A mistura de texturas é o que mais chama a atenção no jardim criado para combinar com a casa em estilo toscano

– Fotos Eneida Serrano | Projeto Tellini Vontobel

A casa de linhas clássicas e paredes ocre, como as da Toscana, na Itália, foi o ponto de partida para a elaboração deste jardim na cidade de Canela, no Rio Grande do Sul. Para criar um paisagismo que se harmonizasse com ela, os profissionais do escritório de arquitetura Tellini Vontobel apostaram no uso de espécies predominantemente verdes – principalmente coníferas – distribuídas em canteiros de linhas curvas, tudo entremeado por caminhos de pedra.

O dinamismo da composição é garantido pela variação de texturas nas folhagens, pela mistura de espécies de portes distintos e pela combinação de plantas que crescem livremente com outras topiadas. As flores, que aparecem de forma pontual, são coadjuvantes no jardim. Para manter o projeto fiel à Natureza local, deu-se preferência ao uso de materiais produzidos na região. Um exemplo são os paralelepípedos de basalto, obtidos nos entornos de Canela e Gramado, usados para compor os caminhos.

ENTRADA PRIVILEGIADA

Além dos paralelepípedos de basalto, blocos de granito formam o caminho sinuoso que guia as pessoas até a entrada da casa. As linhas curvas do trajeto acompanham os contornos orgânicos dos canteiros, onde são cultivadas coníferas de portes distintos: enquanto o junípero-sabina (Juniperus sabina) (1) é compacto e tem ramagem mais aberta, os ciprestes-italianos (Cupressus sempervirens ‘Stricta Group’) (2) trazem verticalidade ao cenário com seu porte longilíneo. “Eles ajudam a dar proporção entre a área verde e os elementos construídos”, explica Evelise.

No jardim predominantemente verde, é o porte das plantas e a textura das folhagens que cria contraste

Junto à porta principal, o canteiro de lavandas (Lavandula dentata) (3) é a grande atração. A espécie colore a paisagem e ainda perfuma o ambiente. Já no acesso lateral destaca-se a combinação de arbustos topiados – caso do buxinho (Buxus sempervirens) (4) –, árvores e arbustos que crescem de forma mais livre, como o viburno (Viburnum suspensum) (5).

Lavandas dispostas próximo à entrada da casa pincelam cor no cenário e perfumam o ambiente

Na lateral da casa, os buxinhos topiados em forma de bola dividem espaço com árvores e viburnos que crescem de forma mais livre

PRIVACIDADE E CONFORTO

O trecho de jardim que separa a varanda, nos fundos da casa, da quadra de tênis mereceu atenção especial. “Era importante manter a privacidade de quem está no ambiente de estar, sem bloquear totalmente a visão”, explica a arquiteta Evelise Tellini Vontobel. A solução encontrada foi criar um
desnível suave no terreno, para deixar a varanda em um patamar mais elevado e distribuir algumas árvores para formar uma barreira discreta.

Espalhadas pelo jardim, as árvores dão privacidade à varanda, sem obstruir totalmente a visão para a quadra de tênis

O caminho sinuoso, revestido com as mesmas pedras usadas na entrada da casa, faz a ligação entre os dois ambientes e garante a unidade do projeto paisagístico. Para se integrar com naturalidade ao jardim, a varanda protegida por toldos transparentes foi decorada com alguns vasos com plantas. Destaque para o gerânio-pendente (Pelargonium peltatum) (6) preso a uma das vigas do telhado.

Gerânios-pendentes presos à viga do telhado e outras espécies em vasos trazem o verde para a área interna da varanda

COMPACTA E ACONCHEGANTE

Embora espaço não fosse problema, a família queria uma piscina pequena, já que o clima frio de Canela inviabiliza o uso dessa área durante boa parte do ano. O risco, porém, era de que a estrutura ficasse desproporcional ao restante do jardim. A solução encontrada pelos profissionais da Tellini Vontobel foi construir uma estrutura compacta, com 7,5 m x 3 m, e preencher todo seu entorno com plantas, de modo a abraçá-la. Em uma das laterais, fotínias-de-folhas-vermelhas (Photinia x fraseri) (7) crescem praticamente junto à borda.

Do outro, a jardineira elevada de pedra abriga dianelas (Dianella tasmanica ‘Variegata’) (8) e cicas (Cycas revoluta) (9). A peça também serve de suporte para gárgulas que jorram água na piscina. Atrás do pequeno solário com espreguiçadeiras, cabe aos buxinhos (4) topiados em forma de bola a missão de delimitar o espaço.

O cenário construído em torno da piscina foi planejado de modo a abraçá-la, já que suas dimensões são pequenas