Muitas vezes chamadas de invasivas, algumas espécies são perfeitas para criar maciços e dar mais volume ao jardim
Texto Vinícius Casagrande | Fotos Valerio Rohman
Elas não foram feitas para ficarem restritas a uma pequena área do jardim. O que elas querem, de verdade, é espalhar sua beleza por todo o espaço – não ligam a mínima para os planos de quem as plantou. Vão se apropriando do terreno sem muita cerimônia e, por isso, são muitas vezes chamadas de invasivas. Quando bem utilizadas, no entanto, são capazes de encher o jardim de vida e cor.
A variedade de espécies belas, porém folgadas, é grande e inclui desde herbácas até trepadeiras, passando pelos arbutos. A esponjinha (Calliandra brevipes) (1), que pode formar cercas vivas ou ser plantada isolada, pertence a esse último grupo, e durante a primavera e o verão, é totalmente tomada por flores em forma de pompom. O colorido fica por conta de seus estames cor-de-rosa, com a base esbranquiçada.
Quem prefere arbustos com tons mais vibrantes pode apostar no ipê-amarelo-de-jardim (Tecoma stans) (2), cujas flores amarelas, de até 5 cm de comprimento, pipocam da primavera até o outono. Tanto ele quanto a esponjinha produzem muitas sementes – que germinam facilmente –, e, por isso, não encontram dificuldades para se alastrar.
CANTEIROS VOLUMOSOS
Quando menos se espera, algumas herbáceas usadas para formar canteiros vistosos e volumosos começam a brotar em outras áreas do jardim. O capim-do-Texas (Cenchrus setaceus) (3), que no projeto acima forma um belo maciço junto ao caminho, é uma delas. Como suas sementes são facilmente levadas pelo vento, acabam caindo em outros cantos e germinando. Nada que desestimule seu uso no paisagismo, já que a planta oferece um pacote ornamental completo: conta com folhas lineares pendentes e inflorescências plumosas de até 14 cm, que despontam no outono e no verão.
Outra herbácea que se alastra sem muita cerimônia – também por conta das sementes com alta capacidade de germinação – é o pingo-desangue (Ruellia brevifolia) (4). Seu uso mais comum nos jardins é ao longo de muros e cercas, onde as flores tubulares de cor vermelho-sangue são muito visitadas por borboletas e beija-flores.
No caso do áster-do-México (Cosmos sulphureus) (5), espécie ideal para criar grandes maciços repletos de flores alaranjadas durante todo o ano, a facilidade de se espalhar se deve a outro motivo: novas mudas surgem em grande
quantidade ao redor da planta-mãe. A herbácea de até 1 m de altura encanta não apenas pela florada, mas também por causa do aspecto delicado de sua folhagem.
UM JARDIM COLORIDO
Melhores amigas de quem quer canteiros exuberantes a toque de caixa, algumas invasivas podem ser encontradas com flores em uma boa variedade de tons – e garantir um jardim colorido sem muita dor de cabeça.
Vermelhas, amarelas, brancas, róseas, magentas ou até mesmo bicolores, as flores da maravilha (Mirabilis jalapa) (6) despontam constantemente durante a primavera e o verão. No entanto, elas só revelam sua exuberância – e também seu perfume – durante a noite: desabrocham ao final do dia e perecem na manhã seguinte. A espécie é daquelas que você compra uma única muda e, quando menos espera, encontra várias brotando em volta da planta-mãe.
Com mais de 10 mil híbridos e cultivares nos mais diversos tons, a palma-de-santa-Rita (Gladiolus hybrids) (7) também gosta de surpreender: ao final da floração, ela entra em dormência e perde toda a parte aérea, desaparecendo do canteiro. Na primavera seguinte, no entanto, como que por mágica, novas mudas que você sequer plantou começam a despontar por todos os lados.