Espécies topiadas que mais parecem esculturas ditam o estilo italiano deste jardim pra lá de criativo
Texto Heloísa Cestari | Fotos Valério Romahn | Paisagismo Gilberto Elkis
Caminhar por este jardim no interior de São Paulo é como passear por terras europeias.Tudo por conta do paisagismo em estilo toscano de Gilberto Elkis, capaz de fazer qualquer um esquecer que está bem longe da Itália.
As plantas topiadas – uma marca registrada dos jardins clássicos – estruturam o paisagismo e delimitam ambientes como o pátio tipicamente italiano, com direito a piso de pedriscos e uma fonte de pedra no centro. São buxinhos, figueiras, gardênias e até podocarpos moldados para surpreender o visitante a cada passo: surgem ora em forma de bola, ora com corte retilíneo, e até com as copas aparadas para compor uma grande massa verde perfeitamente desenhada.
As ervas e frutíferas cítricas, capazes de perfumar os ambientes e aguçar o paladar, têm lugar cativo próximo à área de refeições. Como cair no óbvio é algo fora de cogitação nesse projeto, elas foram combinadas com espécies ornamentais que podem tanto fazer as vezes de pano de fundo quanto servir de forração. Confira algumas das melhores ideias desse jardim.
CRIATIVIDADE NA GEOMETRIA
Nem só com buxinhos (Buxus sempervirens) (1) em forma de bola e arbustos de corte retilíneo se faz um jardim clássico. Para formar par com os canteiros de gardênias (Gardenia jasminoides) (2) e levar às alturas as figuras geométricas, o paisagista Gilberto Elkis enfileirou um conjunto de figueiras (Ficus benjamina) (3) e cortou suas copas criando um grande bloco retangular. Os podocarpos (Podocarpus macrophyllus var.maki) (4) – responsáveis por trazer verticalidade ao pátio – também não escaparam da tesoura e ganharam um desenho cilíndrico raramente visto.
A quebra do padrão geométrico fica por conta de espécies como as camélias (Camellia japonica) (5) e lavandas (Lavandula dentata) (6), plantadas junto à varanda para enfeitar o ambiente de estar com sua bela florada; e de um pinheiro (7) acomodado em um vaso de terracota e conduzido para ganhar a forma de bonsai. Também se destaca na composição a trepadeira sete-léguas (Podreana ricasoliana) (8) encobrindo parte da parede da casa. Ela quebra a rigidez da construção e serve de moldura para as camélias.
JARDIM DE AROMAS E SABORES
Figurinhas carimbadas nos jardins toscanos, as ervas aromáticas e os cítricos não poderiam ficar de fora do projeto. E nada mais natural que plantá-los junto à área de refeições, para facilitar seu uso na culinária. Para compor a horta, Gilberto Elkis construiu uma jardineira elevada de tijolos – ela mede 1,2 m x 3,5 m x 90 cm – mais tradicional no estilo toscano e preencheu-a com os temperos. Mas a melhor surpresa ele reservou para o pomar: em um maciço de buxinhos (1) topiado de forma retilínea, o paisagista abriu nichos circulares para acomodar os caules de cinco pés de laranjinha-imperial (Citrus × microcarpa ‘Peters’) (9). O pano de fundo fica por conta da florífera tumbérgia-arbustiva (Thunbergia erecta) (10), que ajuda a esconder o muro.
Outras frutíferas cítricas, como o limão-siciliano (Citrus limon ‘Siciliano’) (11), foram distribuídas pelas demais áreas do ambiente. Tem até uma cultivada como bonsai decorando a mesa de mármore travertino. O móvel – e as cadeiras coloridinhas que o circundam – fica sob o charmoso pergolado encoberto pela ramagem da madressilva (Lonicera japonica) (12). O toque final da decoração é dado pela bicicleta de ferro com vasinhos de gerânios-pendentes (Pelargonium peltatum) (13).