Cheio de texturas e cores, o jardim com inspiração toscana é um verdadeiro refúgio no meio de São Paulo

— Por Renata Turbiani | Fotos Valério Romahn | Projeto Fernanda Pereira de Almeida

Quem diria que um terreno sem muitos atrativos no Jardim Europa, bairro nobre de São Paulo, poderia se transformar em um jardim que esbanja vida, flores e sabores. A pedido da proprietária, que já tinha um consultório ali ao lado, tudo o que existia no local foi retirado – exceto uma elegante uvaia (Eugenia pyriformis), que dá frutos ácidos e aromáticos, muito apreciados pelos pássaros.

Coube então à arquiteta paisagista Fernanda Pereira de Almeida a missão de reformular o espaço de cerca de 300 m² e enchê-lo de cores e texturas que remetem aos jardins italianos, em especial aos da região da Toscana.

Cercada de plantas com cores e texturas diversas, a pia batismal transformada em fonte é uma das atrações do jardim

As plantas estão por todos os lados: em canteiros junto aos muros, que passam praticamente despercebidos; junto aos caminhos com pisadas quadriculadas de ardósia terracota; e valorizando estruturas como a pia batismal de pedra, que foi adaptada para servir de fonte e ladeada por delicados jasmins-dos-Açores (Jasminum azoricum) (1) cultivados em vasos.

Uma das exigências da proprietária era de que as flores despontassem em épocas diferentes do ano, para que o jardim se mantivesse sempre florido. Algumas das espécies escolhidas pra tanto foram a ixora (Ixora coccinea) (2), a falsa-érica (Cuphea gracilis) (3) e a nandina (Nandina domestica) (4).

 

REFÚGIO ACONCHEGANTE

Na primavera e no verão, não há planta que seja capaz de fazer frente à bela florada dos agapantos (Agapanthus africanus) (1), que pintam a paisagem de roxo e branco com suas inflorescências esféricas repletas de flores campanuladas. A espécie forma um extenso maciço que dá acabamento ao canteiro junto ao muro, enquanto a porção mais central do jardim é ocupada por plantas maiores como a escultural jabuticabeira (Plinia cauliflora) (2) de cerca de 6 m de altura, que ganhou ainda mais destaque ao ser combinada com o maçiço de dianela (Dianella tasmanica ‘Variegata’) (3).

O caminho de ardósia terracota passa junto às duas espécies e conduz o visitante a um dos cantinhos mais charmosos e aconchegantes do jardim: o banco de madeira providencialmente acomodado sob a copa de uma romãzeira (Punica granatum) (4). O lugar é um convite ao relaxamento e, para acompanhar o clima italiano do restante do paisagismo, a arquiteta paisagista tratou de distribuir ao redor do móvel alguns vasos rústicos de barro onde crescem espécies como trialis (Galphimia brasiliensis) (5) e buxinhos (Buxus sempervirens) (6) topiados em forma de bola. Nos canteiros, maciços de flor-leopardo (Iris domestica) (7) e clorofito (Chlorophytum comosum ‘Variegatum’) (8) complementam a composição trazendo novas texturas e tons de verde.

 

 SURPRESAS NO CAMINHO

Fernanda Pereira de Almeida brincou com os portes, os tons de verde e as texturas de algumas espécies para formar uma composição cheia de curvas pra lá de curiosa no canteiro localizado entre o caminho e a casa. O pano de fundo fica por conta do viburno (Viburnum suspensum) (1), que forma uma cerca viva topiada quebrada apenas pela presença da uvaia (2) que já estava no terreno. Logo à frente vem a barba-de-serpente-variegada (Ophiopogon jaburan ‘Vattatus’) (3), com suas folhas finas e de bordas esbranquiçadas formando densos tufos; a gramapreta-anã (Ophiopogon japonicus ‘Nana’) (4), de folhagem curta e verde-escura, quase negra; e finalmente a grama-esmeralda (Zoysia japonica) (5).

Todas em tons de verde, mas com texturas e portes diferentes, as plantas deste canteiro mostram que, mesmo sem flores, aqui não há espaço para monotonia

Do outro lado da cerca viva fica o corredor lateral da casa, onde vasos de barro abrigam espécies variadas, entre as quais uma palmeira-rápis (Rhapis excelsa) (6), o hibisco (Hibiscus rosa-sinensis) (7) e uma romãzeira (8). Em um trecho do percurso, o viburno dá lugar ao lisgustro-arbustivo-variegado (Ligustrum sinense ‘Variegatum’) (9), também topiado, na formação da cerca viva. A composição é arrematada por duas variedades de buquê-de-noiva: a Spiraea cantoniensis (10) e a Spiraea cantoniensis f. lanceata (11) – ambas com flores brancas que despontam no início da primavera. O toque mais intenso de cor fica por conta do clerodendro (Clerodendrum splendens) (12), que no outono e inverno pinta de vermelho o arco junto 1 a um portão de ferro no mesmo tom.

Até o corredor é aproveitado para o cultivo de plantas em vasos. A romãzeira foi uma das espécies eleitas

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