As plantas que deram um jeito de multiplicar a quantidade de pétalas de suas flores para ficarem ainda mais deslumbrantes

TEXTO ANA VAZZOLA | FOTOS VALERIO ROMAHN

Pétalas coloridas e vibrantes são como vitrines para as flores: com tamanhos e formatos variados, elas atraem os polinizadores que garantirão a perpetuação das espécies. A disputa pela preferência de insetos e passarinhos é acirrada e as plantas, espertas, lançam mão de todo tipo de artimanha para vencer. Algumas deram até um jeito de dobrar o número de pétalas de suas flores, só para aparecer mais que as vizinhas. Sãs as chamadas flores dobradas. O truque deu tão certo que, mesmo sem querer, elas acabaram conquistando também a preferência de muita gente que visita os jardins.

Na Natureza, as primeiras flores dobradas surgiram meio que por acaso, de mutações genéticas em plantas de flores simples. Só que o homem – sempre ele – tratou de multiplicar esses exemplares, levando às gerações seguintes aquele “erro” da Natureza. Depois, foi só cruzar as flores dobradas com outras plantas da mesma espécie para gerar novos cultivares com essa característica mais do que bem-vinda.

A maior quantidade de pétalas ajuda o lisianto de flores mescladas

Foi mais ou menos assim que surgiu o Hippeastrum hybridum ‘Bingo’ (1). Criado na Holanda, ele tem flores de 20 cm de diâmetro e em formato de sino repletas de pétalas estreladas e duplicadas. A exuberante florada vermelha dá as caras na primavera.

É nessa estação também que despontam as numerosas flores do lisianto (Eustoma grandiflorum hybrid) (2). Azuis, rosa, violeta, brancas ou mescladas, elas enchem os canteiros de cor e textura com suas flores de borda ligeiramente encrespada.

Diferente dele, a peônia-solange (Peonia lactiflora ‘Solange’) (3) não pode contar com a ajuda da paleta de cores para se destacar. Suas flores são sempre brancas, levemente rosadas, mas graças à sacada de sobrepor as pétalas, não passam despercebidas.

Disposto a roubar a cena, o Ranunculus asiaticus hybrid (4) exagera na quantidade de pétalas. São mais de 100 amontoadas em flores de apenas 8 cm de diâmetro. Elas brotam no final da primavera e início do verão, e quem vê o espetáculo só tem a agradecer pela falta de comedimento.

A vez dos arbustos

Entre os arbustos de flores dobradas estão algumas figurinhas carimbadas, caso das azaleias (Rhododendron hybrid – Southern Indica Hybrid Group) (1). Comuns nas praças e canteiros centrais de avenidas nas grandes cidades, elas devem muito do esplendor de sua florada às pétalas dobradas – característica que, por sinal, está presente em boa parte das variedades da planta.

Outra velha conhecida que faz sucesso pelo número grande de pétalas é a rosa. Foram tantas as hibridações – acredita-se que ela tenha sido a primeira planta hibridada pelo homem – que hoje quase todas as roseiras são como a Rosa ‘Nirprey’ (2), dotadas de pétalas dobradas. Essa variedade – que, é uma pena, ainda não é cultivada no Brasil – tem um diferencial extra: flores de cores diferentes em um mesmo pé. É absolutamente impossível não parar para admirá-la.

Queridinho das vovós, o jasmim-donzela-de-Orleans (Jasminum Sambac ‘Maid of Orleans’) (3) aposta na dobradinha perfume e pétalas dobradas para chamar os polinizadores. A artimanha é mais do que necessária: embora despontem o ano todo, as flores brancas do arbusto duram um único dia.

Menos conhecida, a rosa-do-Japão-dobrada (Kerria japonica ‘Pleniflora’) (4) até parece um pompom por conta das flores redondas, cheias de pétalas. É uma ótima pedida para quem quer fugir do lugar-comum.

Calandivas: um show à parte

Suculenta de flores estreladas e duráveis, o calanchoe (Kalanchoe blossfeldiana) passou por uma série de melhoramentos genéticos e deu origem às calandivas (Kalanchoe blossfeldiana ‘Calandiva’), uma variedade da planta com pétalas dobradas que chega a ser confundida com as minirrosas, tamanha a quantidade de pétalas sobrepostas.

Com flores em tons de rosa, laranja, amarelo, vermelho, branco e até bicolores, a suculenta de apenas 45 cm de altura é bastante durável – se mantém bonita por até cinco semanas – e, como vai bem dentro de casa, é uma das plantas mais usadas na decoração.

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