Na horta, algumas plantas se fortalecem quando cultivadas juntas, enquanto outras devem ser mantidas distantes. Entenda por quê

– Por Marina Gabai | Fotos Valerio Romahn

Saber quais plantas combinar e quais espécies manter isoladas é um dos segredos de uma boa colheita na horta caseira

Ter uma horta em casa é a garantia de consumir hortaliças e temperos frescos e orgânicos, além de desfrutar momentos agradáveis cuidando das plantas. Mas, para o cultivo ser bem-sucedido, não basta separar um espaço de terra e fazer o plantio de qualquer jeito. Assim como as pessoas, que se dão bem com alguns indivíduos que e preferem ficar longe de outros, as plantas também têm suas preferências e se desenvolvem melhor quando combinadas com determinadas espécies – as chamadas plantas companheiras – ou são prejudicadas pela proximidade de outras – as plantas antagônicas.

Conhecer as melhores – e piores – combinações não é vantajoso apenas para as hortaliças, mas também para o hortelão, já que as plantas se fortalecem e se protegem juntas, poupando o trabalho de quem cuida.

HORTA EM HARMONIA

São vários os fatores capazes de fazer de duas plantas um par perfeito na horta. Uma espécie alta, por exemplo, é uma bela companhia para aquela que não pode receber sol direto, pois a protege com sua sombra. Há também os casos dos vegetais que atraem insetos predadores das pragas que afetam outras plantas e, assim, ajudam a evitar ataques. Temperos e hortaliças com as mesmas necessidades de luminosidade, água e época de plantio também podem ser considerados plantas companheiras.

As antagônicas, por outro lado, são as plantas que têm seu desenvolvimento prejudicado quando cultivadas juntas. Podem ser espécies da mesma família e que competem por nutrientes; ou duas plantas suscetíveis a uma determinada praga: quando uma delas é atacada, acaba favorecendo a infestação da outra.

A alelopatia é outro fator que pode fazer com que duas espécies se deem bem ou mal. Apesar do nome difícil, o conceito não é assim tão complicado: as plantas, assim como todos os organismos, liberam substâncias químicas quando realizam processos metabólicos. Algumas dessas substâncias – os chamados metabólitos secundários – podem afetar os organismos ao redor tanto de forma positiva, ajudando no crescimento, por exemplo; quanto de forma negativa, inibindo a germinação das sementes.

AS MELHORES COMPANHIAS

Conheça algumas plantas que só têm a ganhar quando cultivadas juntas:

Manjericão e tomate – esses dois foram feitos um para o outro: além de terem características de cultivo parecidas – gostam de sol e de bastante água –o aroma do manjericão afasta pragas e insetos do tomate. O mais indicado é plantar o tempero no começo e no fim das fileiras de tomate.

Com seu aroma agradável, o manjericão (1) repele os insetos que insistem em atacar os frutos do tomateiro (2)

Louro e alecrim-rasteiro – como o nome já indica, o alecrim-rasteiro cresce rente ao solo e tem raízes rasas, enquanto o louro cresce para cima e tem raízes profundas. Eles podem ser plantados juntos, para economizar espaço, sem que um atrapalhe o outro.

Combinar louro (1) com alecrim-rasteiro (2) é um jeito de economizar espaço na horta. As raízes das duas plantas não disputam espaço

Alface e cenoura – a dupla que é sucesso na salada também se dá bem na horta. Assim como o louro e o alecrim-rasteiro, elas não competem por espaço – enquanto a raíz da cenoura é profunda, a da alface é mais superficial. As propriedades alopáticas compatíveis também favorecem o cultivo combinado dos dois vegetais.

Feitas uma para a outra, alface e cenoura se dão bem tanto na horta quanto na salada

Alecrim, sálvia e tomilho – por requererem os mesmos cuidados, os três vão muito bem juntos e podem ser plantados tanto em canteiros quanto em vasos.

MANTENHA DISTÂNCIA

Para garantir o sucesso da sua horta, é melhor deixar essas espécies bem longe umas das outras:

Morango e tomate, batata, pepino ou berinjela – por ser muito frágil e suscetível ao ataque de pragas, o morango não deve ser plantado junto de espécies como o tomate, a batata, o pepino e a berinjela, que são atraentes para fungos como o verticillium. A praga começa afetando as folhas do morango e pode levá-lo a perecer.

Cebolinha e nirá – as duas ervas pertencem à mesma família – a das amarilidáceas – e são muito suscetíveis ao ataque de pulgões. É melhor mantê-las separadas, já que, se uma for infestada, a outra também será afetada.

ANTES SÓ DO QUE MAL-ACOMPANHADO

Algumas espécies são antissociais e devem ser mantidas isoladas. A pimenta é uma delas: como consome muitos nutrientes do solo, ela acaba
prejudicando as demais plantas. Além disso, se não receber os devidos
cuidados, pode atrair um grande número de pragas que, no final das contas,
atacam o resto da horta.

A salsinha é outra que não gosta muito de se misturar: libera metabólitos
secundários que podem prejudicar a aparência das suas vizinhas. Já a menta, que é ótima para repelir pragas, tem raízes agressivas que acabam matando as espécies ao redor.

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