Quando a maioria das espécies está em dormência, o manacá-da-serra-anão enfeita o jardim com suas flores que mudam de cor

Texto Marina Gabai | Fotos Valerio Romahn

As flores do manacá-da-serra-anão nascem brancas e vão ficando arroxeadas. Deixam a planta assim, multicolorida

Quem se depara com o manacá-da-serra-anão (Tibouchina mutabilis ‘Nana’) repleto de flores fica com a sensação de que ele decidiu colorir, sozinho, toda a cidade: como se não bastasse o fato de sua florada se dar entre os meses de abril e setembro, quando a maior parte das plantas entra em dormência, o arbusto ainda exibe flores de três tons em um mesmo exemplar. Com cinco ou seis pétalas cada, elas surgem nas pontas dos ramos ainda brancas e, com o passar dos dias, vão adquirindo tons de lilás, até chegar ao roxo. Como despontam sem parar e em grande quantidade durante o período de florada, o resultado é uma planta multicolorida.

Achou o visual familiar? É que a espécie é irmã do manacá-da-serra (Tibouchina mutabilis), árvore que também tem essa característica. Diferencia-se, no entanto, pelo porte bem mais compacto – o arbusto chega no máximo aos 3 m ou 4 m de altura, contra os 12 m da árvore –, e a época da florada, que no caso do manacá-da-serra vai de novembro a fevereiro.
Sua floração também é mais precoce: “Como as mudas são obtidas a partir de estacas dos ponteiros de plantas que já estão florescendo, começam a dar flores desde muito pequenas, quando ainda estão com cerca de 15 cm de altura”, explica o produtor Edilson Giacon, da Ciprest Mudas e Plantas
(www.ciprest.com.br).

IRRIGAÇÃO CONSTANTE

Um dos usos da espécie é topiado. As flores despontam desde cedo, quando a planta tem apenas 15 cm de altura

Por conta de seu crescimento compacto, o manacá-da-serra-anão é muito usado na arborização urbana, seja conduzido como arvoreta, seja formando renques e cercas vivas. Pode até ser topiado. Ele é nativo das regiões montanhosas do sudeste brasileiro, onde predomina o clima subtropical úmido, mas pode ser cultivado em praticamente todo o país – com a ressalva de que, em regiões onde o inverno é mais quente, a florada tende a ser menos exuberante.

Independentemente do local escolhido, o segredo para o sucesso no cultivo é um só: solo sempre úmido. “As regas têm que ser frequentes, mesmo depois que a planta estiver enraizada”, explica Giacon.

Para o plantio direto no solo, abra um berço de 50 cm x 50 cm x 50 cm e use como substrato a terra retirada do local acrescida de cinco litros de húmus de minhoca ou de esterco de gado curtido. “Na hora de acomodar a planta, certifique-se de deixar o torrão 2 cm acima do nível do terreno, pois se o colo da planta for enterrado, ela corre o risco de apodrecer”, aconselha Cristiano Kuhn, da Floricultura Úrsula (www.floriculturaursula.com.br). Se a ideia for formar uma cerca viva, o espaçamento entre as mudas deve ser de 2 m. O plantio em vasos, por sua vez, pode ser feito em recipientes de 30 litros com terra vegetal.

Afora isso, basta adubar a planta três vezes ao ano, nos meses de abril, setembro e dezembro, com 200 g de torta de mamona ou farinha de osso, ou 50 g de NPK 10-10-10.

Outra recomendação – essa para evitar o ataque de brocas, uma praga que ataca os ponteiros da planta e vai avançando até causar o ressecamento completo – é podar em 10 cm os ponteiros todo ano, logo após o fim da florada.

As mudas de manacá-da-serra-anão são fáceis de encontrar. Na Ciprest Mudas e Plantas, exemplares com 80 cm de altura custam R$ 18. Já na Floricultura Úrsula, mudas de 1 m saem por R$ 30.

A espécie vai bem em todo o país, mas em regiões onde o inverno é mais quente pode não ficar tão florida quanto nas áreas de clima subtropical

Manacá-da-serra-anão em detalhes

• Nome científico: Tibouchina mutabilis ‘Nana’
• Nome popular: manacá-da-serra-anão
• Família: Melastomatáceas
• Origem: planta híbrida desenvolvida a partir de espécie nativas da região
serrana do sudeste brasileiro
• Características: arbusto de até 4 m de altura. É ramificado e muito florífero
• Folhas: são ovaladas e têm nervuras bem visíveis na superfície
• Flores: compostas por cinco ou seis pétalas, medem entre 7 cm e 8 cm de diâmetro e despontam entre os meses de abril e setembro. Nascem brancas e mudam de cor com o passar dos dias – vão ficando lilases, até chegar ao roxo
• Solo: arenoargiloso, bem drenado, úmido e acrescido de matéria orgânica
• Luz: sol pleno
• Clima: subtropical úmido, tolerante ao tropical
• Regas: três vezes por semana no verão e duas vezes por semana no inverno, ou sempre que o substrato estiver seco
• Plantio: para cultivar o manacá-da-serra-anão direto no solo, abra um berço de 50 cm x 50 cm x 50 cm e preencha-o com a terra retirada do local acrescida de cinco litros de húmus de minhoca ou esterco de gado curtido. Acomode a muda cerca de 2 cm acima do nível do solo e, no caso dos renques, deixe 2 m de espaçamento entre as mudas. Para o plantio em vaso, escolha um recipiente de 30 litros, prepare uma camada drenante com pedriscos, cubra-a com manta geotêxtil, e acrescente terra vegetal
• Adubação: aplique 200 g de torta de mamona ou farinha de osso nos meses de abril, setembro e dezembro. Quem prefere o adubo químico pode usar 50 g de NPK 10-10-10
• Podas: uma vez ao ano, sempre após a florada, corte 10 cm do ponteiro para evitar o ataque de pragas
• Reprodução: por estaquia 
 

[wpcs id=9559]