TEXTO | ANA VICTORIA SALERNO
A paixão pela Natureza pode ser algo despertado ao longo da vida, surgindo aos poucos e crescendo até que se torne parte definitiva de nós. Ou pode ser algo praticamente inato, um carinho tão antigo que nem a memória resgata onde começou; e assim era com Benevenuto Tilli.
Nuto, como era chamado carinhosamente por seus amigos e familiares, cresceu em meio os belos arranjos da floricultura do pai. “Cresceu entre as plantas, e viu crescer o paisagismo no Brasil”, conta seu filho, Guilherme Tilli. Tudo que aprendeu sobre botânica foi trabalhando e em viagens; nunca fez algum curso. E aprendeu tão bem que se tornou um dos maiores conhecedores da flora brasileira.
A contribuição de Nuto para o paisagismo brasileiro é imensurável. Introduziu diversas espécies de plantas no país, trazendo até novidades para o Brasil. “Em viagens, era frequente que tivéssemos que parar o carro no meio na estrada, pois meu pai tinha esse hábito de colher sementes de árvores e plantas que achava bonitas”, recorda Guilherme. “Era um apaixonado pela Natureza.”
Além de dono da Floricultura Campineira, em Barão Geraldo, Campinas, foi pai, companheiro, mestre, atleta de tiro e exímio pescador – e gostava do desafio de pescar os ágeis lambaris. “Ele frequentemente me convidava para comer um peixe que ele mesmo tinha pescado”, recorda Raul Cânovas, paisagista e amigo de Nuto. “Nossa amizade transcendeu o âmbito dos negócios, ele foi um professor, um grande amigo e trabalhou até o fim, pois amava o que fazia.”
Como parte do infinito ciclo da Natureza, Nuto cumpriu sua missão em 92 anos de alegrias e agora descansa, eternamente, entre as flores e plantas que tanto o cativaram em vida.