Folhagens, espécies esculturais e a presença maciça do verde chamam a atenção neste jardim que valoriza a arquitetura da casa

– Por Ana Luísa Vieira | Fotos André Sá | Paisagismo Alex Sá | Arquitetura David Bastos

As plantas esculturais são as estrelas desse jardim residencial em Salvador, na Bahia. Com seu porte avantajado e visual chamativo, espécies como a palmeira-azul (Bismarckia nobilis) (1), cultivada logo na entrada da propriedade, pontuam os cerca de 750 m² da área externa e se destacam de outras folhagens, usadas para compor o pano de fundo. O paisagista Alex Sá, responsável pelo projeto, explica a ideia: “Como a área coberta por grama era extensa, procuramos usar plantas e folhagens ornamentais para criar composições pontuais, mas marcantes”. Devido ao forte calor na região, as espécies escolhidas são tropicais e de baixa manutenção. Elas se integram à arquitetura contemporânea da residência e valorizam os caminhos e ambientes de estar ao ar livre.

EM TONS DE VERDE

A extensa fachada da casa foi ornamentada pela beleza de espécies predominantemente verdes. Segundo Alex Sá, foi fácil harmonizar plantas e construção: “O projeto arquitetônico conta com muito vidro, além de madeira e outros materiais naturais que se comunicam com os elementos do paisagismo”, explica. O início do caminho retilíneo que leva à residência, por exemplo, foi demarcado com um maciço de moreias (Dietes bicolor) (2).

Um maciço de moreias chama a atenção junto ao caminho que leva à casa. O trajeto é composto por placas de mármore envelhecido entremeadas por grama

O trajeto é composto por placas retangulares de mármore branco envelhecido que sobressaem em meio ao tapete de grama-esmeralda (Zoysia japonica) (3). Coladas à porta de entrada da casa, as cicas (Cycas revoluta var. aurea) (4) foram forradas por azulzinhas (Evolvulus glomeratus) (5), que dão um toque discreto de cor ao espaço com suas flores pequenas que despontam durante o ano todo.

Perto da porta, as cicas foram forradas por azulzinhas, que dão um toque discreto de cor à composição. Abaixo, a folhagem mesclada das alpínias enfeita o canteiro na lateral da garagem

Espécies com folhas de diferentes texturas e tons de verde garantem a beleza dos canteiros

Já na lateral da garagem, as alpínias (Alpinia zerumbet ‘Variegata’) (6) – com folhas ornamentais estriadas de amarelo – dão conta da exuberância da composição e dispensam a companhia de outras plantas. Em outro canteiro, o destaque é a mistura de texturas e tons de verde de plantas como tamareira-de-jardim (Phoenix roebelenii) (7), dianela (Dianella tasmanica ‘Variegata’) (8) e leia (Leea coccinea) (9).

CLIMA DE PRAIA

Em contraposição à arquitetura de linhas retas da casa, a piscina brinca com linhas sinuosas

Boa parte da tropicalidade do projeto se concentra no entorno da piscina, que ocupa uma área de 168 m². Ela foi revestida por pedras vulcânicas que reproduzem as cores do oceano e tem desenho sinuoso. “Como a arquitetura da casa explora as formas retas, optamos por um visual mais orgânico para a piscina”, explica Alex Sá. Em uma das margens, foram intercaladas palmeiras-véitia (Veitchia montgomeryana) (10) e zâmias (Zamia furfuracea) (11), ambas tipicamente praianas. Já as arecas-bambu (Dypsis lutescens) (12) e as ixoras (Ixora coccinea ‘Hybrid’) (13) dividem espaço em um canteiro.

Palmeiras-vétia e zâmias se intercalam em uma das margens da piscina, que mais parece um pedacinho de mar

Na margem oposta, o deque de madeira cumaru acomoda espreguiçadeiras e um conjunto de mesa e cadeiras sob a sombra de elegantes ombrelones.
A mesma madeira que estrutura o deque foi utilizada na construção da ducha – ela fica camuflada em meio ao verde de um canto do jardim para dar privacidade aos usuários. “Ali, demos prioridade a plantas que apreciam umidade”, pondera o paisagista. Palmeiras-cariotas (Caryota mitis) (14) e helicônias diversas (15) são algumas das espécies cultivadas no local.

As espécies tropicais ornamentam o jardim e se desenvolvem saudavelmente graças ao clima quente da região.

No entorno da ducha, foi dada preferência a plantas que gostam de umidade, como palmeiras-cariotas e helicônias

CAMINHO DE LUZ

Perto da varanda, que também tem vista para o jardim e a piscina, destaca-se o pergolado estruturado em madeira cumaru. Ele fica sobre o caminho que leva até uma das laterais da casa e sua estrutura vazada permite a passagem de luz solar. O espaço foi decorado com bancos rústicos de madeira e vasos de cerâmica vitrificados que acomodam buxinhos (Buxus sempervirens) (16) topiados.

Perto dali, palmeiras-vétia (10) marcam a paisagem sem obstruir a vista. O fato de o pergolado não ter uma cobertura capaz de proteger das intempéries não prejudica a circulação dos visitantes em dias de chuva: “Como internamente a casa tem ligação para todos os outros ambientes externos, tornou-se desnecessário cobrir este trecho com vidro ou plantas”, explica o paisagista Alex Sá.

O pergolado de madeira cumaru foi construído sobre um deque do mesmo material. A estrutura encobre o caminho que leva até a lateral da casa

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