O tomate-cereja e o tomate-uva – ou tomatinhos para os íntimos – são fáceis de cultivar, deixam o jardim mais bonito e podem ser consumidos puros ou em receitas variadas

Texto Marina Gabai

A grande e famosa família dos tomates conta com alguns integrantes em miniatura que, apesar do pouco tamanho, são gigantes no sabor. Os tomatinhos – primos menores e menos ácidos dos tomates tradicionais – se tornaram presença frequente em saladas de todos os tipos e aparecem vez ou outra em pratos de massas e carnes. Há também quem goste de consumi-los puros como tira-gosto antes das refeições ou quando bate aquela fome no meio do dia.

O primeiro tomatinho de que se teve notícia foi o tomate-cereja (Solanum lycopersicom var. cerasiforme), que, segundo historiadores, já existia em sua forma selvagem na região dos Andes e era consumido pela civilização Inca. Ele tem formato muito parecido com o da fruta de quem herdou o nome e a polpa um pouco aguada, que explode na boca quando o fruto é mordido. Por muito tempo ele reinou absoluto, até que, do seu cruzamento com outras espécies, novos tipos de tomatinhos começaram a ser desenvolvidos pelo mundo. Na Ásia foi criado o tomate-uva ou tomate-grape, que chegou por aqui nos anos 2000 e hoje divide o domínio das prateleiras dos supermercados com o cereja. Seu visual lembra muito o da uva Thompson, e a consistência é firme.

Segundo Leonardo Boiteux, pesquisador da Embrapa Hortaliças, existem inúmeras variedades de tomate-cereja e tomate-uva. “Esse é um mercado que gosta de novidades, então as empresas estão sempre desenvolvendo novos tipos”, explica ele. Alguns dos principais tomates-uva são o BRS Zamir e o Sweet Grape, bem adocicados; e o Yellow Grape, que chama a atenção pela casca amarelo-vivo. Entre os tomates-cereja destaca-se o BRS Iracema, que recebeu este nome porque deixa quem os come com os “lábios de mel”, de tão doce que é; e o tomatinho-amarelo.

Qualquer que seja o tipo escolhido a saúde agradece, já que os frutos são pouco calóricos, ricos em vitamina C e antioxidantes. As variedades vermelhas têm ainda grandes quantidades de licopeno, um antioxidante muito poderoso que protege as células do corpo contra radicais livres e previne o colesterol ruim.

Além das versões de casca vermelha, tanto o tomate-cereja quanto o tomate-uva podem ser encontrados na cor amarela, entre outras

AO ALCANCE DAS MÃOS

Os tomatinhos vão bem tanto em vaso quanto em canteiros e são ideais para adicionar cor a composições em que o verde predomina. Para cultivá-los não é preciso ter muito espaço – eles atingem até 1 m de altura – e basta escolher uma área em que o sol bata de quatro a cinco horas por dia – pré-requisito para que o tomateiro dê frutos e flores. Outra boa notícia é que depois do plantio o resultado é rápido: em pouco mais de três meses os primeiros frutos já começam a dar as caras.

A variedade de tomatinhos é grande e o mercado está sempre criando novas versões

O plantio costuma ser feito a partir de sementes que podem ser plantadas diretamente no solo ou cultivadas em sementeiras para serem transplantadas mais tarde. A vantagem da segunda opção é que fica mais fácil controlar as condições de cultivo, como a umidade. Para isso basta preparar os recipientes com substrato para mudas e regar todos os dias com um borrifador até a planta atingir cerca de 12 cm de altura – neste ponto ela já pode ser transplantada para o local definitivo.

Caso opte pelo plantio em vaso, escolha um recipiente com no mínimo 25 cm de profundidade e preencha o fundo com dois dedos de argila expandida. Depois, adicione terra para plantio misturada com torta de nim e bokashi. Se o plantio for feito em um canteiro, abra berços de 15 cm de profundidade e 40 cm de distância entre um e outro, acomode as mudas e complete com uma mistura de dois terços de substrato orgânico e um terço de húmus de minhoca. Ao fim do primeiro mês, coloque um tutor para conduzir o crescimento da planta.

