Fácil de cuidar, a lavanda-francesa perfuma a casa e é perfeita para jardinistas principiantes

— Por Janete Tir | Fotos Valerio Romahn

Muito usada na fabricação de perfumes, sabonetes, desodorantes e outros produtos de higiene e limpeza, a lavanda tem um aroma característico que todos associam à limpeza. Há séculos ela vem sendo usada com essa finalidade – gregos e romanos já adotavam a lavanda para lavar roupas, tomar banho e aromatizar o ambiente – e até seu nome científico remete à assepsia: Lavandula vem do latim lavare, que significa “lavar”.

Trata-se de um antisséptico tão poderoso que, na Idade Média, quando a Europa foi assolada pela Peste Negra, as populações que usavam constantemente a lavanda para banhos e a lavagem de roupas foram poupadas da tragédia. No século 20, a planta foi adotada como antisséptico no tratamento de soldados durante as duas grandes guerras mundiais.

Na medicina, o óleo destilado das flores, folhas e caule da lavanda é usado no combate à insônia e tem ação antirreumática, anti-inflamatória, relaxante, redutora de fadiga e sedativa. Originária da região do Mediterrâneo, a lavanda já foi chamada de nardu pelos gregos e de alfazema pelos árabes. Isso gerou uma grande confusão, pois os fabricantes de perfume passaram a considerar “lavanda” e “alfazema” sinônimos, embora sejam nomes de duas plantas distintas.

O viveirista Minoru Kawana, que cultiva lavandas em São Paulo, ajuda a resolver a questão. A alfazema, ou lavanda-inglesa, catalogada como Lavandula angustifolia, é uma planta um pouco mais difícil de ser cultivada no Brasil. A espécie mais comum por aqui é a lavanda-francesa, também chamada de alfazema, classificada como Lavandula dentata. Ela é outra que requer clima ameno mas é mais rústica, ideal para as regiões Sul e Sudeste do nosso país. A lavanda-inglesa tem folhas mais largas que a lavanda-francesa e aroma diferente, que lembra o da cânfora.

À esquerda, o detalhe da inflorescência da Lavandula angustifolia. À direita, a Lavandula dentata.

Nos últimos anos, a lavanda-francesa tem sido cada vez mais usada no paisagismo. A paisagista Walkíria Fernandes, de Campos do Jordão, SP, é uma entusiasta de jardins floridos com esse arbusto. “É uma planta excelente, que não precisa de muitos cuidados e que, em questão de semanas, se transforma em touceiras aromáticas e sempre floridas”, diz. Walkíria indica o uso da espécie como forração, bordadura, planta isolada em jardins com pedras e até o cultivo em vasos ou jardineiras perto de janelas para aromatizar a casa. Quando seca, a lavanda mantém o aroma e, por isso, é muito usada na confecção de arranjos florais e de sachês para perfumar armários e gavetas.

COMO PLANTAR

A lavanda-francesa é uma ótima opção para iniciantes, principalmente para os que costumam esquecer de regar as pl antas com frequência, pois requer pouca água. Os outros requisitos para que a espécie floresça intensamente são solo arenoso, temperaturas baixas e sol na maior parte do dia. O viveirista Kawana recomenda plantar a lavanda-francesa em substrato comprado pronto misturado a 20% de areia, 20% de húmus de minhoca e regar apenas quando o solo estiver bem seco.

Canteiro de Lavandula dentata sob a copa de oliveiras: duas plantas que necessitam de pouca água e manutenção

“O excesso de irrigação faz as raízes apodrecerem rapidamente”, explica ele. Outra dica do viveirista – essa para quem quer compor um maciço de lavanda-francesa – é deixar espaço de 20 cm ou 30 cm entre as mudas para a plantação ventilar. “Isso também evita o apodrecimento da planta”, complementa Kawana.

A adubação pode ser feita a cada 60 dias com 100 g de húmus de minhoca para cada arbusto. Já a poda deve ser anual, sempre nos meses de inverno. “Assim a planta não cresce muito e permanece florida até o outono do ano seguinte”, salienta Walkíria Fernandes.

OURO AZUL DOS COSMÉTICOS

Na Europa, as plantações de lavanda têm um único destino: a indústria cosmética. Ele é o óleo aromático mais usado em todo o mundo e as grandes perfumarias costumam chamá-lo de l’or bleu, o ouro azul. O cultivo organizado da lavanda começou no século 19 e hoje a França é o maior produtor de óleo essencial da planta. Ele pode ser destilado da planta inteira ou apenas das flores e, segundo os técnicos especializados, para se obter um óleo de melhor qualidade e com maior rendimento, a planta deve ter de quatro a sete anos, crescer em estado selvagem e ser processada em, no máximo, 48 horas após o corte.


LAVANDA EM DETALHES

• Nome científico: Lavandula dentata
• Nomes populares: lavanda-francesa, alfazema
• Família: lamiáceas
• Origem: região mediterrânea
• Características: pequeno arbusto bastante ramificado
• Porte: até 90 cm de altura
• Flores: pequenas, aromáticas, roxas e tubulares, reunidas em uma inflorescência espigada e coberta por uma leve penugem
• Folhas: finas, longas, cobertas de lanugem acinzentada e com bordas denteadas
• Plantio: em substrato comprado pronto acrescido de 20% de areia e 20% de húmus de minhoca
• Luz: sol pleno
• Solo: arenoso e acrescido de matéria orgânica e bem drenado
• Clima: subtropical árido com bastante sol
• Regas: quando o solo estiver seco
• Podas: dois terços da planta no inverno
• Adubação: 100 g de húmus por arbusto a cada 60 dias
• Propagação: por estaquia

[wpcs id=9559]