O cultivo e a história da herbácea que conquistou a Grécia, a moda e os jardins

POR JANETE TIR | FOTOS VALERIO ROMAHN

O nome científico do cravo, Dianthus caryophyllus, diz muito sobre essa herbácea adorada desde a antiguidade. O termo Dianthus vem do grego e significa literalmente “a flor de Zeus”, o mais importante deus do Olimpo. Já a designação caryophyllus quer dizer “folha-noz” e foi emprestada do cravo-da- índia (Caryophilus aromaticus – hoje reclassificado como Syaygium aromaticum), pois seu aroma lembra o da especiaria.

A espécie é cultivada há mais de 2.000 anos e sua beleza foi eternizada em quadros renascentistas famosos, como A Virgem do cravo, de Leonardo Da Vinci, e na literatura, onde costuma representar a figura masculina, em oposição à rosa, a figura feminina. A canção infantil “o cravo brigou com a rosa” reflete bem esse dualismo.

A floração do cravo é sinônimo de beleza e surgem na primavera e verão

Na perfumaria e na moda, o cravo também é valorizado. Seu óleo essencial dá notas marcantes a fragrâncias famosas, como Opium, de Yves Saint Laurent, Lauren e Gucci no 1, de Ralph Lauren. E suas flores enfeitam as lapelas de noivos e padrinhos em casamentos desde a década de 1930, quando o Duque de Windsor, um dos homens mais elegantes da época, lançou a moda.

Até para a História o cravo entrou. Ficou conhecido como Revolução dos Cravos o golpe militar que, em 1974, derrubou a ditadura salazarista, em Portugal. Na época, como sinal de apoio ao golpe, o povo distribuiu cravos vermelhos aos soldados rebeldes, que colocaram a flor nos canos de suas armas.

Amplamente hibridado ao longo dos séculos, o cravo apresenta inúmeras variedades, inclusive algumas anãs – as que ilustram essa reportagem são dessa categoria. Devido ao seu porte, o cravo-anão é muito requisitado como forração no jardim.

Mas não se engane, embora apresente flores parecidas, essa espécie de cravo não tem nada a ver com o cravo-de-defunto (Tagetes patula), espécie rústica, da família das compostas, nativa do México e típica de clima tropical. O
Dianthus caryophyllus faz parte da família das cariofiláceas, é nativo do Sul da Europa até a Índia, exigente em tratos e típico de clima temperado e subtropical.

No Brasil, foi lançado recentemente – pela Sakata Seeds – um cravo-anão que atinge, no máximo, 25 cm de altura: Dianthus caryophyllus ‘Carnation Lillipot’ (Extra Dwarf). No paisagismo é ideal para forrar canteiros ou ser cultivado em vaso, sob sol pleno ou meia-sombra.

Diferentemente de outras variedades da planta que são propagadas por estaquia, o cravo-anão só nasce se for plantado por sementes em condições bem especiais. “É uma espécie que deve ser semeada no outono e inverno, em regiões de climas frios, pois quanto menor a temperatura na fase de desenvolvimento, mais florífera ela será. Por isso, produzimos as mudas em estufas especiais”, explica Márcia Kobori, engenheira agrônoma da Sakata no Brasil.

Rosa-claras, brancas, púrpuras… as flores do cravo-anão podem ser encontradas em oito cores diferentes

Quem mora em regiões de altitude pode até semear a planta diretamente no canteiro, mas precisa ter tempo para os tratos. O substrato deve ser à base de casca de pínus ou de turfa e com pH neutro – entre 5,8 e 6,2. As adubações precisam ser semanais com NPK 15-5-30. Regas, a cada três dias, são essenciais para a boa formação da muda. “É mais prático e barato comprar as mudas prontas”, diz Márcia Kobori. Aí basta regar diariamente nos dias ensolarados e a cada três dias quando a temperatura estiver amena.

São oito as cores de flores disponíveis do cravo-anão: branca, amarela, laranja, rosa-claro, lilás, rosa-escuro, vermelha e púrpura. Escolha a que achar mais encantadora e decore o jardim com essas perfumadas flores históricas.

Cravo-anão em detalhes

Nome científico: Dianthus
caryophyllus ‘Carnation Lillipot’
(Extra Dwarf)
Nome popular: cravo-anão
Família: cariofiláceas
Origem: Sul da Europa até a Índia
Características: herbácea delicada de ciclo anual
Flores: surgem na primavera e verão e podem ser encontradas em oito cores diferentes: branca, amarela, laranja, rosa-claro, lilás, rosaescuro, vermelha e púrpura
Porte: 25 cm de altura
Luz: sol pleno e meia-sombra
Plantio: substrato à base de casca de pínus ou de turfa, com pH entre 5,8 e 6,2
Clima: temperado e subtropical
Regas: três vezes por semana nos primeiros três meses. Depois, diariamente em dias ensolarados e a cada três dias em dias nublados
Adubação: semanais com NPK 15-5-30, na fase de crescimento da planta
Propagação: por sementes