Nativa de boa parte do continente americano, a pitaya tem visual exuberante e se destaca no jardim tanto pelos frutos quanto pelas flores

Se você acha que os frutos da pitaya – cuja casca vermelha ou amarela parece coberta por escamas e a polpa cremosa é salpicada de pequenas sementes – são o que a espécie tem de mais curioso, é porque nunca viu o cacto que dá origem a eles. Ornamental por conta dos frutos, das grandes flores brancas e suavemente perfumadas, que se abrem apenas à noite, e da ramagem capaz de escalar árvores, muros ou qualquer estrutura que encontre pelo caminho, a planta faz bonito no jardim e agrada a visão e o paladar de quem a cultiva.

Nativa das Américas do Sul, Central e do México, a pitaya não é o fruto de apenas um, mas de centenas de cactos epífitos. Ela recebeu este nome popular – que em taíno, a língua falada nas Antilhas na época da conquista espanhola, quer dizer “fruta escamosa” – devido ao aspecto de seus frutos. Outro termo muito usado para designá-la é fruta-dragão, dragon fruit em inglês.

As espécies de pitaya se agrupam em quatro gêneros principais – Stenocereus, Cereus, Selenicereus e Hylocereus – e as mais conhecidas são a pitaya vermelha com polpa branca (Hylocereus undatus); a pitaya vermelha com polpa vermelha (Hylocereus lemairei); e a pitaya amarela com polpa branca (Selenicereus megalanthus). A primeira é a mais comum e a que produz os maiores frutos, com até 15 cm de comprimento. A Hylocereus lemairei se destaca pelo tom vermelho de sua polpa, que causa um efeito especial quando usada em drinques. Já a pitaya amarela com polpa branca é a que tem os frutos mais doces e saborosos, que medem até 12 cm de comprimento.

Os frutos vermelho de polpa branca e vermelho de polpa vermelha estão entre os mais conhecidos

EFEITO CURIOSO NO JARDIM

Típica de clima tropical, a pitaya se desenvolve muito bem no Brasil e aprecia substrato rico em matéria orgânica, úmido e bem drenado. Ela geralmente é plantada direto no solo e precisa ser tutorada. O mais comum é instalar junto a ela um mourão de madeira ou concreto de 1,8 m de altura, onde a planta possa se agarrar. Segundo o produtor Luís Bacher, quando os ramos chegam ao topo do tutor, basta cortar os ponteiros para que eles comecem a se ramificar. “Quem preferir também pode cultivar a pitaya junto a muros ou aos troncos de árvores para que ela cresça se agarrando neles”, diz o profissional. Existe ainda a opção de plantar a espécie em vasos e usá-la para decorar ambientes sob meia-sombra.

Os produtores cultivam a pitaya apoiada em mourões, mas em jardins residenciais também é possível plantá-la em vasos e usar tutores para conduzir sua ramagem

Temperaturas entre 18º C e 26º C estimulam a floração, que dura cerca de uma semana, sempre no início do verão. Já a frutificação se estende de dezembro a maio. No que diz respeito aos cuidados, a pitaya é pouco exigente: só precisa ser regada quando o solo estiver muito seco – o excesso de umidade leva as raízes a apodrecer – e adubada com fertilizantes orgânicos a cada três meses. “Quem preferir o adubo químico deve escolher uma formulação com pouco nitrogênio, como o NPK 4-14-8, para não queimar a ramagem da planta”, alerta Bacher. As podas, que visam controlar o volume dos ramos, devem ser feitas conforme a necessidade.

BOA PARA A SAÚDE

Aliada de quem busca uma vida saudável, a pitaya tem baixo teor calórico – cada 100 g de polpa contém apenas 50 calorias –, ajuda a reduzir o colesterol ruim e a controlar a pressão alta. “Ela também é rica em oligossacarídos, probióticos que auxiliam na digestão e na eliminação de toxinas”, diz a nutricionista Marcela Sansone. As sementes pequenas como as do gergelim, que se distribuem pela polpa do fruto, também têm ação laxante. A pitaya pode ser consumida ao natural ou na forma de doces, geleias, refrescos, drinques e vinho. Já as flores da espécie são usadas no preparo de chás.

Além de ser consumida in natura, a pitaya é usada no preparo de drinques, refrescos, doces e geleias

PANNA COTTA DE PITAYA

Ingredientes:

• 1 pitaya de polpa vermelha
• 400 g de iogurte natural
• 6 colheres (sopa) de açúcar
• sumo de 1/2 limão-siciliano
• 1 colher (sopa) de gelatina
em pó sem sabor
• 1 colher (sopa) de rum

Modo de preparo:
Bata o iogurte, três colheres (sopa) de açúcar e o rum no liquidificador até obter uma consistência líquida. Reserve.

Dissolva a gelatina em pó em duas colheres (sopa) de água aquecida em banho-maria. Acrescente a gelatina à mistura que está no liquidificador e bata novamente.

Despeje o creme em taças e deixe na geladeira por duas horas.

Para fazer a geleia, leve ao fogo baixo a pitaya descascada e picada em cubos, o sumo do limão e três colheres de açúcar. Mexa bem até a pitaya dissolver e o líquido engrossar.

Deixe a geleia esfriar e depois coloque-a sobre o creme de iogurte. Devolva as taças à geladeira por mais duas horas.


PITAYA EM DETALHES

• Nomes científicos: Hylocereus undatus (pitaya vermelha com polpa branca); Hylocereus lemairei (pitaya vermelha com polpa vermelha); e Selenicereus megalanthus (pitaya amarela com polpa branca)
• Nomes populares: pitaya, pitaia e fruta-dragão
• Família: Cactáceas
• Origem: Américas do Sul, Central e México
• Características: cactos epífitos e perenes que, na Natureza, crescem se agarrando aos troncos de árvores. No jardim, precisam ser tutorados
• Flores: geralmente são brancas mas, conforme a espécie de pitaya, também podem ser rosadas. Vistosas e suavemente perfumadas, têm cerca de 20 cm de diâmetro, se abrem no fim da tarde e fecham ao amanhecer. Elas despontam no início do verão
• Frutos: conforme a espécie de pitaya, podem ter casca vermelha ou amarela e polpa branca ou vermelha, cremosa e salpicada de pequenas sementes pretas. Eles medem de 8 cm a 16 cm de comprimento e têm sabor levemente adocicado. Começam a se formar entre um e três anos após o plantio da muda, desde que haja polinização
• Luz: meia-sombra
• Solo: bem drenado e rico em matéria orgânica
• Clima: tropical e tropical semiárido
• Plantio: abra berços de 50 cm x 50 cm e preencha-os com uma mistura de terra do local, areia e esterco de curral na proporção 3:1:1. Acomode a muda e complete com um pouco mais de substrato. Use mourões de 1,8 m de altura como tutor e deixe 3 m de espaço entre as mudas. Para o plantio em vasos, use recipientes de, pelo menos, 40 litros
• Regas: apenas quando o solo estiver seco, sem encharcar
• Adubação: a cada três meses, aplicar adubo orgânico ou NPK 4-14-8
• Podas: quando a muda atingir o topo do mourão, corte o ponteiro para incentivar a ramificação. Já as podas para controlar o volume da ramagem devem ser feitas conforme a necessidade
• Propagação: por estaquia dos ramos

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