Ornamental e fácil de cultivar, a macadâmia dá
sementes que trazem saúde e sabor à mesa

TEXTO JANETE TIR | FOTOS VALERIO ROMAHN


Algumas árvores se destacam pela beleza. Outras, além disso, ganham fama por muitas curiosidades. A macadâmia se enquadra em ambos os casos. Suas nozes são conhecidas pelos aborígines, os primeiros habitantes da Austrália, há milênios. Esses povos se alimentavam das sementes do interior das nozes e extraíam um óleo usado em unguentos para curar ferimentos e cosméticos primitivos para pintar a face e o corpo. Nem a casca duríssima das nozes da macadâmia era empecilho para que aproveitassem aquela semente chamada por diversos nomes: boombera, burrawang, kenda, kindal-kindal…

Só no século 19 é que botânicos, em viagens exploratórias pela costa australiana, coletaram as nozes da macadâmia. No primeiro momento, não deram muita importância para aquela planta com centenas de frutos e grandes cachos de flores brancas e perfumadas. Até que alguém experimentou a semente e descobriu que tinha um gosto diferente e muito saboroso. A partir daí, os estudiosos começaram a se interessar pela árvore e a catalogaram como Macadamia integrifolia. O termo Macadamia foi uma homenagem a John Loudon MacAdam (1756-1836), cientista escocês que descobriu a espécie, e integrifolia se refere às suas folhas, inteiras e sem margens recortadas.

Assim nasceu, em 1870, na Austrália, a cultura da macadâmia, a rainha das nozes. Depois foi levada ao Havaí, hoje responsável por 70% da produção mundial, à Califórnia e, na década de 1930, chegou ao Brasil. Quem trouxe a macadâmia ao nosso país foi o alemão João Dierberger (1869-1931) após uma viagem ao Havaí. “Ele realizou semeaduras e várias seleções com a ajuda do Instituto Agronômico de Campinas, o IAC. Atualmente, o Brasil está em quinto lugar na produção mundial”, diz Christian Dierberger, neto de João e administrador da Fazenda Citra, uma grande produtora de macadâmia.

Com porte de até 18 m, a macadâmia precisa de regas constantes para se manter saudável e frutificar

“Essa árvore é uma boa opção comercial”, atesta o agrônomo Luís Carlos Tavares. “A macadâmia começa a produzir comercialmente no quinto ano após o plantio. Se for bem conduzida, dá em média 20 a 40 kg de nozes por planta e produz por mais de cinco décadas”, afirma.

A noz da macadâmia tem sabor agradável e meio amanteigado. Geralmente, é consumida torrada e salgada como petisco, mas também pode ser utilizada em sorvetes, bolos, brownies e bombons. Na indústria de cosméticos, a semente fornece óleo para xampus e sabonetes, entre outros produtos. Os cientistas já elevaram a macadâmia ao patamar de alimento funcional pois, segundo estudos, a semente ajuda a evitar danos cardiovasculares e a equilibrar o colesterol. Como é rica em antioxidantes, retarda o envelhecimento. E mais: estudos apontam a macadâmia como parte essencial em dietas para diabéticos. De ruim mesmo, são as 647 calorias encontradas a cada 100 g da semente. Mais do que normalmente tem um hambúrguer.

Como cultivar

A macadâmia atinge até 18 m de altura. No seu plantio, precisa de solo fértil, boa irrigação e drenagem caprichada. Apesar de se reproduzir por sementes, as mudas enxertadas são mais indicadas para o plantio. Só é necessário atenção para escolher mudas saudáveis e de boa procedência.

As covas devem medir 50 cm de profundidade por 50 cm de diâmetro e conter uma mistura de matéria orgânica – esterco de curral curtido, por exemplo – com terra. O regime de regas depende da umidade e do clima da região. “Recomendo começar o plantio sempre de setembro em diante, uma época de muitas chuvas. Isso reduz a necessidade de regas”, ensina Dierberger. Esse conselho é bem valioso, pois a macadâmia é muito exigente com a água. Em regiões muito secas, deve-se irrigar a árvore, no mínimo, três vezes por semana. Em locais em que o solo mantém-se úmido, não é necessário regar.

Duas vezes por ano, no verão e na primavera, é recomendável adubar a espécie com NPK 20-40-20 mais micronutrientes. Os primeiros frutos surgem a partir do terceiro ano após o plantio, mas só depois de cinco anos é que se tem uma boa colheita. Para facilitar o processo, é bom retirar os galhos da base da árvore. Isso também ajuda a passagem de sol e vento. “As macadâmias nunca devem ser colhidas das árvores. O melhor é recolher os frutos que caem no chão. Isso garante que eles estão realmente maduros”, afirma Christian Dierberger.

Quando a árvore está bem cuidada, dificilmente sofre com pragas e doenças. O que ocorre com mais frequência são ataques de percevejos ou fungos no período da florada. O problema pode ser resolvido facilmente com pulverizações de defensivos durante a época da floração.

Os frutos podem ser consumidos ao natural ou em diversas receitas
(Foto: Divulgação Reserva Aroeira)

Macadâmia em detalhes

Nome científico: Macadamia integrifolia
Nomes populares: macadâmia e noz-macadâmia
Família: proteáceas
Origem: Austrália
Características: árvore muito ramificada que forma uma espessa cobertura de folhagem
Porte: 18 m de altura por 13 m de diâmetro da copa
Flores: cachos de flores brancas e perfumadas que surgem no inverno
Folhas: elípticas, verde-escuras e brilhantes com as bordas onduladas
Frutos: esferas com 3 cm de diâmetro e casca marrom-avermelhada que guarda uma castanha redonda e comestível
Adubação: NPK 20-40-20 mais micronutrientes duas vezes por ano, no começo do verão e na primavera
Luz: sol pleno
Solo: rico em matéria orgânica e bem drenado
Clima: tropical, em lugares onde os dias são mais quentes e as noites mais frias
Regas: três vezes por semana, em regiões de clima mais seco. Em locais que o solo se mantenha úmido, não é necessário regar
Propagação: por sementes ou enxertia

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