A decisão sobre isolar ou não essas plantas do gramado é polêmica e divide opiniões entre os paisagistas. Descubra por quê

TEXTO LAURA DOUBEK | FOTO VALERIO ROMAHN

Pouco importa se o arbusto foi escolhido para formar cercas vivas, maciços ou ocupar pontos de destaque: se existe grama e outras plantas forrageiras crescendo por perto, surge sempre a dúvida sobre coroar ou não a espécie. O procedimento, que consiste em deixar uma área ao redor do caule da planta livre de outras espécies, tem lá suas vantagens, mas nem todo mundo é adepto da técnica.

O engenheiro agrônomo Murilo Soares é um dos que defendem o coroamento e alega dois motivos principais para tanto: evitar que o arbusto tenha que “brigar” com a grama pelos nutrientes do solo, e prevenir que ele sofra ferimentos quando o gramado for aparado. “A grama esmeralda em particular tem uma trama de raízes muito forte que atrapalha o desenvolvimento de arbustos jovens. Além disso, é muito difícil nivelar o gramado ao redor do arbusto sem atingi-lo com a roçadeira”, explica. Para o paisagista Flavio Tonico, os motivos para defender o procedimento são outros: “A proximidade com a grama torna o arbusto mais suscetível ao ataque de pragas e doenças, porque ele deixa de absorver parte dos nutrientes”, alega.

O também paisagista Raul Cânovas, por outro lado, condena o coroamento e sugere que não há aspectos estéticos ou técnicos que justifiquem a medida. “Na Natureza não há coroamento. Há plantas com raízes de tamanhos diferentes, e elas não roubam nutrientes umas das outras”, afirma. Quem faz coro com ele é o paisagista e doutor em botânica Eduardo Gonçalves. “As raízes dos arbustos são mais profundas que as da grama, então não há competição entre as plantas. Só sou favorável ao coroamento nos casos em que não há o devido cuidado na hora de aparar a grama, pois um golpe do cortador pode ser fatal”, justifica.

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