Este jardim vistoso e perfumado foi criado com apenas quatro espécies de arbustos e coníferas. O segredo do sucesso está na disposição das plantas

— Por Laura Neaime | Projeto Karim Schoenknecht

A entrada desta casa em Horizontina, no interior do Paraná, é a prova de que, mesmo com poucas espécies, é possível criar um paisagismo dinâmico e surpreendente. A residência fica na parte mais alta do terreno e, para compor o jardim, a paisagista Karin Schoenknecht usou apenas quatro tipos de arbustos e coníferas, todos devidamente topiados.

Em comum, além da poda caprichada, as espécies têm o fato de serem perenes e demandarem pouca manutenção. Uma delas é a gardênia (Gardenia jasminoides) (1), cujas flores brancas e perfumadas despontam na primavera e no verão. As plantas criam uma mistura de desenhos e alturas que dá movimento ao jardim. Também chama atenção a sobreposição de tons de verde: ora vibrantes, como os da árvore-da-vida-chinesa (Thuja orientalis) (2), ora acinzentados, como os da falsa-árvore-da-vida-variegada (Thujopsis dolabrata) (3).

DISPOSIÇÃO CUIDADOSAMENTE CALCULADA

Duas espécies de coníferas – a árvore-da-vida-chinesa (2) e a falsa-árvore-da-vida-variegada (3) – fazem a ligação visual entre a rua e a casa. Elas suavizam o desnível de 4 m existente no terreno e dão acabamento à escada de tijolinhos aparentes. “A sensação que se tem ao subir pelo caminho é de que o canteiro abraça os visitantes”, explica a profissional.

As espécies foram plantadas de modo a invadir parcialmente o caminho, sem atrapalhar a passagem

Isso porque as espécies invadem o trajeto, escondendo o limite entre a mureta e o jardim. O efeito é proposital e, para que as plantas não atrapalhem a passagem nem transmitam a sensação de um jardim descuidado, a paisagista faz podas de manutenção a cada 90 dias. O corte frequente dos ramos também garante que as coníferas utilizadas no canteiro frontal não ultrapassem 1 m de altura e mantenham visível a fachada. As únicas plantas que excedem essa medida são as árvores-da-vida-chinesas (2) cultivadas à direita da casa. A gardênia (1), a única florífera plantada nos canteiros, faz o papel de forração, escondendo a base das demais espécies. Suas flores brancas iluminam e perfumam a passagem.

Além de conservar o desenho do jardim, a topiaria mantém as plantas sempre com o mesmo porte

Perfeitas para bordar caminhos, as gardênias “iluminam” o trajeto com suas flores grandes e intensamente perfumadas

ACABAMENTO IMPECÁVEL

Uma das marcas deste jardim são os canteiros densos e bem fechados. Para obter esse efeito, a paisagista plantou as mudas de árvore-da-vida-chinesa (2), falsa-árvore-da-vida-variegada (3) e gardênia (1) bem próximas umas das outras – o espaçamento máximo é de 60 cm. Essa distância, segundo a paranaense, é suficiente para que as plantas cresçam de forma saudável.

A forma como a poda é executada também interfere no resultado. A recomendação de Karin é aparar apenas os ramos mais altos e manter os inferiores intactos. Assim, a base das plantas e a terra não ficam expostas. Esse cuidado é tomado não apenas no canteiro principal, mas também nas laterais da casa, onde árvores-da-vida-chinesas (1) são bordadas por pitósporo (Pittosporum tobira ‘Variegatum’) (4). A forração de todo o talude é feita pela grama-esmeralda (Zoysia japonica) (5), que torna a área externa mais verde, garante a permeabilidade do solo e ainda ajuda a conter possíveis erosões.

Para formar canteiros bem densos, Karin planta os arbustos bem próximos uns dos outros e não poda os ramos inferiores. A medida também evita que a terra e a base das plantas fiquem aparentes

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