Variedade é palavra de ordem neste jardim na Serra Gaúcha, seja nas cores, nas texturas ou nos materiais utilizados

– Por Laura Neaime | Fotos Valerio Romahn | Projeto Toni Backes

A mistura equilibrada entre espécies anuais e perenes, flores e folhagens, imprimiu ao jardim em Canela, RS, um visual natural, com cores e texturas na medida certa. Conhecido por criar ambientes de aspecto natural, o paisagista Toni Backes compôs canteiros orgânicos onde crescem espécies com características e época de floração distintas para manter o espaço vistoso o ano todo.

Um exemplo da mescla criada pelo profissional é o canteiro assimétrico que conduz à entrada principal da residência: a anual boca-de-leão (Antirrhinum majus ‘Dwarf Group’) (1) chama a atenção com suas flores de tons vibrantes, enquanto a azaleia-roxa (Rhododendron ‘Little John’ – Southern Indica Hybrid Group) (2) contrasta com as folhas acinzentadas do têucrio (Teucrium fruticans) (3) e compõe um paisagismo original.

Nos canteiros de linhas orgânicas, espécies diversas cuidadosamente combinadas dão origem a um paisagismo de aparência natural

PITADAS DE COR

O caminho na entrada da casa foi feito com pedras basalto retiradas do terreno durante a construção do imóvel. Elas foram fatiadas em lajotas e distribuídas para formar as pisadas, entremeadas por grama-são-carlos (Axonopus compressus) (4). Backes também distribuiu algumas pedras brutas junto aos canteiros. “Elas dão a sensação de que o caminho invade o canteiro e aumentam a integração dos elementos”, explica o paisagista.

Embora o jardim seja predominantemente verde, as floríferas cultivadas nos canteiros salpicam cor no cenário e garantem o dinamismo da composição. Um exemplo é a combinação de estrelinha-gorda (Sedum acre) (5) e aspargo-pluma (Asparagus densiflorus ‘Myersii’) (6). Enquanto a primeira espécie tem pequenas flores amarelas, a outra se destaca pela textura de suas folhas mais escuras.

Outras plantas que contribuem para o colorido são a santolina (Santolina chamaecyparissus) (7), que mistura cinza com amarelo, e o alisso (Lobularia maritima) (8), que passa o verão pintado de branco.

As plantas que compõem o caminho foram distribuídas em camadas: junto ao percurso encontram-se estrelinha-gorda, aspargopluma e alisso. Mais altas, a azaleia-roxa (2) e o têucrio (3) servem de pano de fundo.

Pequenas e delicadas, as flores salpicam cor nos canteiros predominantemente verdes

PROJETO DA NATUREZA

Na parte de trás do terreno, os bancos de madeira formam um agradável ambiente de estar em meio às plantas. Para seguir a linha natural, que valoriza o reaproveitamento de materiais, eles foram confeccionados a partir de araucárias (Araucaria angustifolia) que estavam no terreno e tiveram de ser removidas para a construção da casa. Os troncos de algumas dessas árvores também foram transformados em bolachas para compor o caminho sinuoso que corta o jardim.

O aconchego da sala de estar ao ar livre é garantido por floríferas como o agapanto (Agapanthus africanus) (9) e a hortênsia (Hydrangea macrophylla) (10) que, por ser típica de clima temperado, desenvolve-se especialmente bem na Serra Gaúcha. Ela foi plantada em um canteiro atrás de um dos bancos para enfeitar o ambiente e amenizar a incidência do vento.

O pinheiro-bravo (Podocarpus lambertii) (11), que já estava no terreno, transformou-se em ponto de destaque no jardim. Acompanhando o desenho de sua copa, Toni Backes criou um canteiro onde crescem espécies como a íris (Iris germanica ‘Variegata’) (12).

O banco cercado por floríferas foi criado a partir de toras de madeira retiradas do terreno para a construção da casa

O canteiro orgânico onde crescem íris e agapantos acompanha a projeção da copa do pinheiro-bravo

LIGAÇÃO ORNAMENTAL

O acesso que liga a frente da casa à porção posterior do terreno é marcado por canteiros recheados de texturas e cores. Logo no início do caminho, a primavera (Bougainvillea spectabilis) (13) cultivada na varanda se debruça sobre a mureta, ornamentando tanto o ambiente de estar quanto o corredor.

O mesmo acontece com a esponjinha (Calliandra brevipes) (14) e a bela-emília (Plumbago auriculata) (15), espécies de florada intensa que dura quase todo o ano. Ao longo da parede do imóvel, crescem plantas de médio e grande porte com folhagem robusta. Toni Backes explica que a medida visa integrar a estrutura ao jardim. No outro extremo, junto ao portão de ferro, cabe à vistosa árvore-batata-azul-variegada (Solanum rantonnetii ‘Variegata’) (16) a missão de colorir o espaço.

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