Perfumadas e até venenosas, elas guardam histórias curiosas e imprimem diferentes tons na paisagem

– Texto Ana Luísa Vieira 

Elas exibem a mesma cor da maioria das folhagens, mas nem por isso são sinônimo de monotonia no jardim. Com nuances que vão do verde pálido até o mais fosforescente, as flores verdes causam impacto por sua beleza pouco comum na paisagem – especialmente se comparadas às populares vermelhas, rosa ou brancas. Uma dessas jóias raras é a flor do lúpulo (Humulus lupulus) (1) – planta de origem europeia mais conhecida por ser utilizada, juntamente com o malte, a água e a levedura, na fabricação da cerveja. Usos comerciais à parte, as inflorescências da espécie lembram pingentes em formato de pinha e exibem um bonito colorido verde-claro. Eles despontam no fim do verão em jardins de regiões subtropicais ou temperadas – onde o lúpulo também é bastante cultivado como trepadeira ornamental, cobrindo alambrados e caramanchões.

Menos inofensivas são as flores do heléboro-verde (Helleborus viridis) (2), herbácea da família dos ranúnculos que cresce de forma invasiva em solos calcáreos de países como Estados Unidos, Holanda e Alemanha. De um tom verde pistache, suas sépalas de desenho ovalado são consideradas tóxicas – assim como todas as outras partes da planta.

O seleto grupo das plantas de flores verdes inclui trepadeiras, como o lúpulo, e herbáceas, a exemplo do heléboro-verde

ASSIM COMO AS FOLHAS

As flores verdes são pigmentadas pela clorofila – que também garante a coloração esverdeada das folhas e de outros tecidos vegetais. “Por causa disso, essas flores também fazem fotossíntese, ainda que não seja sua função primordial”, explica o professor Giberto Kerbauy, do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. Quando as pétalas puxam para o verde-amarelado, a coloração é resultado da união entre a clorofila e os carotenoides – substâncias amarelas, alaranjadas ou vermelhas presentes em vegetais como mamão, laranja e milho. “Nesses casos, geralmente, a clorofila mascara a predominância dos carotenoides”, completa o especialista.

Usado na fabricação da cerveja, o lúpulo é uma das plantas que se orgulham de exibir flores verdes. A florada exuberante acontece no final do verão

CLÁSSICOS REPAGINADOS

Impressionados com a beleza rara das flores verdes, alguns produtores deram um jeito de levar o tom para espécies velhas conhecidas dos amantes da natureza. O resultado são plantas como o antúrio-elfo-verde (Anthurium andraeanum ‘Green Elf’) (1), que tem nas brácteas verde-claras o seu maior atrativo. Durante quase o ano todo, elas despontam para fazer uma dobradinha de sucesso com as folhas da planta, mais escuras e em formato de coração.

No caso do gladíolo-greenstar (Gladiolus ×gandavensis ‘Green Star’) (2) – uma variante verde-amarelada da clássica palma-de-santa-rita –, as belíssimas flores em forma de funil surgem desde a primavera até o verão. Não bastasse a coloração quase fosforescente, elas ainda se desenvolvem ao longo de hastes que crescem até 1,2 m de altura. Fica difícil não notar sua presença no jardim.

Mas imbatível mesmo é a beleza da hortênsia-limelight (Hydrangea paniculata ‘Limelight’) (3), cujas inflorescências de um tom verde pálido mais parecem buquês enfeitando os canteiros. Elas surgem entre o fim do verão e o início do outono e, com o passar do tempo, adquirem graciosas nuances rosa-claras. Diferentemente do que acontece com as outras hortênsias, a mudança de cor é influenciada pelo envelhecimento das sépalas – e não pela acidez do solo.

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