Admiradas por seu aspecto ornamental, as flores também contribuem para a boa aparência das pessoas ao emprestar suas melhores propriedades à indústria cosmética

— Por Laura Neaime 

Em nome da vaidade, o uso de pétalas, de sementes e de outras estruturas tomou conta da indústria farmacêutica. Cada planta possui propriedades específicas e está presente em cosméticos para os mais variados fins. Algumas espécies têm função clareadora, enquanto outras ajudam a relaxar ou combater inflamações.

A lavanda (Lavandula angustifolia) é um bom exemplo. Embora seja conhecida principalmente pela fragrância fácil de extrair – basta espremer com as mãos as sementes depositadas nas hastes florais para obter uma boa porção desse perfume natural –, ela também tem a capacidade de acalmar e proporcionar sensação de bem-estar quando utilizada em cosméticos.

Os cosméticos à base de lavanda, além de exalarem o aroma típico da planta, também têm propriedades desestressantes

As rosas não fornecem sua essência tão facilmente. Para obter um litro de seu óleo são necessários cerca de 300 kg das belas pétalas. As propriedades presentes no sumo, no entanto, fazem valer a pena o esforço: ele ajuda na repigmentação da pele – em casos de manchas mais claras que o tom natural –, no clareamento e até na cicatrização. De tão almejado, seu óleo essencial – assim como os de outras flores – acabou sendo recriado artificialmente em laboratório para aumentar sua produtividade em escala industrial.

São necessárias muitas rosas para produzir uma pequena quantidade de óleo, mas as propriedades do líquido fazem valer a pena o esforço

TRANQUILIDADE PARA A PELE E PARA A MENTE

 

A calêndula costuma ser associada com a camomila em produtos para peles sensíveis ou inflamadas

A primeira é indicada para acalmar alergias e diminuir vermelhidões, além de ter a capacidade clareadora – não apenas da pele, mas também do cabelo. Segundo a
dermatologista Erica de Oliveira Monteiro, da Unifesp, algumas variedades de camomila podem ajudar até mesmo no combate às rugas.

A calêndula, que é companhia constante da camomila nos cosméticos, é muito apreciada por quem tem pele sensível, devido a seu poder anti-inflamatório. Também é indicada para pós-tratamentos dermatológicos, como peelings e esfoliações.

São as favas que surgem da baunilha que fornecem o seu extrato adocicado

SABOR QUE EMBELEZA

Algumas espécies são usadas nos cosméticos apenas por seu perfume. “Como os ingredientes com maior poder hidratante geralmente não têm aroma agradável ou são desprovidos de cheiro, é essencial incluir na composição alguns elementos que se destaquem pela fragrância para tornar o produto atraente”, explica Erica.

A baunilha (Vanilla planifolia) – que é uma belíssima orquídea – cumpre muito bem esse papel. Apesar de ser mais comumente adotada na culinária, a espécie apresenta um perfume adocicado muito usado em cremes e outros cosméticos. Se no paisagismo são as flores da planta que chamam atenção, no quesito cuidados com a pele são as vagens que surgem das flores que têm valor. Depois de secas, elas devem ser pressionadas para liberarem o precioso extrato aromático.

Outro velho conhecido das gôndolas do supermercado, mas que também marca presença nas perfumarias, é o alcaçuz (Glycyrrhiza glabra). Esta herbácea de até 1 m de altura e com inflorescências que vão do azul-claro até tons de púrpura esconde embaixo da terra seus tesouros. O xarope utilizado tanto na produção de doces quanto na indústria cosmética é extraído da raiz da planta. O líquido adocicado ajuda a clarear manchas na pele e costuma ser associado a outros ingredientes, como amora, pepino e uva.

O xarope clareador à base de alcaçuz é extraído das raízes da planta

FORMOSURAS DO PACÍFICO

Também utilizadas na produção de chás, as flores do hibisco podem acalmar irritações na pele

As plantas asiáticas estão muito bem representadas por espécies de floradas não apenas funcionais, mas para lá de ornamentais. Os usos do hibisco (Hibiscus rosa-sinensis) (1) – nativo da Ásia tropical – se assemelham aos da camomila, pois ele também tem o poder de acalmar inflamações.

Já a flor de laranjeira (Citrus sinensis) (2) integra o time das anti-inflamatórias e, quando utilizada em cremes e pomadas, diminui a vermelhidão da pele. As delicadas pétalas dessa árvore proveniente do sul da Ásia ainda produzem uma essência de aroma inebriante.

O perfume também é o aspecto que coloca a cerejeira (Prunus serrulata) (3) na rota das flores da beleza. Seu aroma suave e fresco está presente em produtos para a pele, lábios e cabelo. O fato de, na cultura japonesa, a flor de cerejeira ser tradicionalmente associada ao belo reforça ainda mais o uso da espécie na formulação de produtos cosméticos.

Os pontos em comum entre laranjeira e cerejeira vão muito além dos deliciosos frutos: as flores das duas espécies são perfumadíssimas e tradicionalmente associadas à beleza

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