Mesmo repleto de variadas espécies floridas, o paisagismo é harmonioso e convidativo

— Por Gabi Bastos | Fotos Valerio Romahn | Projeto Cecília Berlinck

Esse tipo de paisagismo, com muita mistura de espécies, é comum na Inglaterra, onde as pessoas têm o hábito de colecionar plantas. O resultado costuma ser interessante, desde que alguns pontos sejam observados para manter a harmonia visual. Os canteiros de entrada dessa casa no Brasil foram montados com muita diversidade, resultando em um jardim bastante colorido. “O segredo é planejar canteiros como se fossem ramalhetes de flores do campo e não simplesmente combinar plantas pela cor da florada”, explica a paisagista Cecília Berlink.

Entre trepadeiras, arbustos e herbáceas, essa parte do jardim conta com mais de 20 espécies. A seleção foi feita pela paisagista e pela dona da casa, uma apaixonada por Natureza. Para tanto, as duas levaram em consideração as exigências de cultivo e época de floração das espécies. O cuidado garantiu flores o ano todo e plantas saudáveis. Afinal, uma planta que gosta de solo seco não pode ficar ao lado de outra exigente em água e vice-versa.

Quem chega à casa se depara com um jardim com mais de 20 espécies de plantas, de herbáceas a arbustos

DISTRIBUIÇÃO ESSENCIAL

Para permitir serem observadas de uma só vez, todas as espécies foram plantadas de acordo com seu porte adulto. As mais altas compõem o pano de fundo, as mais baixas bordam os canteiros e as de médio porte ficam no meio. Outro cuidado foi não plantar floríferas da mesma cor próximas umas das outras. “Isso faria com que o espaço parecesse uma produção, não um jardim”, explica Cecilia Berlinck.

Na parte central do canteiro, por exemplo, existe um manacá-de-cheiro (Brunfelsia uniflora) (1), que atinge até 3 m de altura e apresenta flores azuis-violeta que se tornam brancas com o passar dos dias. Abaixo dele, destaca-se a florada alaranjada da marianinha (Streptosolen jamesonii) (2), arbusto de até 2 m. Na frente, as flores roxas da sálvia (Salvia farinacea) (3) se misturam com as brancas da boa-noite (Catharanthus roseus ‘Alba’) (4). Ambas atingem cerca de 40 cm.

Entre outras espécies que compõem o paisagismo, a lavanda (Lavandula dentata) (5) garante um ambiente perfumado. “É uma excelente opção para aromatizar o jardim, pois floresce praticamente o ano inteiro”, conta a profissional. Existem várias espécies de lavanda, a maioria é nativa da Europa e típica de clima temperado e subtropical. A Lavandula dentata é a única resistente ao clima tropical, desde que a temperatura no inverno baixe um pouco.

COLEÇÃO DE ROSAS

A proprietária da casa é apaixonada por rosas. Basta uma olhada nesses canteiros para notar uma mini-rosa (Rosa x chinensis) vermelha aqui, outra com flores mais claras ali… Mas a que mais se destaca é a champanhe (6), cultivada ao lado da angelônia (Angelonia angustifolia) (7). Arbusto de, no máximo, 50 cm de altura, a mini-rosa floresce quase o ano todo e pode ser encontrada com flores em diversas tonalidades de branco, vermelho, rosa e amarelo. Algumas são até bicolores.

No Brasil, desenvolve-se melhor em regiões de clima subtropical. Já a angelônia é uma herbácea de até 60 cm e inflorescências espigadas com flores que variam do lilás claro ao escuro. Quando sua florada acaba, a planta seca e fica feia. Para resolver o problema, faça uma poda drástica após o fim de cada floração. Também capriche no adubo: aplique NPK 4-14-8 mensalmente e húmus a cada meses.

FLORES CURIOSAS SURPREENDEM

Cultivar espécies curiosas ou pouco conhecidas é uma criativa maneira de atrair olhares para os canteiros. É o caso das duas plantas da família das acantáceas cultivadas nesse espaço. Elas apresentam inflorescências espigadas e pequeninas flores que se abrem aos poucos durante três ou quatro meses. A crossandra-salmão (Crossandra infundibuliformis) (8) atinge até 90 cm de altura, apresenta folhagem delicada e, como diz seu nome, flores salmão durante a primavera e o verão. “É difícil encontrar esse tipo de crossandra nos jardins. É mais comum ver a Crossandra infundibuliformis ‘Lutea’, de flores amarelas”, explica Cecília.

Já o camarão-azul (Eranthemum pulchellum) (9) é muito ornamental, mas ao longo dos anos deixou de ser utilizado no paisagismo. Uma pena, porque, além de apresentar bela florada durante o inverno e a primavera, suas folhas verde-escuras apresentam bordas serrilhadas e sulcos bem marcados. Ambas espécies são nativas da Índia e típicas de clima tropical.

[wpcs id=9559]