Depois de uma reforma, o jardim com piscina, espelho d’água e muitas árvores virou o melhor luga da casa

TEXTO SOLANGE BASSANEZE | FOTOS VALERIO ROMAHN
PRODUÇÃO AIDA LIMA | PROJETO ALESSANDRO TERRACINI

Com 1.500 m² de área externa distribuídos em patamares em um terreno íngreme, esta casa no interior de São Paulo já tinha um jardim. Porém, os proprietários queriam deixar a área externa mais convidativa à interação das pessoas com a Natureza. A missão de modernizar o espaço e criar áreas de convivência foi entregue ao engenheiro agrônomo Alessandro Terracini, que apostou em plantas que despertassem não apenas a visão, mas também o olfato, o paladar e o tato. Deu tão certo que hoje o jardim é o espaço mais agradável da casa.

Água e muito verde

Disposto diante dos dormitórios, o deque de madeira de 20 m² é um convite à contemplação. Dele, é possível apreciar a vegetação do entorno, que inclui plantas como a palmeira washingtônia-de-saia (Washingtonia filifera) (1) e o bambu-mossô (Phyllostachys pubescens) (2), e o espelho d’água de linhas orgânicas. “Para deixá-lo com um aspecto bem natural, revesti o fundo com seixos de rio e plantei sombrinhas-chinesas (Cyperus involucratus) (3) em vasos dentro da água”, diz Alessandro Terracini.

Dispostas em canteiros, no talude e até dentro do espelho d’água, as plantas “abraçam” o deque de 20 m²

No talude, a opção foi pela grama-amendoim (Arachis repens) (4) como forração. “A espécie impede que a água da chuva forme caminhos no terreno e ainda libera nutrientes que ajudam a manter o solo saudável”, explica o profissional. No canteiro junto às janelas, gardênias (Gardenia jasminoides) (5) embelezam o jardim no final da primavera, época em que surgem suas flores brancas e muito perfumadas. Os seixos brancos fazem a transição entre o canteiro e o deque e ajudam a esconder a grade que coleta a água da chuva.

Cercado de atrações

Apesar de ser bem simples: tem formato retangular e mede 21 m², a piscina é um dos ambientes onde as pessoas passam mais tempo. Tudo por causa das atrações instaladas em seu entorno. Ela fica em uma parte alta do terreno, de onde é possível apreciar a represa e um bosque com árvores adultas, e próxima ao espaço gourmet (a edificação retratada nesta foto).

O deque suspenso avança sobre o talude que leva à represa. Como ele não conta com guarda-corpo, os vasos com buxinhos servem de barreira

Quando Terracini foi convidado para repaginar o jardim, a piscina e o deque suspenso com espreguiçadeiras já existiam. Por isso, ele fez mudanças pontuais: “Pintei os vasos de cimento com buxinhos (Buxus sempervirens) (1) de outra cor e os coloquei no limite do deque, para servirem como guarda-corpo”, explica. Foi um jeito criativo de garantir a segurança das pessoas, já que o desnível do deque em relação ao solo na parte mais baixa do terreno é de 1,80 m.

Do outro lado da piscina, a grama-esmeralda (Zoysia japonica) (2) reveste uma faixa de terreno onde foram dispostas duas espreguiçadeiras. Ela separa a área de lazer do bosque, onde árvores que já estavam no terreno e frutíferas dividem espaço.

O toque de cor no paisagismo fica por conta das jardineiras que margeiam a escada de acesso à área da represa. Distribuídas em patamares, elas abrigam lavandas (Lavandula dentata) (3) que tingem o cenário de roxo na primavera e no verão, época de sua florada exuberante, e exalam um perfume agradável o ano todo, já que as folhas acinzentadas da planta também são aromáticas. “O cheiro fica ainda mais intenso depois da chuva”, ressalta Terracini.

Jardim de inverno

Os arcos são uma marca desta casa e aparecem tanto nas janelas quanto no portal que leva ao jardim de inverno

Além de ocuparem a área externa, as plantas marcam presença em um pequeno jardim no interior da residência. É um lugar abrigado – que serve de hall para os quartos e a sala de estar –, onde as pessoas podem sentar para conversar ou ler um livro cercadas por plantas.

Protegidas pelo telhado de vidro, plantas tropicais como palmeira-leque crescem nos canteiros

O espaço de 20 m² conta com cobertura de vidro protegida por uma película UV. Assim, a incidência de luz e o calor no ambiente interno são controlados. O paisagismo elaborado por Terracini segue o estilo tropical. Canteiros abertos no piso abrigam espécies como palmeira-leque (Licuala grandis) (1), barba-de-serpente-variegada (Ophiopogon jaburan ‘Vittatus’) (2), pata-de-elefante (Beaucarnea recurvata) (3) e bambu-mossô (4). O jasmim-dos-açores (Jasminum azoricum) (5) sobe pela estrutura metálica que sustenta a cobertura do jardim e perfuma o ambiente com o aroma adocicado de suas flores brancas e estreladas que surgem o ano todo, com maior intensidade entre o verão e o outono.

Entrada verde

No caminho de paralelepípedos entremeados por grama que leva ao jardim de inverno, um painel verde chama a atenção. A estrutura de 5 m x 4 m contrasta com as paredes pintadas em tom terracota abriga espécies pendentes como a planta-batom (Aeschynanthus lobbianus) (1). “Ela esconde a estrutura do painel, é fácil de cultivar, resistente e floresce o ano inteiro”, explica Terracini.

O jardim vertical valoriza o caminho e quase não requer manutenção

Outra espécie cultivada no jardim vertical é o codonante (Codonanthe gracilis) (2), uma herbácea originária da Mata Atlântica brasileira e cujas flores, de cerca de 1,5 cm de diâmetro, têm pétalas brancas e garganta pintada de cor de vinho.

Como o jardim vertical conta com irrigação automática, a manutenção é relativamente simples. O caseiro faz uma checagem diária, só para ter certeza de que tudo está funcionando corretamente e, de tempos em tempos, Alessandro Terracini faz a supervisão técnica.

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