Com formatos inusitados e tons vibrantes, as flores vermelhas garantem impacto a qualquer cantinho do jardim
– Por Ana Luísa Vieira | Fotos Valerio Romahn
Vermelho, rubro, carmim, escarlate… Os nomes e variações são diversos, mas o efeito é um só: impacto à primeira vista. Na Natureza, as flores vermelhas jamais passam despercebidas, não importa o seu tamanho. O objetivo, aliás, é esse mesmo: chamar a atenção de polinizadores como pássaros, borboletas e mariposas – ainda que eles não enxerguem as cores da mesma forma como os seres humanos.
No Brasil, a oferta de plantas cujas flores despontam em tons avermelhados é generosa. Algumas vezes, elas se destacam não somente pela cor como pelo formato. A caliandra (Calliandra tweedii) (1) é um bom exemplo: formada por um denso conjunto de estames vermelhos, sua flor mais se parece um pompom. A semelhança é tanta que garantiu à espécie – um arbusto nativo do Sul do Brasil – o apelido de esponjinha. Os beija-flores adoram. Basta esperar o período de floração – que vai do inverno até meados da primavera – para vê-los fazendo a festa no jardim.
Já a sálvia (Salvia splendens) (2) pinta a paisagem de vermelho durante quase o ano inteiro, com mais intensidade nos meses quentes. Suas flores tubulares são pequeninas, mas se unem em uma inflorescência espigada que atinge cerca de 25 cm de comprimento. Não há borboleta que resista. Endêmica dos estados da Bahia até o Rio Grande do Sul, a espécie também é chamada de alegria-dos-jardins justamente por conta da coloração de sua florada. Alguém duvida que ela deixe qualquer cenário mais feliz?
EXOTISMO TROPICAL
Se as plantas brasileiras dão show no quesito flores avermelhadas, as espécies exóticas não ficam para trás. O bom é que muitas delas podem ser cultivadas por aqui – a exemplo da famosíssima jade-vermelha (Mucuna bennettii) (3), nativa de Papua-Nova Guiné e considerada a mais bela trepadeira tropical do mundo. O motivo? Suas escandalosas inflorescências pendentes, tomadas de inúmeras pequenas flores em tom vermelho vibrante que despontam principalmente no verão. Em seu território de origem, a espécie – que conta com ramos de até 30 m de comprimento – cresce entre a copa das árvores. No paisagismo, o porte robusto favorece o cultivo em grandes alambrados e caramanchões.
Outra exótica cuja florada rubra pode ser apreciada em jardins do Brasil é o bastão-do-imperador (Etlingera elatior) (4). De origem asiática, a planta conta com curiosas inflorescências de formato piramidal – cada uma composta por numerosas brácteas avermelhadas com as bordas brancas ou amarelas. Elas nascem no topo de hastes de 1,5 m de altura e lembram um cetro – tipo de bastão de apoio usado antigamente por reis, governantes e generais. O melhor de tudo é que, para a espécie, não existe tempo ruim: ela floresce em todos os meses do ano tanto em espaços ensolarados como à meia-sombra.
Um pouco mais exigente é a fúcsia-boliviana (Fuchsia boliviana) (5), arbusto nativo da Bolívia, do Peru e da Argentina que, no jardim, só se adapta a ambientes sombreados. Em todas as estações – mas com mais intensidade no verão –, seus ramos arqueados dão origem a numerosas flores pendentes de um belíssimo tom vermelho vibrante. O conjunto é tão vistoso que alguns botânicos consideram a espécie a mais bela do gênero Fuchsia – que engloba todos os brincos-de-princesa.
BONITINHA, MAS TRAIÇOEIRA
Olhando de longe, a sarracenia (Sarracenia sp.) parece tão inofensiva quanto qualquer planta que pinte a paisagem de vermelho. Suas flores pendentes, formadas por elegantes pétalas cor de vinho, despontam durante a primavera e o verão no topo de hastes que atingem mais de 30 cm de diâmetro.
As flores em si não oferecem qualquer perigo. Mas se os insetos polinizadores se aproximarem dos ascídios – é assim que são chamados os tubos longos e estreitos que formam esta planta carnívora –, Nhac!, correm o risco de virar almoço. Os bichinhos entram no tubo atraídos pelo aroma que ele exala e, uma vez lá dentro, não conseguem escalar de volta em direção à boca.
Nativa dos Estados Unidos, a planta é característica de locais de clima temperado, mas tolera o calor subtropical de algumas regiões brasileiras. Os mosquitinhos tupiniquins que se cuidem!