Graças aos terrários, até quem não tem espaço consegue cultivar um pequeno jardim em casa, com direito à inclusão de miniaturas

– Por Eduardo Gonçalves

Pequenos paraísos concebidos pelo homem, os jardins permitem às pessoas não só admirar cada planta isolada, mas também o efeito que elas causam quando agrupadas e a forma como contrastam em uma composição. É por isso que, minúsculos ou imensos, eles acabaram se tornando tão indispensáveis em uma casa quanto a pia da cozinha.

Porém, com a verticalização das cidades e o surgimento de habitações cada vez menores, ter um jardim para chamar de seu ficou mais difícil. Se hoje já é complicado encontrar espaço para cultivar plantas individualmente, combinar mais de uma espécie torna-se um verdadeiro desafio. Pior quando todo o espaço disponível para seu paraíso pessoal se resume a uma janela.

Talvez por isso tenha tanta gente recorrendo aos terrários, pequenas porções da Natureza encapsuladas em recipientes de vidro. Assim como os tradicionais aquários, eles permitem que as pessoas montem uma versão muito pequena do mundo para deleite pessoal, e a ideia pegou.

Quer começar um terrário? A primeira e mais importante dica é ter em mente que o frasco de vidro não tem furos de drenagem embaixo. Assim, para não correr o risco de transformar sua nanopaisagem em um pequeno manguezal, é melhor colocar a água em pequenas quantidades. Ponha também um pouco de cascalho no fundo – eu faço uma camada de 1 cm – para reduzir o contato entre a terra e a água que não é prontamente absorvida.

Quanto à terra, use uma parte de substrato agrícola e uma parte de húmus de minhoca. Depois é só soltar a imaginação e plantar, de preferência, plantas de sombra, que se contentarão com uma luminosidade boa ou alguns minutos de sol pela manhã.

Se optar por plantas que precisam de sol pleno, saiba que são grandes os riscos de a pouca água do ambiente secar rápido e elas esturricarem em minutos. Dê preferência às suculentas, que são mais resistentes e, independentemente do tipo de terrário, não esqueça de alimentá-los de vez em quando. Eu costumo adubá-los a cada três meses pulverizando um pouco de fertilizante líquido.

Como no terrário quase tudo é permitido, dê asas à criatividade. Pequenas pedras, troncos e até miniaturas são muito bem-vindos e podem fazer parte da paisagem. Dá até pra “gramar” seu pequeno jardim com musgos. Aliás, montar nanopaisagens é um excelente treino para aspirantes a paisagista. Eu mesmo comecei assim, e hoje faço jardins de porte monumental.

Se o macropaisagismo é medido em hectares e o micropaisagismo em metros quadrados, o nanopaisagismo fica confortável na escala dos centímetros quadrados. A única coisa que não diminui é o prazer de construir e manter tais paraísos. O maior risco é você querer encolher para curtir melhor seus nanojardins.

 


Eduardo Gomes Gonçalves é paisagista, doutor em Botânica, autor do livro Se não fugir, é planta! e escreve sobre curiosidades do mundo da biologia


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