Confira os cuidados essenciais na hora de colher temperos para manter sua horta sempre saudável

– Por Laura Neaime| Fotos Valerio Romahn | Produção Aida Lima

As ervas e os temperos são o segredo de qualquer prato de dar água na boca. Quando os ingredientes são frescos e vão da horta direto para a panela, então, o sucesso é praticamente garantido. Mas, para que as mudas continuem a crescer de forma saudável mesmo depois da colheita, é importante tomar alguns cuidados na hora de cortar as folhas e ramos.

O primeiro deles, que vale para todas as ervas e temperos, é jamais arrancar as folhas: isso pode enfraquecer a planta e prejudicar o paisagismo, criando falhas na ramagem. A herborista Sabrina Jeha explica que o correto é cortar as pontas dos ramos com tesouras de jardinagem, tomando o cuidado de manter o formato original da planta, e só depois soltar as folhas para usar na cozinha.

MANJERICÃO

O manjericão (Ocimum sp.), ingrediente principal de famosos pratos, como o pesto e a pizza margherita, requer alguns cuidados extras. Apesar de essa herbácea aromática e ornamental ficar ainda mais charmosa nos meses quentes do ano, época em que despontam suas inflorescências espigadas em tons de rosa e lilás, quem pretende cultivá-la para consumo precisa se desapegar da florada: as flores consomem muita energia da planta e prejudicam o desenvolvimento da folhagem – parte utilizada na culinária. Por isso, devem ser cortadas assim que se formarem. Para não errar na poda, conte três pares de folhas abaixo da inflorescência e faça o corte. A dica vale para todas as variedades de manjericão. Sabrina recomenda aproveitar as inflorescências como flores de corte e usá-las para decorar e aromatizar ambientes internos da casa.

Apesar de ornamentais, as inflorescências do manjericão roubam força da folhagem e devem ser podadas

HORTELÃ, SALSINHA E SÁLVIA

Ter um pé de hortelã (Mentha spicata) (1) vigoroso no jardim depende, em grande parte, de uma poda benfeita. Isso porque, com o tempo,
mesmo que seus ramos sejam cortados do jeito certo – retirando-se as pontas com tesouras de jardim –, a espécie, que é perene, acaba apresentando sinais de enfraquecimento: perde o viço e as folhas ficam mais espaçadas. Diante de um quadro como esse, a dica de Sabrina para recuperar a planta é fazer uma poda drástica rente ao solo. Uma semana depois, quando a muda começar a rebrotar, adube-a com composto orgânico ou húmus de minhoca.

A concentração de folhas apenas na ponta dos ramos indica que a hortelã está fraca e precisa de uma poda drástica

A dose recomendada é de uma colher de sopa para cada vaso médio. A regra para a salsinha (Petroselinum crispum) (2), que tem ciclo bianual, é um pouco diferente: quando cultivadas para consumo, as mudas devem ser substituídas, no máximo, a cada 12 meses. Isso porque as folhas frescas, que são as indicadas para a culinária, só são produzidas enquanto a planta é jovem. Passado o primeiro ano, elas se tornam mais rígidas e amareladas.

Os ramos da salsinha devem ser colhidos de fora para dentro e cortados a 3 cm do solo

A colheita da espécie é uma das mais delicadas e exige bastante atenção: os ramos devem ser cortados de fora para dentro, preservando as folhas mais novas. Esse cuidado visa manter intacto o broto da salsinha, que fica no centro da planta. Fazer os cortes a 3 cm do solo também ajuda a preservar a herbácea. Para manter o vigor da sálvia (Salvia officinalis) (3) por mais tempo, siga a regra de cortar as pontas dos ramos de maneira uniforme. Outro cuidado que a espécie demanda é a remoção, com o auxílio de uma tesoura, das folhas amareladas ou danificadas.

Para manter a sálvia vigorosa, corte uma a uma as folhas amareladas. Já a colheita deve ser feita com o corte das pontas dos ramos

ORÉGANO, TOMILHO E ALECRIM

Apesar de temperos como o orégano (Origanum vulgare) (4), o tomilho (Thymus vulgaris) (5) e o alecrim (Rosmarinus officinalis) (6) serem consumidos principalmente na forma de folhas secas, vendidas em supermercados, vale a pena cultivá-los na horta para usar na culinária: os ramos e folhas frescos deixam os pratos ainda mais apetitosos e aromáticos. As três plantas são perenes e seguem a mesma regra de colheita: cortar as pontas dos ramos com uma tesoura de poda. Deve-se, porém, tomar o cuidado extra de identificar e retirar, preferencialmente, os ramos mais longos ou concentrados do lado mais cheio da planta. Assim, garantem-se o crescimento uniforme e a boa aparência da muda.

Apesar de o orégano ser mais comum na versão seca, a erva fresca é muito aromática e pode se tornar o diferencial do prato

Diferentemente do que acontece com o manjericão, as flores do orégano, tomilho e alecrim não precisam ser removidas, pois não prejudicam o desenvolvimento da folhagem. Segundo a nutricionista e herborista Silvia Jeha, só vale a pena cortá-las se for para usar em saladas e pratos frios, uma vez que estas flores são comestíveis.

Os ramos do tomilho costumam ser usados no preparo de assados e no bouquet garni, um amarradinho de ervas e temperos que dá sabor especial a cozidos

Para não prejudicar a aparência e o desenvolvimento do alecrim, corte as pontas dos ramos de maneira uniforme, sempre mantendo o formato original da planta

CEBOLINHA E CAPIM-SANTO

A cebolinha (Allium fistulosum) (7) e o capim-santo (Cymbopogon citratus) (8) têm formato diferente da maioria das espécies presentes nas hortas, e isso influencia nos procedimentos de colheita. As folhas alongadas – que são utilizadas na culinária – surgem a partir de pseudocaules formando touceiras. Elas devem ser cortadas acima do colmo, estrutura branca que fica na base das plantas, a cerca de 5 cm do solo. No caso da cebolinha, que junto com a salsinha compõe o cheiro-verde, corte todos os ramos do pé de uma só vez. A colheita pode ser repetida até quatro vezes ao longo da vida da planta. Como, geralmente, parte dos ramos cortados não é usada imediatamente, a dica para não desperdiçá-los é limpá-los bem, picá-los e depois congelá-los. Já no caso do capim-santo, utilizado em chás e sucos, as folhas podem ser retiradas aos poucos, conforme a demanda.

No corte da cebolinha e do capim-santo é essencial preservar o colmo, parte branca localizada na base das touceiras

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