Queridinha dos confeiteiros e da dieta, a physalis também faz bonito no pomar com colheitas o ano inteiro

Texto Laura Neaime

Seja pelo nome, pelo sabor ou pela aparência, é impossível passar batido por uma physalis (lê-se “fisális”). Parentes da berinjela, da batata e do tomate, as quase 100 espécies do gênero têm um ponto em comum: as sépalas que surgem do cálice e cobrem completamente os frutos durante a formação, protegendo-os de insetos. Elas vão mudando de cor com o passar dos dias e, quando ficam amareladas, e com aspecto ressecado, é sinal de que o fruto está maduro. São tão ornamentais que nas variedades comestíveis – nem todas physalis costumam ser consumidas e algumas são até tóxicas – acabam sendo usadas na decoração de sobremesas.

É o caso da Physalis peruviana. De origem andina, como o próprio nome indica, os frutos da espécie são alaranjados, de sabor doce e levemente ácido e utilizados no preparo de doces ou saladas. Já a Physalis pubescens, que é originária das Américas do Norte, Central e do Sul, e a Physalis angulata, nativa da região amazônica, produzem frutos verdes e não são cultivadas para consumo. Segundo Leo Rufato, professor especializado em fruticultura da Universidade Estadual de Santa Catarina, a primeira é considerada uma planta daninha, enquanto a variedade amazônica produz frutos excessivamente ácidos.

A Physalis alkekengi, por sua vez, é indicada apenas para ornamentar o jardim. Seus frutos são os mais bonitos dentre todas as espécies de physalis, porém impróprios para consumo.

DO POMAR PARA A MESA

Rica em vitaminas, proteína, minerais e betacaroteno, a physalis pode ser usada no preparo de saladas e sucos

Por conta dos frutos mais saborosos, a Physalis peruviana é a espécie mais cultivada pelo mundo e tem na Colômbia o seu maior exportador. Típica de clima tropical e subtropical, vai bem em todo o Brasil – desde que não seja exposta a geadas – e pode ser mantida sob sol pleno ou meia-sombra.

A herbácea arbustiva cresce rapidamente – apenas um ano após o plantio, já é possível realizar as primeiras colheitas, que se repetem, a partir de então, intermitentemente –, e é pouco exigente em relação à água: só precisa ser regada uma vez por semana nos períodos de temperaturas amenas.

Versátil, pode ser cultivada tanto em canteiros quanto em vasos e chega a 70 cm de altura. Quando plantada direto no solo, deve ser acomodada em berços de 40 cm x 40 cm. Já para o cultivo em vasos, é importante que o recipiente tenha pelo menos 30 cm de diâmetro e 30 cm de altura.

A exemplo do tomate, a physalis pode ser tutorada por estacas e, nessas condições, seus ramos chegam a ultrapassar 2 m de comprimento. Como é bastante suscetível a pragas e doenças, um cuidado importante é mantê-la sempre em ambientes ventilados e garantir uma boa drenagem do solo. O produtor Luís Bacher indica a aplicação de óleo de neem e calda bordalesa com intervalos de um a dois meses como medida preventiva.

Apesar de se tratar de uma planta perene, a Physalis peruviana tem vida útil de, aproximadamente, três anos. Isso porque, passado esse período, sua produção, que no auge chega a 3 kg de frutos por semestre, cai drasticamente. O jeito é substituí-la por outra muda.

JOIA LATINA

Sob a alcunha de golden berry – fruto dourado em inglês –, a physalis é tida como uma aliada das dietas: 100 g do fruto não representam mais do que 50 kcal. A iguaria ainda é rica em proteínas, vitaminas C e do complexo B, além de ferro – importante na prevenção da anemia. A coloração alaranjada do fruto indica também os altos níveis de betacaroteno – que, no organismo,
se transforma em vitamina A, contribuindo para a saúde da pele.

A physalis pode ser consumida in natura ou seca, na forma de geleias, doces e sucos. Outro uso menos comum, mas muito saboroso, é como ingrediente de pratos principais e saladas. Seja como for, o frutinho tem tudo para encantar os olhos e o paladar de quem experimenta cultivá-lo no jardim.

PHYSALIS EM DETALLHES 

• Nome científico: Physalis sp.

• Nomes populares: physalis ou fisális

• Família: Solanáceas

• Origem: Américas e leste da Ásia (somente a Physalis alkekengii)

• Características: herbácea arbustiva frutífera de pequeno porte

• Folhas: aveludadas e com formato triangular

• Flores: pequenas e sem valor ornamental. A coloração varia conforme a espécie

• Frutos: pequenos – com cerca de 2 cm de diâmetro –, são protegidos por sépalas até a sua maturação. A cor varia conforme a espécie – os da Physalis peruviana, que são comestíveis, têm coloração amarela, sabor cítrico e adocicado

• Luz: sol pleno e meia-sombra

• Solo: bem drenado

• Clima: tropical e subtropical

• Plantio: para mudas até 30 cm de altura, abra um berço de 40 cm x 40 cm, posicione a planta no centro e preencha o espaço com substrato drenante. Nos
três meses seguintes, irrigue a muda de duas a três vezes por semana. O plantio também pode ser realizado por sementes. Neste caso, retire as
sementes dos frutos, lave-as e deixe-as secar na sombra. Plante-as em uma sementeira com substrato drenante e, quando as mudas se formarem,
transplante-as para o local definitivo

• Regas: uma vez por semana

• Adubação: uma vez ao ano – preferencialmente no final do outono ou início da primavera – misture à terra no entorno da planta 2 kg de adubo orgânico
(húmus de minhoca e esterco bem curtido)

• Pragas e doenças: as physalis são bastante suscetíveis ao ataque de fungos, como nematoides, e insetos. Tais acometimentos podem ser evitados com
o uso de substratos drenantes, o posicionamento da planta em ambientes arejados e a pulverização bimestral de calda bordalesa e extrato de neem

• Propagação: por sementes

 

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