Catasetum x inhotimensis, híbrido natural do gênero Catasetum, tem seu nome em homenagem ao local em que foi encontrado

Foto: Brendon Campos

A revista científica francesa Richardiana publicou um artigo no mês de março deste ano reconhecendo um novo híbrido natural chamado Catasetum × inhotimensis, descoberto no Instituto Inhotim, em Brumadinho – MG, no final de 2023 pelo biólogo Lucas Assis. O taxonomista participou do Projeto de Atualização de Coleções Botânicas, realizado pela Curadoria Botânica do Instituto, no segundo semestre de 2023. A descoberta deste novo híbrido de orquídea é um dos desdobramentos do projeto. 

Um híbrido é o resultado do cruzamento entre duas espécies diferentes de plantas. Nesse caso, o cruzamento aconteceu naturalmente (sem intervenção humana). Híbridos naturais podem ocorrer quando as áreas de distribuição de duas espécies se sobrepõem e as condições são adequadas para o cruzamento, e podem exibir uma mistura de características das duas espécies parentais. O Catasetum x inhotimensis é resultado do cruzamento de Catasetum hookeri e Catasetum lanciferum e seu nome foi uma homenagem ao local em que foi descoberto. 

No Instituto Inhotim a polinização das plantas é aberta, ou seja, várias espécies diferentes ocupam o mesmo território e a polinização é feita de forma livre por insetos, pássaros, vento ou outros mecanismos naturais. Assim, é comum que o pólen de uma chegue até a outra. 

Em geral, esse encontro não resulta em fecundação e não forma sementes férteis para reprodução. Porém, eventualmente, essa transferência natural é bem-sucedida e o pólen de uma espécie pode fecundar outra diferente e é dessa reprodução inesperada que surge o híbrido. Em meios artificiais, especialmente com finalidades de ornamentação e paisagismo, a hibridização é muito utilizada, pois permite gerar plantas com novas formas, cores, tamanhos e texturas. 

No Inhotim, o Catasetum x inhotimensis, em princípio, tem seu valor como curiosidade botânica, uma planta útil para ensinar sobre processos de reprodução da flora e como planta de valor ornamental por suas características únicas. Para ações de pesquisa e conservação fora do seu habitat natural, a equipe de Jardim Botânico investe no estudo de espécies raras e ameaçadas de árvores, palmeiras e aráceas, especialmente dos biomas Cerrado e Mata Atlântica.

Catasetum x inhotimensis, nova orquídea encontrada no Inhotim, resultado do cruzamento de Catasetum hookeri e Catasetum lanciferum.
Foto: Brendon Campos

O Instituto Inhotim é o primeiro jardim botânico do Brasil a receber o selo de BGCI Accredited Garden. O BGCI (Botanic Gardens Conservation International) é a maior rede de jardins botânicos do mundo, na qual o Inhotim é filiada desde 2021. A organização é referência na coordenação, capacitação e mobilização de jardins para ações de priorização, planejamento e monitoramento para conservação de plantas. 

O processo de certificação teve como objetivo aprimorar sua atuação e se alinhar com os padrões internacionais estabelecidos na rede. Para obtê-la, o Inhotim foi avaliado em critérios que abrangem: liderança, gestão de coleções, fitotecnia, educação ambiental, ações de conservação, pesquisa científica, equipe especializada, parcerias institucionais e práticas de sustentabilidade. 

O BGCI define componentes básicos para uma instituição ser reconhecida como jardim botânico e que ajudam a medir o seu desempenho e sucesso. A obtenção deste selo é uma conquista importante para o Inhotim pois certifica que o Instituto opera segundo os mais altos padrões internacionais para jardins botânicos. A certificação obtida também é um recurso que distingue jardins botânicos de outros tipos de jardins e reconhece instituições que colaboram para a conservação da flora.

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