Neste belo jardim naturalista, canteiros vistosos destacam o aspecto escultural das palmeiras que já estavam no local

TEXTO GABI BASTOS | FOTOS VALERIO ROHMAN
PROJETO TONI BACKES E MARIA FERNANDA MARQUES

Criar canteiros que valorizassem a beleza sofisticada das palmeiras e integrassem a piscina e a casa à paisagem. Foi com essa missão que os paisagistas Toni Backes e Maria Fernanda Marques foram chamados para projetar o jardim desta casa no interior de São Paulo. “O dono queria aplicar o conceito de paisagem naturalista, cada vez mais comum no mundo inteiro”, conta Backes.

Palmeiras-triângulo proporcionam verticalidade à área da piscina sem esconder os canteiros naturalistas desenhados em meio ao gramado

Dentro dessa perspectiva, foram utilizadas mais de 30 herbáceas para desenhar nas áreas gramadas que já existiam ao redor da casa. Como as plantas florescem em épocas diferentes do ano, o tom do jardim se renova a cada estação.

Harmonia no jardim

Por conta do porte avantajado e do aspecto escultural, as palmeiras que já estavam no terreno acabaram se transformando, naturalmente, nas estrelas do paisagismo. À beira da piscina, por exemplo, não há como passar batido pelas palmeiras-triângulo (Dypsis decaryi) (1): além de bordarem a estrutura, elas proporcionam verticalidade ao ambiente, que fica em um patamar abaixo da casa. Outra composição digna de destaque é o monumental trio de tamareiras-de-jardim (Phoenix roebelenii) (2) de troncos tortos que cresce à beira de um caminho.

Para integrar essas e outras palmeiras à paisagem, os paisagistas literalmente pintaram o gramado com plantas. Duas espécies, em particular, são responsáveis pela harmonia do cenário: a aromática lavanda (Lavandula dentada) (3), de folhagem verde-acinzentada e belas flores arroxeadas; e as bromélias-Porto-Seguro (Aechmea blanchetiana) (4), que já existiam em quantidade no jardim e foram remanejadas para que suas folhas amarelas alegrassem a composição. Juntas ou separadas, as duas herbáceas estão na maioria dos canteiros.

Na fachada da casa

Construída com tijolinhos aparentes, a casa é acessada por uma escada que delimita dois ambientes bem distintos no jardim: de um lado ficam a sofisticada palmeira-azul (Bismarkia nobilis) (1) – considerada uma das mais belas palmeiras do mundo por suas grandes folhas verde-acinzentadas em forma de leque – e a escultura de ferro fundido retratando uma menina com um pássaro na mão; e do outro um laguinho de água cristalina com carpas.

De um lado da escada se destacam a palmeira-azul e uma escultura de ferro fundido. Do outro, um belo lago de aspecto natural

Além do desenho sinuoso e das pedras dentro e fora d’ água, as plantas cultivadas no entorno são determinantes para o visual bem natural do lago. Espécies típicas de áreas úmidas, como a rotala-anã (Rotala rotundifolia) (2), dividem espaço com filodendros-xanadu (Philodendron xanadu) (3) e até com plantas mais altas e esculturais, como a dracena-dragão (Dracaena draco) (4) e a iuca-azul (Yucca rostrata) (5), cujos troncos retilíneos se harmonizam com as palmeiras do restante do jardim.

Poderosos capins

Coube às gramíneas, como o capim-do-Texas (Cenchrus setaceus) (1), o capim-dos-Texas-rubro (Cenchrus × cupreus ‘Rubrum’) (2), o capim- bambu (Thysanolaena latifolia) (3) e o capim-azul (Lagenocarpus velutinus) (4), a missão de preencher o espaço sob um deque suspenso. E eles não foram escolhidos à toa para cumprir essa função: além de serem rústicos, apresentam tamanhos variados, folhagens de tons contrastantes e inflorescências plumosas que são a cara do paisagismo naturalista – aquele em que as plantas são dispostas de modo a dar a impressão de que brotaram ali sozinhas, sem a intervenção do homem. “Por se manifestarem de acordo com a velocidade dos ventos, elas movimentam a paisagem”, explica Toni Backes.

Canteiros com capim-do-Texas, capim-do-Texas-rubro, bambu-capim e capim-azul preenchem o vão sob o deque

Mas os capins não estão sozinhos no canteiro. À frente deles, lavandas (5) asseguram a unidade com o restante do jardim.

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