Linhas curvas, plantas tropicais e materiais rústicos deram o tom do paisagismo neste jardim em patamares

Texto Ana Luísa Vieira | Fotos Valério Romahn | Projeto Roberto Rolli Junior

Linhas orgânicas e espécies tropicais dão o tom do paisagismo do jardim de 4.200 m²

A informalidade foi o ponto de partida para a criação deste jardim em uma propriedade de 4.200 m² em Atibaia, no interior de São Paulo. “Como o terreno em desnível contava com três patamares já estabelecidos em obras anteriores, a solução foi integrar os ambientes com linhas orgânicas e espécies tropicais”, conta o paisagista Roberto Rolli Junior, responsável pelo projeto.
As plantas dividem espaço com estruturas e materiais rústicos que contribuem para o espojamento do visual sem comprometer a comodidade de quem circula pelo jardim – que, aliás, conta com atrações para todos os gostos. Há áreas para lazer, convívio entre os visitantes, relaxamento e até espaços preservados de mata nativa.

TROPICALIDADE NAS ALTURAS 

O platô situado na porção mais alta da propriedade abrange a casa e uma sala de estar ao ar livre cercada por plantas tropicais. Ali, dois bancos de madeira foram rodeados por canteiros de linhas curvas onde crescem agapantos (Agapanthus africanus) (1), estrelítzias (Strelitzia reginae) (2) e cicas (Cycas revoluta) (3). “As espécies foram escolhidas segundo critérios de rusticidade e sazonalidade: enquanto a estrelítzia floresce praticamente o ano todo, o agapanto tem o ápice de sua floração em meados da primavera, que é quando o jardim é mais visitado”, comenta Roberto Rolli.

Assentadas diretamente sobre o solo, as pisadas de pedra-santa-fé formam um mosaico que se estende pelo platô

No chão, pisadas de pedra-santa-fé assentadas diretamente sobre o solo formam uma espécie de mosaico que se estende por todo o espaço. Por ser pouco porosa, a rocha resiste às intempéries e quase não esquenta com a luz do sol, eliminando qualquer possibilidade de desconforto para quem circula descalço pelo ambiente.

Cicas, agapantos e estrelítzias cercam a sala de estar ao ar livre no patamar mais alto da propriedade

Quem quiser esticar o passeio pela área externa pode se dirigir à rampa de cimento que atravessa a propriedade de cima a baixo. A porção inicial do caminho foi delimitada por uma cerca de dormentes acomodados em meio aos agapantos (1).

Entre maciços de agapantos, a cerca de dormentes delimita a rampa que leva aos outros patamares do jardim

ÁREA DE LAZER 

O patamar intermediário do terreno concentra as atrações de lazer da área externa: é lá que ficam a piscina, a ducha e o solário. A piscina de formato orgânico e 45 m² foi revestida com azulejos azuis. Já o piso em seu entorno recebeu pedra-são-tomé – material antiderrapante que evita acidentes.

De um lado da estrutura ficam as espreguiçadeiras, de onde é possível tomar sol ou simplesmente descansar sob a sombra do ombrelone; do outro, o deque de ipê com linhas sinuosas serve como espaço para banhos de ducha. A originalidade da composição fica por conta do chuveiro: a peça é embutida a uma viga de eucalipto presa ao muro de contenção que delimita o patamar mais alto
da propriedade.

Com cerca de 45 m², a piscina foi construída no patamar intermediário da propriedade. As russélias cultivadas em seu entorno suavizam o visual do talude

A escada de dormentes, cujos degraus foram ladeados por russélias (Russelia equisetiformis ‘Alba’) (4), oferece acesso ao patamar superior.

CAMINHADA NO BOSQUE

O crème de la crème para quem aprecia o contato direto com a Natureza fica no patamar inferior da propriedade – que guarda, literalmente, um pedacinho de floresta. O espaço é ocupado por um bosque que permite às pessoas caminhar entre árvores de mata nativa.

A porção mais baixa do terreno guarda um bosque com espécies da mata nativa

A segurança do trajeto é assegurada pela rampa de cimento que começa na parte mais alta do terreno e atravessa todo o bosque. No final do percurso, um gazebo estruturado com vigas de eucalipto dá vida a um cantinho perfeito para descansar em meio ao verde. “A saleta é equipada com futons e um mosaico de seixos onde é possível massagear os pés”, conta o paisagista responsável.

Em uma das laterais, a cascata em forma de cortina imprime um efeito fosco aos janelões. O burburinho suave da queda d’água contribui ainda mais para os momentos relaxantes junto à Natureza.

No gazebo, os futons proporcionam momentos de relaxamento junto à cascata em forma de cortina

 

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