Espécies de atributos marcantes e diferentes espaços  de integração com a Natureza dão o tom do paisagismo neste jardim serrano

Texto Ana Luísa Vieira | Fotos Valério Romahn | Produção Aida Lima | Projeto José Francisco Benetti

Variedade foi a palavra de ordem para a criação deste jardim de mais de 800 m² situado na Serra Gaúcha: o paisagismo no espaço une plantas com texturas, tons e portes contrastantes a estruturas diversas para observação da paisagem e contato com a Natureza.
As espécies incluem coníferas, gramíneas, folhagens coloridas, uma trepadeira vistosa e até algumas aquáticas. O principal critério para a escolha dos exemplares foi a baixa manutenção: “A maior parte é perene e se adapta bem ao clima da região”, explica José Francisco Benetti, responsável pelo projeto.
Como a propriedade se situa sobre uma área levemente inclinada, o paisagista optou por dispor as plantas em canteiros de formato orgânico. “Dessa forma, as composições entram em sintonia com a sinuosidade do terreno”, explica ele.

CONÍFERAS EM EVIDÊNCIA

Na porção do jardim que acompanha a fachada da casa, as coníferas desempenham papel de destaque: “Elas proporcionam efeito imediato no paisagismo e apreciam clima frio”, explica José Francisco Benetti. Em um dos canteiros, a protagonista é a tuia-maçã (Thuja occidentalis) (1), cujo verde-escuro contrasta com as folhas rubras da azaleia-roxa (Rhododendron ‘Little John’ – Southern Indica Group) (2).

De ramagem verde-escura, a tuia-maçã cria um interessante contraste com as folhas rubras da azaleia-roxa

Já no espaço retratado na foto do alto, na página ao lado, chama atenção o visual prostrado do junípero-chinês-áureo (Juniperus x pfitzeriana ‘Pfitzeriana Aurea’) (3), que foi forrado por minicálamo-dourado (Acorus gramineus ‘Ogon’) (4), planta que, embora seja aquática, se adapta facilmente ao cultivo no solo do jardim. “O amarelo-ouro de suas folhas sobressai em espaços como esse, onde as floríferas quase não aparecem”, pondera Benetti.

Os ramos do junípero-chinês-áureo crescem na horizontal, o que imprime um formato peculiar à planta. Aqui, a conífera foi combinada com a forração de minicálamo-dourado

Uma das poucas exceções floridas do projeto é a russélia (Russelia equisetiformis) (5), que borda o caminho lateral da residência. Suas flores vermelho-sangue quebram o verde predominante no jardim durante quase o ano todo, mas com maior intensidade na primavera.

As folhas amarelas do minicálamo-dourado (acima) e as flores vermelhas da russélia (à esquerda) ajudam a quebrar o verde predominante no jardim

 

LAGUINHO BEM NATURAL

Ponte em estilo japonês, caramanchão e plantas típicas de áreas úmidas cercam o laguinho situado no patamar intermediário do jardim

Centro das atenções no patamar intermediário do jardim, o laguinho de 30 m² é cercado por espécies como íris-amarelo (Iris pseudacorus) (6) e copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica) (7), que apreciam locais brejosos e florescem durante a primavera e o verão: “Elas foram agrupadas de maneira despojada para que a composição ganhasse aparência natural”, pondera Benetti.

Coberto pela folhagem densa da glicínia, o caramanchão ajuda a compor uma saleta de estar ao ar livre. O revestimento de placas drenantes permite que os visitantes circulem pelo espaço com segurança

Perto da água, é possível curtir a Natureza na área de descanso formada sob o pergolado de madeira grápia. A estrutura foi coberta por uma glicínia (Wisteria floribunda) (8), cuja folhagem densa torna o cantinho ainda mais aconchegante. Para forrar o piso foram usadas placas drenantes de basalto, que auxiliam na delimitação do espaço e permitem que os visitantes circulem por ali com mais segurança.

As floríferas íris-amarelo e copo-de-leite dão vida a canteiros despojados à beira do laguinho

Sobre o curso d’água que se forma na parte alta do terreno e termina no lago, uma ponte em estilo japonês confeccionada com a mesma madeira do caramanchão encurta o caminho até a parte mais baixa do jardim. Por ser levemente arqueada, a estrutura ainda oferece um ponto de vista privilegiado para a observação da paisagem.

Com flores de cor amarelo-brilhante, a íris colore o jardim durante a primavera e o verão. Suas folhas laminares, que chegam a até 1,3 m de altura, também são bastante ornamentais

HORTA COM DORMENTES

Quem atravessa a ponte de madeira que corta o córrego artificial dá de cara com a horta que abastece as saladas da família. Ali, as hortaliças são cultivadas em jardineiras elevadas, confeccionadas com dormentes. A altura das peças, de aproximadamente 90 cm, facilita a colheita das verduras – ao mesmo tempo em que impede que cachorros e animais silvestres se aproximem das plantas.

No espaço da horta, o chão coberto com pedriscos de granito rosa se harmoniza com a rusticidade das jardineiras. O gramado ao redor, por sua vez, foi ornamentado com canteiros mistos, com direito a repeteco dos íris-amarelos (9) e copos-de-leite (10) usados à beira do laguinho. Destaque para o contraste formado pelo visual esbranquiçado da dianela (Dianella tasmanica ‘Variegata’) (11) com as flores amarelas da estrelinha-gorda (Sedum acre) (12).

Construída com dormentes, a horta elevada torna a colheita mais confortável e dificulta a invasão de animais. Perto dela, canteiros mistos dão conta do paisagismo

 

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