O coqueiro-jaraiuva é muito ornamental e vai bem em canteiros aquáticos ou locais alagados

POR JANETE TIR | FOTOS VALERIO ROMAHN

Pouco difundido nos jardins, o coqueiro-jaraiuva (Leopoldinia pulchra) é nativo da região Amazônica e nasce nas margens do rio Negro e nas florestas de igapó e iguarapés, áreas que permanecem inundadas por longos períodos. É uma espécie dificilmente encontrada fora de seu habitat. Mas em terras alagadas e arenosas ergue seu caule ereto, sempre coberto por uma renda formada pelos remanescentes das bainhas de folhas velhas e secas retiradas. Suas folhas chegam a medir 2 m de comprimento e apresentam folíolos levemente caídos. A inflorescência não é tão vistosa, mas os cachos de frutos maduros de cor vermelho-acastanhado são muito ornamentais.

Esses frutos são utilizados por índios ou nativos da região como condimento. Eles queimam o coquinho e as cinzas formam uma substância salgada muito usada para fazer tapioca. Servem também como alimento da fauna local, em especial dos primatas.

Leopoldinia, o primeiro nome científico da planta, é uma homenagem à Maria Leopoldina (1797-1826), imperatriz do Brasil casada com D. Pedro I. Já o segundo termo remete à beleza da palmeira, pois pulchra em latim significa “belo” ou “bonito”. Os índios foram mais poéticos em apelidar a espécie de jara, que em tupi quer dizer “Iara”, “beleza das águas” ou “mãe das águas”.

Segundo o engenheiro agrônomo Ângelo Marcio dos Santos, a principal vantagem do coqueiro-jaraiuva é a adaptação a solos úmidos e alagados. “Essa palmeira também tolera solos drenados, porém devem ser arenosos e em locais com umidade alta ou à meia-sombra”, explica.

“Considerando os poucos estudos que existem, estima-se que a inflorescência só ocorre depois de cinco anos. Claro que isso depende do local, muda e tratos culturais. Se for transplantada, a espécie requer mais um ano para emitir sua inflorescência”, explica. Depois de quatro a sete meses da inflorescência, começam a aparecer os primeiros frutos. “Sua frutificação acontece nos meses de junho e julho e suas sementes são de difícil germinação podendo levar entre quatro e cinco meses para iniciar esse processo”, completa Cinthya Alves, agrônoma do Horto das Palmeiras.

COMO CULTIVAR 

No jardim, o coqueiro-jaraiuva prefere canteiros sob sol pleno, em regiões com umidade relativa alta. Já em lugares com baixa umidade deve ser cultivado em terrenos úmidos ou alagados ou à meia sombra. Em clima frio, não se indica o plantio da espécie pois o desenvolvimento é bem limitado.

No cultivo, a cova deve ser duas vezes mais larga e profunda do que o torrão da muda. O solo deve ser à base de uma mistura de cinco partes de terra arenosa, três partes de matéria orgânica (húmus de minhoca ou esterco de curral curtido), duas partes de terra argilosa, 600 g de fosfato supersimples e 30 g de manganês.

Depois do plantio, o trato mais importante é a irrigação, mais ainda em locais drenados. “É preciso manter o solo com boa umidade e, dependendo do ambiente, deve-se regar uma vez ao dia ou a cada dois dias. Após o pegamento, que demora de seis meses a um ano, as regas podem ser feitas três vezes por semana,” diz o agrônomo.

Faça uma adubação de reforço, principalmente depois de seis meses do plantio com 300 g de cloreto de potássio e 600 g de torta de mamona. A partir daí, adube anualmente com a mistura acima acrescida de 600 g de fosfato supersimples. A melhor forma de adubar é abrir sulcos, com 5 cm de profundidade e 10 cm de largura, a uma distância de 50 cm do caule.

“As melhores épocas para a adubação são março ou abril e setembro ou outubro. Para locais com solos úmidos ou canteiros aquáticos, aplicar adubação foliar com biofertilizantes ou adubos químicos, de preferência os compostos com micronutrientes,” ensina Santos.

O crescimento do coqueiro-jaraiuva é bem lento e são necessários muitos anos até que a planta atinja seu porte máximo de 8 m. Mesmo assim, pode ser considerada uma planta escultural graças ao seu visual diferenciado.

COQUEIRO-JARAIUVA EM DETALHES

  • Nome científico: Leopoldinia pulchra
  • Nomes populares: coqueiro-jaraiuva, jará,
    jaraiuba, jaraiuva, jará-açu e jaraí-uva
  • Família: palmáceas
  • Origem: Brasil, na região Amazônica
  • Características: palmeira com caule ou
    estipe reto e recoberto por um reticulado
  • Porte: até 8 m de altura
  • Inflorescências: ramificadas, são
    compostas por pequenas flores marrons
  •  Folhas: pinadas, com até 2 m
  • Frutos: vermelho-acastanhados, ovais e
    achatados com cerca de 2,5 cm
  • Adubação: de três a cinco meses após o
    plantio com 300 g de cloreto de potássio
    e 600 g de torta de mamona
  • Luz: sol pleno em locais úmidos ou meia
    sombra em lugares secos
  • Solo: arenoso e rico em matéria orgânica
  • Clima: quente e úmido
  • Regas: em locais drenados, todo dia até
    o quinto mês. Depois três vezes por
    semana
  •  Propagação: por sementes
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