No paisagismo ou na decoração, aproveite as floradas das prímulas

TEXTO GABI BASTOS | FOTOS VALERIO ROMAHN

Devido à semelhança das flores, essas duas herbáceas parecem até ser da mesma espécie. Mas, com uma observação mais atenta, é possível distinguir uma planta da outra, principalmente pelo porte e aspecto das folhas. Na prímula (Primula obconica) elas são longas, verde-claras e com bordas encrespadas. Já na prímula-inglesa-danova (Primula vulgaris ‘Danova’), as folhas são verde-escuras, parecidas com uma espátula e formam uma roseta mais compacta. Em comum, elas apresentam florada muito colorida e intensa.

Primula obconica: originária da China, ela pode ser cultivada no jardim

Nativa da China, a Primula obconica é perene e apresenta flores um pouco maiores, sendo ideal para enfeitar o jardim. Já a Primula vulgaris ‘Danova’ é mais indicada para decorar a casa, foi desenvolvida pelo cruzamento de diversas espécies do gênero e costuma ser cultivada como anual.

Ambas as espécies são conhecidas pelo nome do gênero Primula, termo que vem do latim primulus e significa “primeiro”. É uma referência ao fato de elas serem uma das primeiras plantas a florescer na primavera. O mesmo vale para seu nome em inglês, primrose, que significa “primeiras rosas”.

Para aprender a diferenciar uma prímula da outra, conheça as características das duas espécies.

Primula obconica

Suas flores medem cerca de 3 cm de diâmetro e surgem em grupo, como um buquê, no alto de hastes de até 40 cm de altura. Há opções brancas, rosa, azuis, lilases e salmões – algumas apresentam a borda mais clara. Suas folhas são encobertas por uma penugem e podem provocar irritações na pele. Por isso, quem tem alergia deve usar luvas ao manusear a planta.

As flores da Primula obconica nascem agrupadas no alto de hastes de até 40 cm

Trata-se de uma espécie perene que pode ser cultivada em jardins de regiões subtropicais, mediante alguns cuidados. Os principais são mantê-la sob meia-sombra, longe de ventos fortes, em solo fértil e bem drenado. Uma sugestão para preparação do solo é misturar cascalho ao substrato para prevenir que a água emposse. Caso contrário, podem aparecer fungos.

Além de compor um belo paisagismo no jardim, a Primula obconica pode ser mantida em vasos e decorar ambientes internos, onde haja uma boa circulação de ar. Como se trata de uma espécie nativa da China e típica de clima temperado quente e subtropical, em regiões tropicais sua florada pode não ser tão intensa. Retirar as flores murchas e providenciar uma ferti-irrigação a cada duas ou três semanas no inverno ajudam a manter a florada por mais tempo na primavera.

Primula vulgaris ‘Danova’

Com o miolo amarelo e pétalas em formato de coração, as flores da prímula-inglesa-danova encantam pela delicadeza e colorido. Podem ser encontradas em nove cores – do creme e amarelo ao rosa, vermelho e roxo – e surgem solitárias em hastes de até 15 cm de altura. Cada uma dura entre cinco e 15 dias e logo são substituídas por novas flores. “Para estimular o surgimento dos botões, é importante retirar as flores assim que elas começam a murchar”, aconselha o engenheiro agrônomo Cláudio Tsumo.

As flores surgem uma por vez em hastes de até 15 cm de altura

Outros cuidados ajudam a manter a prímula-inglesa-danova florida. Um deles é cultivá-la na sombra, mas em local com bastante luz indireta. Outro é regar só quando o solo estiver seco. “De preferência, dia sim, dia não, com pouca água”, explica o especialista. Isso porque encharcamentos propiciam o ataque de fungos que provocam manchas amareladas nas folhas e pontinhos pretos nas flores. Essa baixa resistência ao excesso de água prejudica o cultivo da prímula-inglesa-danova em canteiros no jardim, uma vez que ela floresce na primavera, época de muitas chuvas. Melhor é deixá-la em vaso em locais protegidos. Outra boa ideia é acrescentar um pouco de fertilizante rico em fósforo, do tipo NPK 4-14-8, na água das regas, uma vez por semana.

Tenha cuidado ao comprar as mudas da prímula-inglesa-danova. Prefira mudas com alguns botões ainda fechados e sem nenhuma haste sem flores. Caso contrário, pode ser que a planta já esteja na segunda ou terceira florada. É possível encontrar as prímulas-danova com seus primeiros botões até o início do verão, pois os produtores mantêm os vasos em estufas, o que atrasa seu florescimento.

Desenvolvida pelo cruzamento de espécies do gênero Primula, a herbácea herdou muitas características da Primula vulgaris, planta nativa das regiões temperadas da Europa.

As flores da prímula-inglesa apresentam miolo amarelo