Repleto de flores coloridas, o parque Keukenhof é um dos principais atrativos turísticos da Holanda

– Por Christiane Fenyö | Reportagem Aydano e Tânia Roriz | Fotos Aydano Roriz

O Keukenhof abre apenas dois meses por ano quando muscaris (1), narcisos (2), crócus (3) e jacintos (4) deixam a paisagem exuberante. Quando a neve derrete e a primavera chega à Europa, a Holanda é invadida por milhares de turistas vindos de todas as partes do mundo com um único objetivo: apreciar a belíssima florada das tulipas. Percorrendo as estradas nos arredores de Amsterdã, é possível ver quilômetros e mais quilômetros de campos floridos. Mas o verdadeiro espetáculo está no Parque Keukenhof.

Localizado na cidade de Lisse, a 30 minutos de Amsterdã, entre Hague, Haarlem e Leiden, o Keukenhof abre suas portas apenas por dois meses – entre março e maio – justamente na época em que as tulipas, narcisos, jacintos, muscaris, fritilárias e gladíolos estão em flor. No resto do ano, ocorre a remodelação do paisagismo e o plantio do jardim.

Ao todo, são 28 hectares de canteiros redesenhados e replantados todos os anos, para que as pessoas sempre tenham algo novo para ver, além de estufas com as mais variadas espécies de plantas.

CADA FLOR A SEU TEMPO 

A paisagem do parque se modifica conforme as diferentes espécies florescem. Acima, tulipas brancas e fritilárias amarelas

No Keukenhof, as flores surgem aos poucos, até tomarem conta de todos os canteiros. As primeiras espécies a florir são os crócus (uma espécie não encontrada no Brasil), no final de março. Depois, é a vez das tulipas, narcisos e jacintos, cujos botões surgem até o final de maio. No início do outono, gladíolos, cravos e ásteres encerram a temporada das flores. Entretanto, esse cronograma pode apresentar pequenas variações conforme o clima.

Quanto mais fria a primavera, mais tempo demora para os bulbos florescerem. Esse ano, devido ao frio intenso, apenas os crócus estavam floridos quando o parque foi aberto. As tulipas dos canteiros ainda eram botões fechados. Para vê-las em seu esplendor, só entrando nas estufas.

DO COMPUTADOR PARA O JARDIM 

Foto: PR Keukenhof

A elaboração dos jardins do Keukenhof começa no computador, onde o designer de jardins e paisagista Jasper van der Zon desenha cada um dos 4.815 canteiros do parque e calcula quantos bulbos – e de que cor e novas variedades – terá que encomendar a cada um dos 93 fornecedores. Depois, entram em ação os 30 jardineiros, responsáveis por plantar os bulbos e transformar em realidade os desenhos criados no computador.

ATRAÇÕES TAMBÉM NAS ESTUFAS

Além das bulbosas, as estufas contam com outros tipos de plantas, como os astilbes (5) e as orquídeas falaenópsis (6)

Mesmo quando a florada das tulipas atrasa, a viagem ao Keukenhof não é perdida. Isso porque, graças ao controle de temperatura, nas estufas do parque as flores surgem sempre na mesma época, proporcionando um espetáculo a mais aos visitantes. De todos os pavilhões, três merecem destaque: o Oranje Nassau, que é o pavilhão principal; o Willem Alexander, dedicado aos lírios; e o Beatrix, onde ficam as orquídeas.

HISTÓRIA DO PARQUE

Antes de virar parque, Keukenhof foi o jardim de uma baronesa | Foto: PR Keukenhof

Antes de virar parque, Keukenhof foi o jardim de uma baronesa O Keukenhof surgiu em 1830 quando, inspirado nas paisagens inglesas, o arquiteto paisagista alemão J. D. Zocher desenhou a planta do parque. Séculos antes, entre os anos de 1401 e 1436, foi a reserva de caça e o jardim de ervas da baronesa Jacoba von Beieren, uma mulher sofrida que, ao longo de seus 35 anos de vida, se casou quatro vezes e passou alguns anos na prisão. E foi o hábito da baronesa de colher no jardim as ervas usadas como tempero na cozinha do palácio que deu nome ao parque pois, em holandês, keukenhof quer dizer “jardim da cozinha”.

Em 1949, logo após o final da Segunda Guerra Mundial, um grupo de cultivadores de bulbos decidiu promover a 1ª Exposição Internacional de Flores em uma tentativa de ajudar a reerguer o país. O sucesso foi tão grande que a mostra passou a ser realizada todos os anos, sempre na primavera, e atrai cerca de 825 mil visitantes a cada edição.

O PAÍS DAS TULIPAS

A Holanda é responsável por 70% da produção mundial de bulbos

Ao contrário do que se imagina, as tulipas que hoje fazem sucesso no Keukenhof não são originárias da Holanda. Elas chegaram ao país no século 16, vindas da Turquia, e encontraram as condições ideais para se desenvolver: solo fértil, outonos e invernos chuvosos e primaveras e verões secos.

Quando desembarcaram na Holanda, as tulipas causaram uma impressão tão forte que viraram um indicativo de status. O preço dos bulbos era tão alto que um único exemplar podia custar entre US$ 1.000 e US$ 3.000, o suficiente na época para comprar pelo menos duas casas. Era a “tulipomania”. Para gerir os negócios envolvendo a planta, foi criada a primeira bolsa de valores de que se tem notícia. Porém, em 1637, os comerciantes não conseguiram mais inflacionar o preço dos bulbos e houve a primeira queda de bolsa em toda a história.

Com uma produção anual de 10 bilhões de bulbos, hoje a Holanda responde por 70% da produção mundial. Eles são exportados para mais de 100 países e os principais compradores são Estados Unidos e Japão. Já as flores cortadas são vendidas principalmente para Alemanha, Reino Unido e Japão. Já as flores cortadas são vendidas principalmente para Alemanha, Reino Unido e França.

UM POUCO SOBRE OS BULBOS

Os bulbos são caules subterrâneos em forma de cebola que contêm dentro de si uma única flor. Sua principal função é poupar energia para que a planta aguente o inverno e floresça na primavera. Devido ao clima, a tulipa e os outros bulbos do Keukenhof são difíceis de cultivar no Brasil.

Entretanto, simulando as condições climáticas do hábitat, alguns produtores de Holambra obtiveram sucesso no processo e hoje comercializam vasos floridos. A melhor época para procurá-los é no outono, que é quando as tulipas florescem no país.

 

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