Comum nos jardins, a planta produz frutos saborosíssimos, mas nem todas as variedades são limão de verdade

– Por Laura Neaime

O limão é um ingrediente essencial na culinária brasileira. O que poucos sabem é que o limão-taiti (Citrus latifolia) e o limão-galego (Citrus aurantifolia ‘Galego’) – as duas espécies mais consumidas no País – não são limões, e sim limas-ácidas, frutíferas que pertencem à mesma família do limão, mas cujos frutos são mais ácidos e produzem mais suco.

Segundo o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Orlando Passos, das mais de 100 variedades de limão verdadeiro existentes no mundo, a mais comum por aqui é o limão-siciliano (Citrus limon), muito usado na culinária.

Outro cítrico famoso é o limão-cravo (Citrus limonia), que, segundo o pesquisador Fernando de Azevedo, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), não é um limão propriamente dito, e sim um híbrido natural entre o limão e a tangerina.

Originário do Sudeste asiático, o limão aportou na América em uma das viagens de Cristóvão Colombo e se adaptou ao clima temperado do continente. Já as limas-ácidas chegaram ao continente pelas mãos dos portugueses, no século 16, e se deram bem no calor tropical. “A frutífera começou a ser cultivada na Bahia e foi ‘descendo’ até chegar ao Estado de São Paulo, um dos maiores produtores”, explica Azevedo.

OS LIMÕES E AS LIMAS-ÁCIDAS

Embora sejam muito semelhantes no cultivo, cada espécie de limão e lima-ácida tem características bem específicas. Considerado um dos mais ácidos, o limão-taiti é o preferido dos brasileiros. “Além de ter poucas sementes, ele rende mais, já que 50% de sua polpa se transforma em suco, contra 30% da polpa do limão-siciliano”, explica o produtor Edilson Giacon.

Muito utilizado no hemisfério Norte, o limão-siciliano tem sabor mais suave, e tanto seu suco quanto sua casca são ingredientes essenciais em pratos da culinária mediterrânea. Sua essência também é muito usada pelas indústrias de perfume e cosméticos. “No Brasil, por muito tempo, os produtores colheram os frutos do limão-siciliano ainda verdes. Eles achavam que, quando a casca ficava amarela, o fruto já havia passado do ponto”, explica Giacon. Mais alaranjado, o limão-cravo é o melhor para temperos. Já o limão-galego é o mais indicado para caipirinhas. Porém, ele é difícil de encontrar em mercados, já que seu cultivo se restringe aos pomares residenciais.

Aliados da saúde

Outro ponto comum entre limões e limas- ácidas é a riqueza nutricional que carregam. Famosos pela grande quantidade de vitamina C, que ajuda a combater gripes, eles também são ricos em vitaminas A, B1, B2 e B3, ferro, magnésio, fósforo e potássio.

Segundo a nutricionista Daniela Jobst, o fruto tem diversos usos terapêuticos: desde a diminuição do enjoo em gestantes, devido a seu aroma cítrico, até o equilíbrio do pH do sangue. Limões e limas-ácidas também são ótimos expectorantes, podendo ser usados como xarope caseiro, ­misturando seu suco com mel.

Porém, é preciso muito cuidado ao manusear esses frutos. “Sob o sol, eles tornam-se ‘fototóxicos’ e seu sumo pode causar desde leve irritação na pele até queimaduras e manchas”, explica a dermatologista da Unifesp Érica Monteiro. Pelo mesmo motivo, procedimentos estéticos utilizando o limão in natura são desaconselháveis.

QUAIS AS DIFERENÇAS?

Os limões taiti, siciliano, galego e cravo são queridinhos no Brasil. Embora tenham
muitas características em comum, cada variedade tem um uso específico. Confira:

 

Taiti: pequeno, pesa menos de 150 g. Tem casca verde e polpa citrina. É ótimo para fazer sucos e pratos doces como sorvetes e tortas

 

 

 

 

Siciliano: muito aromático, pesa entre 150 g e 230 g. Sua casca, amarela, é usada no preparo de doces e de pratos salgados, principalmente peixes

 

 

 

Cravo: tem a polpa suculenta, mais solta da casca e muitas sementes. É o melhor para temperos e ótimo para compotas e geleias

 

 

 

Galego: a mais ácida das quatro espécies é pequena, tem a casca fina e muitas sementes. Costuma ser cultivada em jardins e é a mais indicada para caipirinhas

 

 

 

 


LIMOEIRO EM DETALHES

• Nomes: limão-taiti (Citrus latifolia), limão-galego (Citrus aurantifolia ‘Galego’), limão-siciliano (Citrus limon) e limão-cravo (Citrus limonia)
• Família: rutáceas
• Origem: Sudeste asiático
• Características: arvoreta de copa densa e ramos arqueados. Mede entre 4 m e 6 m de altura e, geralmente, é perenifólia (não perde as folhas em nenhum período)
• Folhas: têm formato regular, coloração verde-bandeira e são muito aromáticas
• Flores: pequenas, esbranquiçadas, compostas por quatro pétalas e perfumadas
• Frutos: variam conforme a espécie
• Luz: sol pleno
• Solo: fértil e bem drenado
• Clima: subtropical, tolerante ao tropical
• Plantio: o produtor Edilson Giacon aconselha abrir berços de 50 cm x 50 cm x 50 cm e misturar metade da terra retirada com 500 g de farinha de osso ou torta de mamona, dois litros de húmus de minhoca e 500 g de calcário. O nó onde foi realizada a enxertia não deve ser enterrado (deixe-o acima do solo). Logo após o plantio, regue a muda com cerca de 20 litros de água para compactar o substrato
• Regas: nos primeiros 60 dias, molhe a planta três vezes por semana (no inverno) ou em dias alternados (no verão). Após esse período, as regas podem ser semanais
• Adubação: nos meses de agosto, novembro e fevereiro, aplique ao redor da planta uma mistura de húmus de minhoca com torta de mamona ou farinha de osso
• Podas: uma vez ao ano, faça podas de limpeza para retirar os ramos secos
• Reprodução: com exceção do limão-cravo, que se reproduz por sementes, todos os outros se reproduzem por enxertia

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