Com folhas que parecem pintadas à mão, ele enfeita o jardim e pode integrar receitas

TEXTO MARINA GABAI | FOTOS VALERIO ROMAHN

Encontrar uma herbácea de folhas crespas, parecidas com as do repolho, em meio ao canteiro repleto de flores pode levantar a dúvida: é para ver ou para comer? Se a planta em questão for o repolho-ornamental (Brassica oleracea var. acephala) a resposta é os dois. Parente do repolho comum (Brassica oleracea var. capiata), que é figurinha carimbada em saladas e outros pratos, a versão ornamental da planta foi desenvolvida por meio de hibridações no Japão e é relativamente nova no Brasil – só começou a dar as caras por aqui em 2003. Como adora um friozinho, é ótima para enfeitar os canteiros anuais durante o outono e o inverno, mas depois deve ser substituída por outra espécie.

A variedade de cultivares à venda no mercado é grande, e o que diferencia um do outro é a textura e coloração das folhas mais internas, uma vez que as externas são sempre verdes. Crespas ou lisas, elas se agrupam em rosetas de miolo branco ou arroxeado – tudo depende da variedade da planta e do clima. “Quanto mais baixas as temperaturas, mais intenso é o colorido”, explica Cristiano Kuhn, da Floricultura Úrsula (www.floriculturaursula.com.br). Em alguns repolhos-ornamentais, até as nervuras das folhas são coloridas.

Versátil no jardim e no prato

O repolho-ornamental pode ser cultivado tanto em vasos quanto direto no solo, formando maciços ou bordando canteiros. Outra boa opção é combiná-lo com floríferas de inverno, para criar um cenário dinâmico. Boca-de-leão (Antirrhinum majus), amor-perfeito (Viola × wittrockiana), álisso (Lobularia maritima), calêndula (Calendula officinalis) e ranunculus variados são algumas das sugestões de Cristiano Kuhn.

Além de enfeitarem o jardim, as folhas da planta podem ser usadas em saladas e refogados

Se o objetivo for usar as folhas da planta em saladas e refogados, certifique-se de que ela foi produzida sem o uso de defensivos químicos, que são proibidos em plantas voltadas ao consumo. Corte sempre as folhas mais externas e lave-as muito bem.

Sob sol e frio

Fã de sol pleno, o repolho-ornamental se adapta melhor a regiões onde o inverno é mais marcado, como no Sul e no Sudeste do Brasil. Ele pode até ser plantado em climas mais quentes, mas nesse caso é recomendável mantê-lo à meia-sombra, para que não sofra tanto com o calor. O jeito mais prático de cultivá-lo é a partir de mudas compradas em garden centers, que devem ser plantadas entre abril e agosto, que é quando as temperaturas estão mais baixas e os dias, mais curtos.

Abra um berço com o dobro do tamanho do torrão, incorpore à terra retirada do local de 2 kg a 3 kg de matéria orgânica e acomode a muda de modo que as folhas mais baixas fiquem no nível da terra. Quem preferir a adubação química pode dispensar o composto orgânico e, logo após o plantio, aplicar 20 g de NPK 10-10-10. Se a ideia for plantar diversos exemplares para criar maciços ou bordaduras, deixe uma distância de cerca de 30 cm entre eles. Já para o plantio em vaso, escolha um recipiente com, no mínimo, 30 cm de diâmetro e de profundidade e preencha com substrato próprio para plantio.

Um dos usos da espécie no jardim é em vasos, sozinha ou combinada com outras plantas

Há ainda a possibilidade de cultivar a espécie desde a semente. Nesse caso, o gerente do departamento de flores e plantas ornamentais da Sakata (www.sakata.com.br), Roberto Oki, recomenda, entre fevereiro e março, distribuir as sementes em uma sementeira preenchida com substrato próprio para plantio. Depois de 30 dias, transfira-as para um vaso e, quando estiverem com 25 cm de altura, transplante-as para o local definitivo.

As mudas de repolho ornamental custam R$ 5,40 na Floricultura Úrsula.

Repolho-ornamental em detalhes

Nome científico: Brassica oleracea var. acephala
Nome popular: repolho-ornamental
Família: Brassicáceas
Origem: híbridos criados principalmente na Europa a partir de plantas nativas da região do Mediterrâneo
Características: herbácea anual de caule curto e folhas dispostas em forma de roseta. Mede até 30 cm de altura
Folhas: as mais externas são verdes e as mais internas podem exibir tons que vão do branco ao roxo intenso. Em alguns cultivares elas são lisas e, em outros, têm as margens encrespadas
Flores: pequenas e amareladas, não têm valor ornamental. Devem ser cortadas quando nascem
Solo: bem drenado e rico em matéria orgânica
Luz: sol pleno, mas em regiões de clima mais quente a espécie pode ser cultivada à meia-sombra
Clima: típico de clima subtropical, também se adapta ao tropical
Regas: diárias para os exemplares em vaso. Os cultivados em canteiros só devem ser regados quando o solo estiver seco
Plantio: em canteiros, acomode a planta em um berço com o dobro do tamanho do torrão e certifique-se de que as folhas mais baixas fiquem no nível da terra. Para o cultivo em vaso, preencha um recipiente com 30 cm de diâmetro e de profundidade com substrato para plantio e acomode a muda
Adubação: no momento do plantio, incorpore ao solo de 2 kg a 3 kg de composto orgânico ou aplique 20 g de NPK 10-10-10
Reprodução: por sementes

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