Saborosa e rica em vitamina C, a acerola nasce em um arbusto fácil de cuidar que enfeita tanto vasos como canteiros

Texto Ana Luísa Vieira | Fotos Valerio Romahn

Generosa por Natureza, a acerola (Malpighia emarginata) é uma daquelas frutas que oferecem muito e não esperam quase nada em troca. Além de presentear quem a saboreia com um gostinho doce e levemente acidulado, esbanja nutrientes e larga à frente da laranja quando o assunto é vitamina C. No jardim, nasce em uma planta de copa vistosa que ganha destaque tanto em vasos como nos canteiros – e ainda exibe delicadas flores de tons róseos e esbranquiçados durante a primavera. Em contrapartida, não pede mais que solo bem preparado, adubações esporádicas e algumas regas semanais.

DO CARIBE PARA O MUNDO

No jardim, a aceroleira atinge até 4 m de altura. Sua copa densa e aberta é bastante ornamental e ganha destaque no paisagismo

Originária da América Central, a fruta também é chamada popularmente de cereja-de-Barbados ou cereja-das-Antilhas. A semelhança é mesmo notável: de um colorido vermelho vivo, cada acerola tem formato arredondado e não ultrapassa os 3 cm de diâmetro. Só que, diferentemente da cereja comum, surge em arbustos que se desenvolvem muito bem sob altas temperaturas – razão pela qual virou figurinha carimbada em jardins e pomares brasileiros.

Por aqui, o cultivo da aceroleira começou a ser difundido a partir da década de 1950. As primeiras mudas e sementes vieram do Caribe – à época, estudiosos da Universidade de Porto Rico haviam descoberto as propriedades nutricionais da espécie e passaram a exportá-la em larga escala para vários países, entre os quais a Índia e a Austrália. Hoje, ela marca presença em praticamente todas as regiões de clima tropical e subtropical do globo.

Entre os atributos da polpa amarelada e suculenta da acerola, é possível listar altas concentrações de vitamina A, cálcio e ferro. Mas o que surpreende é o teor de vitamina C: uma porção de 100 g da fruta concentra até 1.790 mg do nutriente. A título de comparação, 100 g de laranja contêm pouco mais de 40 mg do mesmo ácido ascórbico – que protege contra a baixa imunidade, auxilia no combate às doenças cardiovasculares, evita o envelhecimento precoce e ajuda a fortalecer os vasos sanguíneos.

Graças ao porte compacto, a aceroleira também pode ser cultivada em vasos – onde atinge até 1,8 m de altura. Os recipientes garantem a presença dos frutinhos da espécie em pequenos espaços e áreas impermeabilizadas do jardim

FÁCIL DE PLANTAR E CUIDAR

De casca vermelha, cada acerola tem aproximadamente 10 g e 3 cm de diâmetro. A polpa da frutinha é rica em vitamina A, cálcio, ferro e, principalmente, vitamina C

Não fossem suficientes todos esses benefícios da acerola para a saúde de quem a consome, a frutinha ainda nasce – aos montes, diga-se de passagem – em um arbusto facílimo de cultivar. Nem mesmo restrição de espaço é desculpa para não ter a espécie no jardim, já que ela é compacta e pode ser plantada inclusive em vasos – onde cresce até 1,8 m de altura. O pré-requisito é ter um cantinho sob sol pleno.

O produtor Edilson Giacon, da Ciprest Mudas, recomenda que o plantio seja feito por mudas. No mercado, é possível encontrar exemplares com idade de dois ou três anos já com poda de formação. A altura varia entre 60 cm e 1,5 m.

Em geral, a aceroleira é pouco exigente em relação ao solo: “Só não vai bem em terrenos encharcados”, comenta o profissional. No jardim, a dica é Incorporar, a cada m² de canteiro, 1 kg de torta de mamona e 500 g de calcário. Depois, acomode a planta em berços de 50 cm de lado por 50 cm de profundidade.

