Será que existe um jeito de ter um jardim bonito sem abrir mão da companhia de cães e gatos?

– Por Carol Costa

Quem tem plantas e bichos de estimação sabe da dureza que é conciliar essas duas paixões. De um lado, a gente toma o maior cuidado pra não colocar dentro de casa nada que possa fazer mal pra cães e gatos, mas, de outro, eu quase desejo que os pets fiquem com uma bela dor de barriga pra ver se aprendem a parar de fuçar nas plantas – ok, só desejo isso da boca pra fora, pois ao primeiro sinal de vômito meu coração se aperta.

Hoje, moro com três gatos, mas já vivi numa casa com 34 felinos e quatro cachorros. Minha avó tinha enormes alamandas – uma trepadeira considerada tóxica – e bicho nenhum ousava chegar perto delas. Parece que eles têm um sensor para o perigo, né? Mas era só sobrar um pedacinho de terra preparado pra receber uma horta, que todos os gatos da vizinhança o transformavam em banheiro, e, em poucos dias, eu tinha uma avó muito zangada e a gataiada jurada de morte.

Minha experiência mostra que, quando se trata de destruir jardins, nenhum pet é páreo para os gatos. Por serem animais verticais, eles escalam cortinas, pulam em cima da geladeira, são capazes de subir no lustre se aparecer uma mosquinha. Bem diferente dos cachorros que, por serem bichos horizontais, só detonam o que está no chão. Com os felinos, não basta colocar as plantas em estantes: é preciso garantir que eles não subam nas prateleiras.

No meu apartamento, já tentei de tudo: comprei erva-de-gato na esperança que Oto, Lua e Ronaldo pudessem detonar esse vaso e poupar os outros. Eles amaram, mas não abriram mão das outras plantas, não. No auge da minha irritação, fiz uma barricada de palitos de churrasco no cachepô da árvore-da-felicidade, tentando impedir que os bichanos o transformassem em banheiro. Como tantas outras soluções, funcionou por algum tempo – mas só até eles descobrirem um jeito de arrancar os palitos.

Também experimentei plantar espécies como hortelã, manjericão e capim-limão que, por conta do cheiro forte, tendem a incomodar o olfato sensível dos bichos. Ainda apelando para os odores, tive sucesso com o uso de uma vermiculita especialmente tratada pra repelir os pets – o cheiro que lembra acetona era desagradável o bastante pra eu notar meus gatos dando meia volta ao passar pelo vaso. Só que o efeito durou apenas algumas semanas: como a essência evapora depois de algum tempo, a não ser que o bicho seja condicionado a não voltar ali, logo estará fuçando nas plantas de novo.

Já na casa da minha irmã, que tem uma cadela mestiça de boxer com vira-lata de 3 anos de idade – todos eles dedicados a esgotar a paciência da dona com sua dieta alimentar balanceada que inclui suculentos chinelos, crocantes pés de cadeira, brinquedos, roupas no varal e todo tipo de planta –, sugeri cactos bem espinhentos. Acredita que nem a cadeira-de-sogra sobreviveu à fúria canina de Juliana?

Por essas e outras, toda vez que algum leitor me pergunta como manter os bichos longe das plantas, minha vontade é responder: “Olha, se você descobrir um jeito me conta, porque ainda não achei nenhuma solução perfeita”.

Pra mim, o que melhor funcionou até agora foi manter plantas e gatos em ambientes separados: os bichos dentro de casa, os vasos, na varanda. E você, o que deu certo na sua casa? Compartilha comigo! Quem sabe assim a gente não encontra uma forma melhor de conciliar essas duas paixões, não é mesmo?


Carol Costa é jornalista, jardinista e idealizadora do blog Minhas Plantas (www.minhasplantas.com.br). Tem uma coluna na rádio BandNews FM e apresenta o programa “Mais cor, por favor” no canal GNT