Texto Helena Rinaldi

Fotos Valério Romahn

Com a copa verde, amarelada pelas flores, avermelhada pelos frutos ou completamente despida, a árvore-da-China não deixa a paisagem cair na monotonia

Se você é daqueles que gostam de ver o jardim em constante mudança, vai adorar a árvore-da-China (Koelreuteria bipinnata). Tal qual um camaleão, ela passa por tantas mudanças ao longo do ano que uma coisa é certa: não sobra tempo para a mesmice no paisagismo.

Durante a primavera e o verão, a árvore de até 12 m de altura exibe sua ampla copa tomada por folhas verdes, que proporcionam uma deliciosa sombra. Mas é só o outono chegar para que comecem a despontar as inflorescências espigadas, repletas de florzinhas amarelas e perfumadas. O espetáculo é breve – dura apenas 15 dias –, e tem seu auge em um curto período no final de março, quando na copa ainda florida começam a pipocar os primeiros frutinhos róseo-avermelhados – que são muito ornamentais, porém não comestíveis. Como o tamanho deles logo fica similar ao das flores, para quem vê de longe a mistura de amarelo e vermelho, a sensação é de que a árvore floresce em duas cores.

No final de março, quando a árvore ainda está florida, começam a despontar os primeiros frutinhos. Pintada de amarelo e vermelho ao mesmo tempo, ela atinge o auge da beleza

Passada a frutificação, é hora de a folhagem se pintar de amarelo– o fenômeno só acontece em regiões de clima mais frio e é um prelúdio para a chegada do inverno –, para então cair formando um tapete de folhas no solo, deixando os ramos da árvore-da-China completamente despidos.

Berço esplêndido 

Como o nome popular indica, a Koelreuteria bipinnata é nativa da China e aprecia climas amenos, como o subtropical e o tropical de altitude. De crescimento rápido, ela forma uma copa bem frondosa e é considerada uma espécie longeva, podendo viver de 50 a 100 anos.

Os vistosos frutos da espécie são avermelhados e muito ornamentais

A planta chegou ao Brasil no final da década de 1970, trazida pelo Instituto Agronômico de Campinas, e hoje é muito utilizada na arborização urbana e no paisagismo de parques do Sul e Sudeste. “É uma espécie que resiste muito bem à poluição urbana e cujas raízes profundas se adaptam à pavimentação”, explica Luís Bacher, diretor comercial da Dierberger Plantas.

Segundo o profissional, seu cultivo não tem grandes segredos: basta abrir um berço amplo e preenchê-lo com a terra retirada do local enriquecida com 10 litros de esterco de curral e 500 g de superfosfato simples. Regue três vezes por semana até as raízes se estabelecerem e, a partir de então, diminua a frequência das irrigações para uma ou duas vezes por semana.

Com a fecundação das flores, o vermelho toma conta da árvore, que fica repleta de frutos

As adubações trimestrais se resumem à aplicação de NPK 10-10-10. Já as podas, que visam apenas dar forma à copa frondosa da árvore, consistem na remoção dos ramos secos ou malformados conforme a necessidade.

Na Dierberger Plantas (www.fazendacitra.com.br), mudas de árvore-da-China com 1,80 m de altura são vendidas por R$ 15. Já na Trees (www.trees.com.br), plantas com 3,5 m de altura custam R$ 150.

Árvore-da-China em detalhes

• Nome científico: Koelreuteria bipinnata
• Nomes populares: árvore-da-China e árvore-camarão
• Família: Sapindáceas
• Origem: China
• Características: árvore caducifólia de até 12 m de altura e crescimento rápido. Tem a copa bem aberta
• Folhas: geralmente são verdes, mas em regiões frias costumam ficar amareladas no outono, antes de cair
• Flores: pequenas, amareladas e perfumadas, despontam em grande quantidade no outono, agrupadas em inflorescências grandes e espigadas. A florada dura cerca de 15 dias
• Frutos: são ovoides,vermelho-salmão e ocos, o que acaba deixando a semente solta lá dentro. De consistência celulósica, não são comestíveis


• Solo: arenoargiloso acrescido de matéria orgânica
• Luz: sol pleno
• Clima: subtropical, tolerante ao tropical de altitude
• Plantio: para mudas com cerca de 1,80 m de altura, abra um berço de 50 cm x 50 cm. Preencha-o com a terra retirada do local acrescida de 10 litros de esterco de curral e 500 g de superfosfato simples e acomode a muda
• Regas: no início, regue a planta três vezes por semana. Depois que ela estiver bem estabelecida e novas brotações começarem a surgir, diminua a frequência para uma ou duas vezes por semana
• Adubação: a cada três meses, aplique NPK 10-10-10. Use 300 g do produto nas plantas médias e 500 g nas maiores
• Poda: consiste apenas na remoção dos galhos secos e malformados
• Reprodução: por sementes ou enxertia