Durante os primeiros 30 dias após o plantio é indicado regar a planta diariamente. Depois disso, molhar duas ou três vezes por semana é suficiente. A adubação com húmus de minhoca ou adubo orgânico precisa ser feita a cada 30 dias para plantas em vaso, e 40 dias para canteiros.

O tomateiro é uma planta anual e, com os cuidados certos, pode dar flores e frutos o ano todo, com maior intensidade em algumas épocas, conforme o clima. “As temperaturas na faixa dos 21º C são mais propícias para o desenvolvimento de flores e frutos. Já o calor intenso e as temperaturas muito baixas prejudicam a maturação dos frutos”, explica Gabriela Pastro, bióloga do Viveiro Sabor de Fazenda.

Na hora de colher os tomatinhos, gire levemente o cabinho. Se ele não romper facilmente, é sinal de que o fruto ainda não está maduro.

Assim como seus primos maiores, os tomatinhos também são suscetíveis às pragas. As que mais atacam as espécies são os fungos, os ácaros e a mosca-branca. Uma boa dica para protegê-los é evitar o excesso de água – deve-se manter o solo úmido, porém não encharcado.

Evite também molhar as folhas, que são as partes mais frágeis da planta. As sementes do tomate-cereja são produzidas pela Isla Sementes e custam R$ 1,99 em garden centers. As do tomate-uva, da Sakata Seeds, são encontradas por R$ 2.

Até quem não tem muito espaço pode plantar tomatinhos, já que a espécie anual se adapta muito bem ao cultivo em vasos

TOMATINHOS EM DETALHES

• Nomes populares: tomate-cereja e tomate-uva
• Família: Solanáceas
• Origem: a espécie-tipo é nativa da América Latina, principalmente do México e Peru
• Características: herbáceas híbridas desenvolvidas a partir da espécie solanum lycopersicom var. cerasiforme. De ciclo anual, podem atingir 1 m de altura. São cultivadas para a produção de frutos, mas também têm valor ornamental e vão bem em vasos ou direto no solo
• Folhas: pequenas, ovais e verde-escuras
• Flores: pequenas e amareladas, não têm muito valor ornamental. Surgem o ano todo
• Frutos: os do tomate-cereja são mais achatados, têm casca fina e polpa Suculenta. Já os do tomate-uva são compridos como uma uva Thompson e têm a polpa firme. Ambos são encontrados em diversas cores – vermelho, amarelo e rosa, entre outras
• Luz: sol pleno
• Solo: arenoargiloso
• Clima: o tomateiro é típico de clima tropical serrano com característica subtropical e aprecia grande variação de temperatura entre o dia e a noite, mas
se desenvolve em climas bem diversos
• Plantio: o tomateiro é cultivado a partir de sementes que podem ser Plantadas direto no canteiro, tomando cuidado para não afundá-las mais do que 0,5 cm. Outra opção é plantá-las em sementeiras, o que permite controlar
melhor as condições de cultivo. Preencha a sementeira com substrato para mudas, acomode as sementes e regue todos os dias com borrifador até a planta atingir 12 cm. Depois disso, transfira as mudas para um vaso ou canteiro. Se escolher o cultivo em vaso, preencha o recipiente – que deve ter no mínimo 25 cm de profundidade – com uma camada de dois dedos de argila expandida e uma mistura de 1 kg de terra para plantio com 10 g de torta de nim e 15 g de bokashi. Caso o plantio seja feito em canteiro, abra um berço de 15 cm, acomode a muda e complete com dois terços de substrato orgânico e um terço de húmus de minhoca. Deixe uma distância de 40 cm entre um berço e outro
• Regas: diárias no primeiro mês após o plantio e entre duas e três vezes por semana depois deste período. O solo deve ser mantido úmido, mas não encharcado
• Adubação: Coloque húmus de minhoca ou composto orgânico a cada 30 dias nas plantas em vaso, e a cada 40 dias nos canteiros. Também é indicado aplicar adubo foliar a cada 20 dias para maximizar a frutificação
• Podas: corte os ramos “ladrões” sempre que surgirem. Eles são mais finos e aparecem no ponto de encontro entre o caule e as ramificações. Faça também a poda de limpeza quando necessário, eliminando ramos secos e amarelados
• Reprodução: por sementes

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