Conheça algumas espécies que, além de agradar aos olhos, conquistam as pessoas pelo aroma

Texto Marina Gabai | Fotos Valerio Romahn

Suave, intenso, cítrico, adocicado, exalado durante o dia ou apenas quando a noite cai. Cada perfume de flor tem características próprias. Uns conquistam quem passa pelo jardim antes mesmo que tenha a chance de descobrir de onde ele vem. Outros são avassaladores: tomam conta de todos os espaços sem cerimônia.

Quem se importa com a explicação dos botânicos de que os aromas são apenas mais um mecanismo que as plantas desenvolveram para atrair polinizadores? Para os que cultivam espécies perfumadas, o que vale mesmo são as sensações que eles provocam – inclusive aquela de que a planta, feliz com os cuidados que recebe todos os dias, decidiu se perfumar só para agradar.

Independentemente da espécie e do tipo de flor, a origem do perfume é sempre a mesma: glândulas presentes nas pétalas ou nas sépalas, onde são produzidos óleos essenciais ou voláteis que evaporam rapidamente.

O rol das plantas campeãs de perfumes é extenso, e o manacá-de-cheiro (Brunfelsia uniflora) (1), que é nativo da Mata Atlântica, tem lugar cativo na lista. O aroma de suas flores roxas e brancas é tão marcante que até mesmo o nome popular da espécie faz referência a ele.

Outra cheirosa que é figurinha carimbada no grupo é a gardênia (Gardenia jasminoides) (2). Com flores brancas que podem ser simples ou dobradas, grandes ou pequenas, o arbusto tem perfume intenso e, justamente por isso, costuma ser plantado em áreas de passagem e perto de portas e janelas.

Com cheiro delicioso, o manacá-de-cheiro e a gardênia estão entre as espécies perfumadas mais usadas nos jardins brasileiros

De tão bela e perfumada, a budleia (Buddleja davidii) (3) chegou a ser a planta mais cultivada na Inglaterra. Não há quem resista ao cheirinho de mel exalado por suas florzinhas lilases, arroxeadas, róseas ou brancas, que se agrupam em pequenas espigas nas pontas dos ramos. Porém, como a espécie nativa da China se alastra facilmente por áreas de mata nativa, tomando lugar de outras espécies, acabou entrando para a lista de plantas que ameaçam a biodiversidade do país – mas seu cultivo continua permitido.

A floração duradoura, que começa em meados da primavera e se estende até o final do outono, faz da budleia uma ótima pedida para quem quer canteiros perfumados durante boa parte do ano em regiões de clima ameno.

A budleia encanta pelo colorido e pelo perfume de suas flores agrupadas
em uma espiga

PEQUENAS NO TAMANHO, GIGANTES NO AROMA

O álisso (Lobularia maritima) (4) é uma daquelas plantas que, diante da falta de tamanho de suas flores, apostam todas suas fichas no aroma. Quem se depara com a herbácea nativa do Mediterrâneo em um vaso, canteiro ou entre os degraus de uma escada no jardim, pode até não dar muita bola para os pontinhos brancos, roxos ou rosa que despontam durante todo o ano, dependendo apenas da época do plantio. Já o cheirinho doce como mel que eles exalam, esse não tem como passar despercebido.

Com apenas 5 cm de diâmetro cada, as flores do álisso deixam o jardim com cheirinho de mel

A planta-chocolate (Heliotropium arborescens) (5) segue a linha. Com cerca de 1 m de altura, a herbácea tem flores roxas bem pequenininhas que entre a primavera e o verão deixam o jardim com cheirinho de chocolate. Também vai muito bem em vasos a sol pleno.

Nas florzinhas da planta-chocolate, as pétalas roxas e o perfume que lembra o do doce formam um combo irresistível

AROMA DENTRO E FORA DE CASA

Além de fazerem sucesso no jardim, algumas das flores mais perfumadas da Natureza são ótimas opções também como flor de corte. Que o diga a angélica (Polianthes tuberosa) (6), uma herbácea muito usada na decoração de ambientes e em casamentos, por ser associada à pureza.

O aroma suave faz dela uma planta muito agradável de se ter por perto, seja dentro de casa ou na área externa. No jardim, a espécie, que atinge de 60 cm e 80 cm, pode bordar caminhos, formar maciços ou até crescer em vasos.

Belas e perfumadas, as flores da angélica são sucesso no jardim e também nos arranjos florais usados na decoração

PERFUME QUE VEM DE CIMA

Ao sentir um perfume agradável durante um passeio pelo jardim, é natural sair vasculhando canteiros e vasos no chão em busca da fonte do aroma. Às vezes, no entanto, é necessário olhar para o alto para encontrar, debruçados em arquinhos, pórticos e caramanchões, trepadeiras como o jasmim-dos-poetas (Jasminum polyanthum) (7) e arbustos escandentes como a dama-da-noite (Cestrum nocturnum) (8).

Nativo da Ásia, o jasmim-dos-poetas floresce no inverno. Seus ramos avermelhados são tomados por pequenas flores de cinco pétalas rosadas por fora e brancas por dentro, com um perfume pra lá de agradável.

Encobrir um caramanchão com o jasmim-dos-poetas é o jeito mais fácil de perfumar um ambiente de estar no jardim

Na dama-da-noite, o aroma das flores brancas e tubulares chega a inebriar de tão intenso que é. Como ele fica ainda mais forte à noite, o cultivo da espécie é vetado em áreas próximas às janelas dos quartos, sob o risco de não deixar ninguém dormir – é melhor escolher uma área mais afastada do jardim.

Sabe como é, com aromas intensos ou cítricos, o que não falta às plantas perfumadas é personalidade. E todas se sentem no direito de reivindicar para si o título de a campeã de perfume.

Quando a noite cai, o aroma da dama-da-noite fica tão inebriante que o cultivo da espécie não é indicado próximo às janelas dos quartos

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