Residência no interior paulista combina traços contemporâneos com o romantismo dos jardins europeus

Texto HELOÍSA CESTARI | Fotos LEANDRO FARCHI | Projeto MARIA DELMANTO E RENATO PÁTEO

Topiarias, caminhos que levam a locais de descanso, varandões… Características típicas do estilo romântico transformaram esta residência em Campinas (SP) numa perfeita tradução paisagística para o savoir-vivre (saber-viver) francês.

A pedido dos proprietários, que queriam uma atmosfera europeia, a arquiteta paisagista Maria Delmanto e o engenheiro agrônomo Renato Páteo tiveram o cuidado de escolher espécies usuais no Velho Continente que se adaptassem bem ao clima brasileiro. Com isso, os 500 m² de jardim ganharam as formas poéticas de ciprestes-italianos (Cupressus sempervirens – Stricta Group) (1), aspargos-rabo-de-raposa (Asparagus densiflorus ‘Myersii’) (2) e buxinhos topiados (Buxus sempervirens)(3) em torno da piscina biológica. Impossível não se sentir em algum vilarejo do interior da França.

SOMBRA E ÁGUA FRESCA

Arbustos topiados e muitas plantas em vaso compõem o paisagismo no entorno da piscina natural

A área da varanda foi um grande desafio para a dupla de paisagistas, pois o espaço fica em uma laje com apenas 40 cm de profundidade. A solução foi utilizar espécies com raízes menos agressivas e muitos vasos. “Para que o visual não ficasse monótono, misturamos recipientes de cerâmica com outros de concreto com textura”, explica Maria Delmanto.

O espelho d’água que contemplava o projeto original da casa, por sua vez, foi transformado em uma piscina natural rasinha – são 35 m² de área e 40 cm de profundidade –, com peixes, revestimento de mármore rústico e filtragem biológica. O acesso a ela pode ser feito tanto pela varanda quanto pelo caminho de lajões de quartzito amarelo.

Embora a princípio os proprietários não quisessem nenhuma espécie de planta que destoasse do contexto europeu, algumas variedades menos comuns nos paisagismos daquela parte do mundo foram incluídas, caso da sombrinha-chinesa (Cyperus involucratus) (4), ardísia (Ardisia crenata) (5), falsa-vinha (Parthenocissus tricuspidata) (6), véu-de-noiva (Gibasis pellucida) (7) e nandina (Nandina domestica) (5). Há até vasos com os coloridos beijos-pintados-de-sol (Impatiens × hawkeri – SunPatiens Group) (8). A eugênia (Eugenia sprengelii)(9) e a jabuticabeira (Plinia cauliflora) (10), por sua vez, deram um toque de brasilidade ao projeto. “É essa mescla que torna cada ambiente especial. E o resultado ficou bem interessante”, diz Maria Delmanto.

Enquanto a videira encobre o pergolado sobre este ambiente com mesa e bancos, os beijos-pintados-de-sol colorem o cenário

Os pergolados também ganharam destaque. Em um deles, uma videira (Vitis vinifera) (11) faz sombra sobre a mesa esculpida no tronco de uma árvore. Já na área coberta – onde funciona um espaço gourmet com churrasqueira, mesa de vidro e bancos para descanso –, foi criado um cantinho bem verde, adornado por samambaias diversas (12), lavandas (Lavandula dentata) (13) e tamareiras-de-jardim (Phoenix roebelenii) (14).

MAIS QUE UMA HORTA

Uma característica sempre presente em jardins de estilo romântico é o traçado livre, com curvas e caminhos que geralmente levam a algum local de descanso. É o caso deste espaço, onde Maria Delmanto e Renato Páteo criaram uma pequena sala de estar com temperos e frutíferas.

Uma escada com filetões de quartzito amarelo assentado com junta seca e emoldurada por uma parede toda coberta por falsa-vinha (15) conduz até este cantinho de sossego com poltronas brancas de madeira e chão de cascalho rosa.

No entorno foram plantados alecrim (Rosmarinus officinalis) (16), uma jabuticabeira (17) e arbustos como o podocarpo (Podocarpus macrophyllus var. maki) (18) e a leia-verde (Leea guineensis) (19).

A falsa-vinha encobre toda a parede: é como se um jardim vertical emoldurasse cada degrau da escada de quartzito amarelo

 

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