Se a ideia for cultivar a espécie em vaso, opte por um recipiente com capacidade de 15 litros. O substrato, nesse caso, deve ser preparado com terra vegetal acrescida de 1 kg de torta de mamona. É só plantar a muda de forma que seu colo fique no nível do vaso e regá-la de duas a três vezes por semana, quando o substrato estiver ressecado. A mesma frequência de irrigação, aliás, vale para os canteiros.

No mais, adube a aceroleira a cada seis meses com 200 g de NPK 4-14-8 para as plantas cultivadas direto no solo e 100 g do mesmo fertilizante nos vasos. Caso a preferência seja por adubos orgânicos, aposte em 2 kg de torta de mamona – tanto em recipientes como nos canteiros. Não tem erro: os primeiros frutinhos vêm até um ano após o plantio. O auge da frutificação, por sua vez, acontece a partir de setembro, logo depois da chegada das flores – tão rápido que, em alguns momentos, a planta se exibe florida e com acerolas maduras ao mesmo tempo.

Quando cultivado corretamente, o arbusto pode produzir 20 kg de acerolas por ano no solo do jardim e até 10 kg em vasos. Dá para consumir as frutas in natura, cozinhar geleias e compotas, fazer deliciosos sucos e ainda separar um bom tanto para presentear os amigos.

Com forma estrelada, as flores da acerola despontam em tons de branco e rosa na primavera. Em alguns momentos, o arbusto se mantém florido e com frutos maduros ao mesmo tempo

ACEROLA EM DETALHES

• Nome científico: Malpighia emarginata
• Nome popular: acerola, cereja-das-Antilhas
• Família: Malpighiáceas
• Origem: Antilhas, América Central e norte da  América do Sul
• Características: arbusto perenifólio, lenhoso, ramificado, de copa densa e aberta. Atinge até 4 m de altura
• Folhas: lisas e lanceoladas, com até 7 cm de comprimento
• Flores: em tons de branco e rosa, despontam na primavera e têm forma estrelada
• Frutos: de colorido vermelho, surgem desde os meses da primavera até o outono, têm 3 cm de diâmetro e formato semelhante ao das cerejas. O peso é de aproximadamente 10 g. A polpa é amarelada, suculenta, acidulada e rica em vitamina C. As acerolas são frutas do tipo drupa, ou seja, contam com um único caroço ou semente em seu interior
• Luz: sol pleno
• Solo: rico em matéria orgânica e mantido úmido, mas sem encharcamentos
• Clima: tropical quente, tolerante ao frio subtropical de baixa altitude em regiões não sujeitas a geadas
• Plantio: no jardim, coloque as mudas em berços de 50 cm de lado e 50 cm de profundidade, incorporando ao solo 1 kg de torta de mamona e 500 g de calcário. Certifique-se de que a aceroleira fique, no mínimo, 3 m distante de outras plantas. Também é possível plantar a espécie em vasos com capacidade de 15 litros. A dica é forrá-los com uma camada de argila expandida e cobrir as
pedrinhas com manta bidim. Por fim, preencha com terra vegetal acrescida de 1 kg de torta de mamona e acomode a muda de forma que seu colo fique no
nível do recipiente
• Regas: de duas a três vezes por semana, quando o solo estiver ressecado
• Adubação: nas plantas cultivadas direto no solo, aplique 200 g de NPK 4-14-8 meio ano após o plantio. Em vasos, a quantidade deve ser de 100 g do mesmo fertilizante. Se preferir adubos orgânicos, aposte em 2 kg de torta de mamona, tanto nos canteiros como nos recipientes. Repita os procedimentos de adubação de seis em seis meses
• Podas: nos meses mais quentes do ano, vale podar 50% do comprimento dos ramos da planta para que suas flores e frutos retornem com força total na
temporada seguinte. Em vasos, é recomendável ainda retirar a aceroleira do substrato a cada dois anos – especialmente entre o fim de julho e o início
de agosto – para aparar as raízes que estiverem emaranhadas. Depois é só acomodar a espécie no mesmo recipiente
• Reprodução: por mudas ou sementes

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