Ainda pouco explorado no paisagismo, o cupuaçuzeiro produz frutos ácidos que todo mundo adora e pode ser cultivado aí na sua casa
TEXTO LAURA DOUBEK | FOTOS VALERIO ROMAHN
No Amazonas e no Pará, o cupuaçu (Theobroma grandiflorum) é uma das frutas mais queridas: entra em tudo quanto é receita. No restante do Brasil, faz sucesso no suco e em um creme geladinho, similar ao do açaí. Mas em termos de popularidade, nada se compara ao cupulate, o chocolate feito com as amêndoas do cupuaçu – que pode ainda ser recheado com a polpa azedinha do fruto: sua fama extrapolou fronteiras e já conquistou muita gente, inclusive no exterior.
Se o sabor ácido do cupuaçu não chega a ser uma novidade, o mesmo não se pode dizer da árvore – salvo os nascidos na Amazônia, sua região de origem, pouca gente teve a sorte de ver uma ao vivo. E olha que o porte e o clima não são empecilhos para seu cultivo: quando plantada em jardins, a espécie que na mata chega aos 15 m fica com no máximo 8 m. Além disso, desde que o frio no inverno não seja muito intenso, como nas regiões sujeitas a geadas, dá para cultivá-la em praticamente todo o país.
Só é preciso estar atento a uma particularidade: contrariando o que acontece com a maior parte das árvores, o cupuaçuzeiro não gosta de sol pleno – deve ser mantido sob meia-sombra e até sob sombra, principalmente na fase inicial de desenvolvimento. Umidade elevada também é fundamental, a ponto de o produtor Edilson Giacon, da Ciprest Mudas e Plantas (www.ciprest.com.br), aconselhar: “Além do solo, é importante molhar os ramos da árvore e, se possível, a folhagem das plantas que estiverem ao seu redor, pois isso ajuda a elevar a umidade do ar”.
Raridade no jardim
Raro no pomar, o cupuaçuzeiro é mais difícil ainda de se ver no paisagismo. Como ele aprecia ambientes protegidos do sol direto, pode ser uma boa opção para ambientes de estar e relaxamento, como, por exemplo, uma área com espreguiçadeiras ou redes de descanso.
O plantio é feito a partir de sementes que têm alto poder de germinação, em berços preenchidos com substrato fértil – terra retirada do local acrescida de húmus de minhoca e torta de mamona ou farinha de osso. Como a polinização é cruzada – o pólen das flores de uma árvore é usado para fecundar as flores de outra – é importante plantar pelo menos dois exemplares, produzidos a partir de plantas-mãe diferentes, para ter uma boa frutificação. O crescimento da árvore é rápido, mas ela demora cerca de oito anos para dar os primeiros frutos.
Entre os meses de setembro e novembro, as belas flores do cupuaçuzeiro, que mesclam amarelo e vermelho, nascem grudadas no tronco e nos ramos da árvore. Já os frutos grandes e de casca marrom – podem ter de 10 cm a 25 cm de comprimento e pesar até 1,5 kg –, ficam maduros entre fevereiro e abril. Para saber a hora certa de colhê-los, basta esperar que os primeiros comecem a cair no chão. O perfume acentuado que eles exalam também denuncia que estão no ponto.
Quando cortado, o cupuaçu revela de 20 a 50 sementes envoltas pela polpa carnuda, amarelada e de sabor bem ácido, muito usada no preparo de sucos, geleias, sorvetes e outras sobremesas.
Beleza de corpo e alma
Rico em vitaminas C e do complexo B, antioxidantes e fibras, o cupuaçu tem usos que extrapolam a culinária. Na indústria de cosméticos, por exemplo, ele é ingrediente de hidratantes corporais, como na fabricação da manteiga de cupuaçu.
Embora raro nos jardins, o cupuaçuzeiro pode ser encontrado em alguns viveiros especializados. Na Ciprest Mudas e Plantas o produtor Edilson Giacon vende mudas com 50 cm por R$ 20.
Cupuaçu em detalhes:
Nomes populares: cupuaçuzeiro, cupuaçueiro e cupuaçu
Nome científico: Theobroma grandiflorum
Família: malváceas
Origem: Amazônia
Características: árvore de pequeno porte e tronco geralmente ereto. Na mata atinge até 15 m de altura, mas, nos jardins, mede entre 4 m e 8 m
Folhas: longas, com até 40 cm de comprimento e verde-claras
Flores: grandes e suavemente perfumadas, mesclam as cores amarelo e vermelho e nascem diretamente dos ramos da árvore. Despontam entre os meses de setembro e novembro
Frutos: são grandes – medem de 10 cm a 25 cm de comprimento – e pesam até 1,5 kg. Contêm de 20 a 50 sementes envoltas por uma polpa de sabor acidulado. Ficam maduros entre fevereiro e abril e devem ser coletados do solo, quando começam a cair do pé
Solo: arenoargiloso e bem drenado
Luz: meia-sombra
Clima: tropical quente e úmido
Plantio: abra um berço com 50 cm de diâmetro e 50 cm de profundidade e preencha-o com a terra retirada do local acrescida de cinco litros de húmus de minhoca e 100 g de torta de mamona ou farinha de osso. Deixe um espaçamento de 10 m entre as mudas
Regas: como a planta gosta de muita umidade, molhe-a três vezes por semana irrigando inclusive as folhas e ramos
Adubação: nos meses de fevereiro, agosto e novembro, aplique 20 g de torta de mamona ou farinha de osso
Reprodução: por sementes