levada para o restante da Europa durante a expansão do Império Romano, e depois chegou às Américas com Cristóvão Colombo. Seu desembarque no Brasil se deu no século 16 pelas mãos dos portugueses. A espécie se adaptou bem às condições climáticas do país – ela pode ser cultivada em todo o território nacional – e rapidamente caiu no gosto das pessoas.

Com folhas vistosas, a alface pode se integrar ao paisagismo. Vale cultivá-la em vasos ou em jardineiras perto da cozinha | Projetos: à esquerda, Gilberto Elkis, à direita, Helena de Azevedo Freitas

Por conta de suas folhas vistosas, a alface não precisa ficar restrita à horta ou a um cantinho escondido do jardim: ela pode ser plantada em áreas mais nobres – perto da cozinha, por exemplo, para facilitar o uso das folhas na culinária – ou em vasos e canteiros, combinada com outras hortaliças e temperos. Dá, inclusive, para criar composições interessantes brincando com as cores e texturas das diferentes variedades de alface.

ALFACE PARA TODOS OS GOSTOS

Existem muitos tipos de alface, com folhas de cores, formatos e tamanhos diversos. Normalmente elas crescem ao redor de um caule curto e espesso, formando a chamada “cabeça da alface”. Porém, em algumas variedades, as folhas são mais soltas. Dentre as inúmeras alfaces cultivadas no Brasil, seis são as mais conhecidas: a crespa, cujas folhas consistentes e encrespadas se agrupam em uma cabeça compacta e podem ser verdes ou roxas; a lisa, de folhas mais soltas; a americana, que forma uma cabeça compacta e arredondada; a romana, de folhas escuras, longas e crespas; a frisada – conhecida também como frisée – com folhas de aparência arrepiada; e a mimosa, de borda entrecortada, disponível nas versões verde e roxa.

FOLHAS NA MESA EM POUCO TEMPO

O plantio da alface pode ser feito diretamente nos canteiros ou vasos, mas o ideal é começar em sementeiras e, 20 dias depois, quando as mudas estiverem com 5 cm, transplantá-las para local definitivo. Como a espécie aprecia solo arenoso, a herborista Silvia Jeha recomenda prepará-lo misturando duas partes de substrato orgânico, uma parte de areia e uma colher de sopa de bokashi – uma mistura de farelos fermentados – ou húmus de minhoca. As mudas devem receber pelo menos quatro horas de sol por dia e ser regadas sempre que o substrato estiver seco. De 35 a 45 dias após a semeadura, a hortaliça está pronta para ser colhida.

Basta misturar duas variedades da hortaliça para dar cor e textura aos canteiros, inclusive os usados para produção em larga escala

Você pode arrancar o pé pela raiz, puxando-o com as mãos, ou retirar apenas algumas folhas, sempre de fora para dentro. Quando não são cortadas no prazo, as folhas da alface começam a amargar e, em seguida, desponta uma inflorescência de até 1,5 m de altura, composta por pequenas flores amarelas. Se você nunca viu a planta florescer, vale a pena deixar uma muda atingir esse estágio só para matar a curiosidade.

A alface não é muito suscetível a pragas, mas pode sofrer o ataque de tripes, um pequeno inseto que se alimenta de suas folhas, ou míldio, doença causada por fungos. O combate é feito com aplicações semanais de óleo de nim diluído em água. Se os ataques forem muito frequentes, a dica é optar pelo cultivo de variedades mais resistentes a essas pragas. A batávia-cacimba, de folhas crespas e escuras; a itaúna, que é frisada e tem sabor adocicado; e a mimosa-prado, de cabeça compacta e folhas arroxeadas, são algumas que resistem bem ao míldio.

Algumas alfaces são mais resistentes ao míldio, uma doença causada por fungos: à esquerda, alface-mimosa-prado; no meio, alface-itaúna; e à direita, alface-batávia-cacimba

NEM SÓ DE SALADA VIVE A ALFACE

Famosa por seu baixo valor calórico – são 15 calorias a cada 100 gramas – a alface é rica em água e fonte de vitaminas A e C. Ela tem efeito antioxidante e calmante, e o chá produzido a partir de suas folhas é usado para combater a insônia. “Muita gente pensa que a hortaliça contribui para o bom funcionamento do intestino, mas seu teor de fibra é baixo, independentemente da variedade”, explica a nutricionista Anita Sachs.


ALFACE EM DETALHES

• Nome científico: Lactuva sativa
• Nome popular: alface
• Família: Asteráceas
• Origem: incerta, mas acredita-se que a alface tenha surgido na Ásia e na região do Mediterrâneo
• Características: herbácea anual, de folhas comestíveis, com ciclo de 35 a 45 dias
• Folhas: diferem conforme a variedade da alface. Podem ser lisas, crespas ou frisadas e em tons de verde ou roxo
• Flores: pequenas e amareladas, despontam entre 60 e 70 dias após a semeadura, e a haste que as sustenta pode medir até 1,5 m de altura. Raramente são vistas, pois a alface atinge o ponto ideal para a colheita antes do surgimento das flores
• Luz: sol pleno
• Solo: arenoso e bem drenado
• Clima: Subtropical árido, com temperaturas entre 14 °C e 24 °C
• Plantio: pode ser feito direto em vasos e canteiros, mas o ideal é plantar as sementes em uma sementeira e depois transferir as mudas para o local definitivo. Prepare o substrato misturando duas partes de substrato orgânico, uma parte de areia e uma colher de sopa de bokashi ou húmus de minhoca. Distribua-o na sementeira, acomode as sementes a 0,5 cm de profundidade e regue. Quando as mudas estiverem com 5 cm de altura, transplante-as para o canteiro ou vaso, que deve ser preparado com o mesmo substrato usado na sementeira. Deixe espaçamento de 30 cm entre as mudas
• Regas: sempre que o substrato estiver seco
• Propagação: por sementes

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