Espécies rubras seduzem à primeira vista e sempre se destacam no jardim, conferindo cor e contraste a paisagens predominantemente verdes

TEXTO HELOÍSA CESTARI | FOTOS VALERIO ROMAHN

As plantas rubras nunca passam despercebidas em um jardim. Seduzem ao primeiro olhar, despertam os sentidos e, mesmo quando relegadas a um cantinho, logo assumem papel de protagonistas, conferindo cor e contraste em meio à predominância do verde.

Tecnicamente, essa característica se deve à presença nas células vegetais de pigmentos como a antocianina e os carotenoides, que mascaram o verde da clorofila. Mas, para quem gosta de jardins, o que importa mesmo é o efeito que essas plantas provocam.

O ácer-japonês-de-folhas-finas (Acer palmatum ‘Dissectum Atropurpureum’) (1), por exemplo, é mestre em pôr fim à monotonia do verde. Sua copa densa adquire um tom roxo-avermelhado na primavera, verde-bronze no verão e vermelho no outono, antes de as folhas caírem. Com até 2,5 m de diâmetro, a espécie é muito usada em jardins rochosos.

Com um tom rubro-escuro, este cultivar de hamamélis rouba a cena no canteiro

Outro arbusto rubro que impressiona pela densidade da folhagem é o hamamélis (Loropetalum chinense var. rubrum ‘Ruby’) (2). De formato ovalado, suas folhas são cobertas por uma fina pelugem e exibem um belíssimo tom rubro-escuro. Como a espécie de até 4 m tem ramagem bem aberta, é ideal para compor renques ou grandes maciços, que ficam ainda mais bonitos entre o final do inverno e o início da primavera, época em que despontam suas flores rosa-intenso, com pétalas finas e delicadas.

Beleza rústica

Plantas que formam maciços vermelhos são perfeitas para dar contraste em projetos paisagísticos de estilo naturalista – aquele em que as espécies são dispostas de modo a dar a impressão de que brotaram ali sozinhas, sem a interferência do homem. Principalmente se apresentarem inflorescências e ar rústico, como acontece com o capim-do-Texas-rubro (Cenchrus × cupreus ‘Rubrum’) (1).

Ele resiste bem tanto a temperaturas frias quanto ao calor tropical, e suas folhas finas, longas e recurvadas são muito indicadas para compor jardins de pedra, pois demandam pouca manutenção – apenas podas periódicas para a renovação da folhagem. Mas não se deixe levar pela aparência rudimentar: durante o verão, essa gramínea ganha o delicado toque de inflorescências, que mais se assemelham a plumas, de pontas rosadas e textura suave.

Igualmente boa para compor maciços, forrações, renques e bordaduras é a iresine (Iresine herbstii) (2), mais conhecida como coração-magoado por causa do formato de suas folhas, que têm base ovalar, ponta bifurcada, aspecto acolchoado, consistência suculenta e nervuras rosadas ou vermelhas. Como os caules seguem a mesma coloração, a herbácea rouba a cena em qualquer projeto. A intensidade de seus tons rubros é quebrada apenas pelo amarelo das inúmeras florzinhas espigadas que despontam durante o verão.

A mexicana trapoeraba-roxa (Tradescantia pallida ‘Purpurea’) (3) é outra queridinha dos paisagistas, não só por causa da sua textura e tonalidade única como também por sua versatilidade. Por se adaptar sob sol pleno e à meia-sombra, ela cai bem tanto em canteiros no jardim quanto em vasos dentro de casa, desde que receba muita luz natural – nesse último caso, a folhagem adquire um tom roxo-acinzentado.

Além de decorar os ambientes com seus caules com entrenós curtos e decumbentes – que pendem com o próprio peso –, a herbácea ainda dá pequenas flores cor-de-rosa nos meses mais quentes do ano. Elas nascem na ponta dos caules, entre as últimas folhas, e conferem um colorido todo especial ao paisagismo.

Árvores dignas de cartão-postal

Se as plantas rubras já dão um show no nível do chão, o espetáculo fica ainda mais fácil de notar quando o tom avermelhado toma conta das copas das árvores. Pena que algumas espécies desse tipo sejam pouco comuns no Brasil. O ácer-japonês (Acer palmatum ‘Atropurpureum’) (1), por exemplo, é mais visto em regiões serranas, com clima subtropical de altitude. Com até 4 m de altura e uma copa grande e densa, a arvoreta pode ser cultivada no jardim ou em calçadas e impressiona com os matizes de sua folhagem, que vão do vermelho-bronze ao vinho.

A caracasana (Euphorbia cotinifolia) (2), ou leiteiro-vermelho, também não fica atrás no quesito destaque. Nativa das Américas do Sul e Central, ela tem folhas arroxeadas extremamente ornamentais e se destaca de longe com seus até 5 m de altura. Como seus ramos surgem desde a base, a espécie também pode ser conduzida como arbusto, mediante podas, e usada para formar cercas vivas pra lá de ornamentais.

Praticamente negro

Em algumas espécies, o tom rubro da folhagem é tão escuro que mais parece negro – o que também confere contraste ao paisagismo. Um exemplo é o inhame preto ou taioba (Colocasia esculenta var. aquatilis) (1), originário da Ásia Tropical, cuja coloração varia do roxo ao preto conforme o cultivar e a época do ano. Além de ser perene e ornamental, a espécie é versátil: pode ser cultivada tanto sob sol pleno quanto à meia-sombra, na terra ou em ambientes aquáticos.

Versátil como ele só, o inhame preto pode ser cultivado em canteiros e também em ambientes alagados

A grama-dragão-negro (Ophiopogon planiscapus ‘Nigrescens’) (2), por sua vez, forma tufos arqueados de grande efeito ornamental. Suas folhas longas e lineares apresentam um tom verde-escuro-acobreado, quase negro, que cai muito bem como forração, bordadura ou em canteiros que reúnem outras espécies de tons contrastantes.

Já a ajuga-negra (Ajuga reptans ‘Black Scallop’) (3), como o próprio nome sugere, tem folhas praticamente pretas e é ideal para dar contraste em canteiros mistos, mas também pode sofrer alterações que deixam a coloração mais puxada para o púrpura.

Seja qual for a escolha, uma coisa é certa: basta um toque de rubro para fazer o jardim despertar os sentidos, agraciar o olhar e, claro, arrebatar corações.

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