O oleandro-vermelho-sangue é a variedade de coloração mais intensa dessa espécie de florada exuberante

– Por Laura Neaime | Fotos Valerio Romahn

Brancas, cor-de-rosa ou vermelhosangue; com pétalas simples ou dobradas: são as flores vistosas as responsáveis pelo fascínio que a espirradeira (Nerium oleander) exerce sobre as pessoas. São tão atraentes que é impossível passarem despercebidas no jardim.

Elas surgem de setembro a março, nas pontas dos ramos do arbusto, que pode medir até 5 m de altura, e enchem de cor os espaços onde ele é cultivado. Existem, porém, variedades mais compactas da planta, que não passam de 1,20 m de altura. Uma delas é o Nerium oleander ‘Petit Salmon’, de flores levemente rosadas.

As folhas lânguidas e elegantes, em forma de lanças de até 25 cm de comprimento, são iguais em todas as espirradeiras. Porém, a intensidade do verde-claro que elas exibem varia de acordo com a oferta de matéria orgânica: quanto mais fértil o solo, mais forte é o tom das folhas. Existem também variedades da espécie com folhas variegadas.

ENCANTO FÁCIL

A versatilidade é um dos pontos fortes da espirradeira: ela pode ser cultivada formando renques, cercas vivas, maciços e até como arvoreta. O cultivar anão pode, ainda, ser usado para arrematar canteiros e bordar estruturas no jardim.

Para fazer da espécie uma arvoreta, basta cortar os ramos da base, deixando apenas o tronco principal. “Recomendo remover todos os galhos abaixo de 1,80 m de altura”, diz o produtor Edilson Giacon.

Quando cultivado para compor renques e cercas vivas, o oleandro pode ser mantido topiado. As podas, aliás, incentivam a ramificação da planta, tornando-a mais robusta. O procedimento deve ser feito anualmente, logo após o surgimento das flores, e pode ser repetido após seis meses para manter o formato do arbusto.

O segredo para não errar no corte é retirar cerca de 30 cm de cada ponteiro. Vale ressaltar que a espirradeira tende a florescer 90 dias após a poda, porém, com menor intensidade do que entre os meses de outubro e fevereiro.

Para criar grandes maciços, Edilson aconselha misturar diversas variedades da espécie. “É preciso plantar pelo menos cinco mudas de cada tonalidade para criar manchas coloridas sem deixar a composição caótica”, ele ressalta.

A espirradeira tem crescimento rápido e em três anos atinge 3 m. A rusticidade é outro ponto forte do arbusto: ele desenvolve-se bem em solos arenoargilosos, não exige muitos nutrientes e pode passar meses sem regas. “Nos dois primeiros meses após o plantio, ele deve ser molhado duas vezes por semana. Passado esse período, a água das chuvas é o suficiente para ele se desenvolver de forma saudável”, explica Giacon.

Na Ciprest Mudas e Plantas, o cultivar tradicional da espirradeira, com 80 cm altura, sai por R$ 12. Já o anão, com 40 cm, custa R$ 25.

CUIDADOS NA MEDIDA CERTA

A reputação de perigosa da espirradeira se deve ao látex que sai de suas folhas e dos ramos quando cortados. A solução leitosa contém oleandrina e neriantina, duas substâncias tóxicas e que, se ingeridas, podem causar irritação gástrica e náuseas. A fumaça liberada pela queima da espécie também é tóxica. Daí a recomendação de se tomar cuidado no manuseio do oleandro e nunca utilizar seus galhos como espetos de churrasco ou lenha.

O produtor Edilson Giacon explica que o simples contato com a espirradeira não causa prejuízos à saúde. Deve-se apenas tomar cuidado para que crianças e animais não ingiram nenhuma parte da planta. A dica para dificultar o acesso deles à espécie é bordar os canteiros onde ela é cultivada com pequenos arbustos que se adaptam às mesmas condições, caso do buxinho (Buxus sempervirens) e da minirrosa (Rosa hybrid – Miniature Group).


ESPIRRADEIRA EM DETALHES

Nome científico: Nerium oleander
Nomes populares: espirradeira, oleandro
Família: apocináceas
Origem: região do Mediterrâneo
Características: arbusto ereto, ramificado desde a base (multicaulinar). Mede até 5 m de altura e pode ser conduzido como arvoreta ou topiado. Secreta uma seiva tóxica quando ferido
Flores:verde-claras e em forma de lança, são estreitas e longas, podendo medir até 20 cm de comprimento
Folhas: delicadas, são formadas por cinco pétalas cuja cor muda de acordo com a variedade
Plantio: abra um berço de 50 cm x 50 cm e acomode a muda de modo que, além do torrão, 10 cm do caule fiquem dentro do berço. Misture 10 litros de húmus de minhoca ou esterco bem curtido à terra retirada e use o material para preencher o berço. Regue a planta abundantemente. Nos dois meses seguintes, a irrigação deve ser repetida duas vezes por semana
Adubação: a cada três meses, aplicar uma colher de sopa de torta de mamona para cada dois quilos de substrato, com cuidado para não encostar o adubo nas raízes
Frutos: vagens de 20 cm de comprimento. Dentro delas ficam as sementes cobertas por uma película branca
Luz: sol pleno
Solo: arenoargiloso e bem drenado. Quando acrescido de matéria orgânica, deixa a cor da folhagem mais intensa
Clima: típica de clima subtropical árido, a espécie adapta-se às regiões quentes e litorâneas do Brasil
Regas: são dispensáveis
Propagação: por sementes ou estaquia

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