Colecionadora paulistana guarda em sua residência espécies ímpares da flora brasileira, como a jacobina e a orquídea Cattleya labiata

Texto Heloísa Cestari | Fotos Valerio Romahn | Projeto Creuza Muller

Desde a infância, em Salvador, BA, a orquidófila e jardinista Creuza Muller cultiva uma paixão especial pela profusão de cores e perfumes da flora nacional. Daquela época, lembra o aroma das roseiras de sua mãe, a sombra generosa das árvores frutíferas que o pai mantinha na fazenda e recorda com carinho a beleza singela das dálias e margaridas da avó.

Foram essas e outras memórias afetivas, aliadas à indiscutível predileção por orquídeas, que a inspiraram na hora de compor o espaçoso jardim de sua residência em São Paulo, que hoje guarda algumas plantas difíceis de encontrar por aí. São os casos da espécie-tipo da sálvia (Salvia splendens) (1) e do camarão-branco (Justicia betonica) (2), nativo da África, que forma um maciço farto ao lado dos cleomes (Cleome houtteana) (3), da trapoeraba-roxa (Tradescantia pallida ‘Purpurea’) (4) e das lantanas (Lantana camara) (5) que adornam um dos ambientes da área externa.

É nesse jardim “secreto” que Creuza colhe flores e ideias para compor os arranjos que expõe em grandes eventos e no Orquidário da Mata, famoso por disseminar conhecimentos técnicos, apresentar lançamentos únicos e ainda abrigar uma coleção exclusivíssima para orquidófilos mais exigentes.

FLORES O ANO INTEIRO

Para que seu jardim esteja sempre florido e alimentando pássaros, Creuza procurou acrescentar espécies de arbustos e herbáceas que mantivessem o viço em todas as épocas do ano. As inflorescências róseas e brancas do cleome (6), por exemplo, despontam durante toda a primavera e o verão e duram por um longo tempo se a planta for mantida em solo úmido e a sol pleno.

Outro destaque desse cantinho aconchegante em meio aos canteiros do jardim é a rara justícia-branca (Justicia carnea ‘Alba’) (7), que exige meia-sombra e solo úmido e rico em matéria orgânica para produzir suas belas flores brancas. “As regas, sempre em abundância, são feitas no final da tarde, até quatro vezes por semana. Também procuro adubar e fazer a poda de limpeza para garantir um jardim florido o ano inteiro”, explica a jardinista e orquidófila.

Margaridas (Leucanthemum vulgare) (8), lírios-da-paz (Spathiphyllum wallisii) (9) e a delicada ametista (Plectranthus ‘Mona Lavender’) (10), de flores azuis, completam o harmonioso caleidoscópio de cores e aromas que compõem o ambiente.

SOMBRA E AR FRESCO

A varanda que leva ao quintal, e que abriga um pequeno ambiente de estar na área externa, conta com cobertura de telhas transparentes para proteger os móveis das intempéries. O pé-direito alto garante a boa ventilação do espaço, enquanto a popular trepadeira sapatinho-de-judia (Thunbergia mysorensis) (11) forma uma espécie de cortina com suas belíssimas inflorescências pendentes.

No canteiro lateral, a orquídea epífita mexicana dama-dançante (Oncidium sphacelatum) (12), teve o vaso apoiado sobre um toco de árvore, para se destacar em meio às folhagens exuberantes do imbé-gigante (Philodendron danteanum) (13); da samambaia-prateada (Pteris argyraea) (14); e do popular comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia seguine) (15).

Já na área descoberta, há vários vasos de barro com coleções de begônias, lavandas e miniprimaveras (Bougainvillea spectabilis) (16) pink. Uma mais linda que a outra.

Na varanda coberta por sapatinhos-de-judia, a orquídea Oncidium sphacelatum ganhou destaque ao ter o vaso apoiado em um toco de árvore

Na área descoberta, vasos de barro guardam coleções belíssimas de begônias, lavandas e miniprimaveras

ORQUÍDEAS COMO ENFEITE

Grande paixão da jardinista, as orquídeas são presença constante na decoração da varanda. Em cima da mesa, chama a atenção a beleza única da Cattleya maxima var. coerulea ‘Hector’ (16), planta que já foi até premiada nos Estados Unidos. Já sobre o baú antigo, a atração é o belo arranjo que Creuza criou combinando uma Cattleya Aqui-finn ‘Nature’s Best’(17), falenópsis (Phalaenopsis hibrid) (18) floridas e folhagens de cleome e filodendro colhidas do jardim.

Por conta da cobertura translúcida, a varanda é um ambiente ideal para o desenvolvimento das orquídeas

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