A dália atende a todos os públicos: dos que buscam floradas exuberantes aos que preferem a discrição

– Por Laura Neaime | Fotos Valerio Romahn

Campeã no quesito beleza, a dália (Dahlia hybrid) é capaz de agradar a qualquer apaixonado por plantas, seja em canteiros no jardim ou na forma de arranjos usados para decorar ambientes internos. Com mais de 50 mil variedades catalogadas no Royal Botanical Gardens, de Kew Gardens, na Inglaterra, ela tem flores de tamanhos, formatos e cores diversas, criadas a partir da hibridação de diversas espécies, principalmente a D. coccinea e a D. Jarezii.

Enquanto alguns cultivares exibem pompons minúsculos de apenas 4 cm de diâmetro para conquistar os apaixonados por flores delicadas,  outras dão um escândalo com suas rosetas vistosas,  de mais de 20 cm. Grandes ou pequenas, discretas  ou chamativas, todas elas despontam na mesma estação: o verão.

A diversidade de formatos das flores das dálias é tão ampla que foi preciso criar nove grupos para classificá-las – e ainda assim algumas variedades ficaram de fora, por não se encaixarem em nenhum deles. As combinações de cores encontradas nas pétalas também são incontáveis, e o porte da herbácea varia entre 25 cm e 2,4 m.  Some a esses atributos o fato de a espécie ser fácil de cultivar – suas raízes tuberosas capazes de armazenar água dispensam regas frequentes – e de reproduzir – é só replantar os brotos que nascem colados às raízes – e está pronta a receita que garante o sucesso da dália mundo afora.

TALENTOS NO CANTEIRO

Com tantas variedades à disposição, dá para compor um canteiro inteiro usando apenas dálias sem correr o risco de cair na monotonia. O segredo para dar dinamismo à composição é mesclar exemplares que tenham não apenas flores, mas também portes diferenciados, e deixar 1 m de espaço entre os tubérculos. A espécie também  pode ser empregada em renques, bordaduras e formar maciços.

Desenvolvidas por hibridação, as flores das dálias são bem diferentes uma das outras no formato, tamanho e coloração

Porém, como a dália desaparece do jardim no outono e no inverno – ela entra em repouso vegetativo e perde toda a parte aérea –, é melhor combiná-la com outras plantas, para não correr  o risco de ver o canteiro vazio. Passado o período de dormência, a espécie, que é perene, rebrota espontaneamente no início da primavera.  Em regiões de clima ameno, como o subtropical de altitude, não é necessário desenterrar os tubérculos das dálias no período de dormência. Já em locais mais frios, de clima temperado quente e temperado, eles devem ser removidos dos canteiros nos meses mais frios e conservados em uma caixa livre de umidade até a primavera seguinte, quando podem ser replantados.

Esta dália, cuja inflorescência mede 7 cm de diâmetro, lembra um pompom

ESCOLHA SUA DÁLIA

A divisão das dálias em nove categorias com base no formato das inflorescências foi feita pela The American Dahlia Society (Associação Americana de Dálias, em português). Para enquadrar uma variedade em determinado grupo, são analisados fatores como a quantidade de pétalas – que deixam o miolo da “flor” mais ou menos aparente –, o formato e o modo como elas estão distribuídas.

Na primavera, as dálias saem do repouso vegetativo e, no verão, ornamentam os jardins com sua bela florada

O grupo das dálias-cacto, por exemplo, reúne as variedades cujas pétalas são longas e finas, similares a tubos pontiagudos, e o miolo é reduzido. A dália ‘Show ‘N’ Tell’ (1), com flores de 15 cm de diâmetro, vermelhas e com as extremidades amarelas, é uma de suas representantes. As inflorescências das dálias semi-cactos são muito parecidas com as das do grupo cacto: diferenciam-se apenas por contar com pétalas ligeiramente mais largas e levemente retorcidas. Um exemplo é a Amy-K (2), cujas flores gigantes medem cerca de 19 cm. Assim como a ‘Show ‘N’ Tell’, a ‘Amy-K’ atinge 1,5 m de altura.

Outro grupo de dálias muito popular é o pompom, cujas inflorescências são pequenas e mais discretas. As pétalas curtas se dispõem formando uma taça, como na dália ‘Lismore Moonlight’ (3), de 8 cm de diâmetro. O porte da dália-pompom também é menor que o de outros grupos: 1 m de altura.

VISITANTES DA NATUREZA

As dálias são muito atraentes para insetos de diferentes espécies que podem ajudar na polinização ou se alimentar da planta. Veja quais são os bichinhos mais comuns e aprenda a diferenciar os que são bem-vindos e os que devem ser combatidos.

Carregadores de pólen
As mamangavas (A) e abelhas (B) só fazem bem ao jardim. Elas vão até as flores em busca de néctar e ajudam a polinizar a espécie.

Ajudantes que ameaçam
Os besouros (C) e as borboletas (D) são, ao mesmo tempo, pragas e polinizadores. Isso porque, em sua fase larval – quando ainda são brocas e lagartas (E) –, eles se alimentam do botão floral para se desenvolverem. já na fase adulta ajudam a disseminar o pólen e contribuem na reprodução da dália.


DÁLIA EM DETALHES

• Nome científico: Dahlia hybrid
• Nome popular: dália
• Família: asteráceas
• Origem: México
• Características: herbácea perene e florífera, com raízes tuberosas. Existem mais de 50 mil variedades da espécie, cujo porte pode variar de 25 cm a 2,4 m  de altura
• Folhas: são verdes- escuras e lanceloadas. Desaparecem do jardim no inverno, época em  que a planta entra  em dormência
• Flores: surgem no final da primavera e no verão. As  flores férteis são tubulares, pequenas e amarelas, e se desenvolvem no miolo de uma estrutura chamada tecnicamente de capítulo. Ao redor dessa estrutura se formam flores estéreis, denominadas radiais, cujo formato, cor e tamanho mudam de uma variedade de dália para outra –  as menores medem 4 cm de diâmetro e as maiores passam dos 20 cm. Essa flor estéril é a responsável pela beleza da espécie e, com base na quantidade, formato e distribuição  de suas pétalas, as dálias são classificadas em  nove grupos
• Solo: arenoso e acrescido de matéria orgânica
• Luz: sol pleno
• Clima: nativa de clima subtropical, a dália tolera o calor tropical de altitude
• Regas: apenas quando o solo estiver seco
• Podas: são recomendadas apenas no inverno, caso a folhagem não pereça
• Plantio: abra berços de 50 cm x 50 cm e forre-os com uma mistura de partes iguais de terra retirada do local, esterco bem curtido e areia. A 10 cm de profundidade, posicione até três tubérculos –  subtreles devem medir de 3 cm a 5 cm – e preencha o restante do berço com substrato. Regue logo após o plantio e depois molhe a muda com pouca água em dias alternados, até que as raízes se fixem
• Reprodução: por estaquia, sementes ou divisão dos tubérculos. Nesse último caso, basta desenterrar as raízes tuberosas no inverno e, com uma faca afiada, separar as novas brotações. O plantio dos tubérculos deve acontecer na primavera

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