Espécies resistentes e de baixa manutenção pontuam o jardim desta casa de praia no litoral da Bahia
Texto Marina Gabai | Fotos André Luis Sá Gomes | Paisagismo Alex Sá
Destino certo da família nos fins de semana, a casa na praia em Guarajuba, no litoral baiano, precisava de um paisagismo à altura da bela arquitetura e que fosse capaz de integrar de forma natural os ambientes internos e externos. Só que não bastava escolher plantas bonitas. Como o clima na região é muito quente e os ventos constantes, era necessário que as espécies fossem rústicas o suficiente para resistir a essas condições. Também não podiam demandar muita manutenção, já que a casa fica vazia a maior parte do tempo.
O engenheiro agrônomo e paisagista Alex Sá encontrou em espécies como pitósporo (Pittosporum tobira ‘Variegatum’) (1), pândano (Pandanus utilis) (2), agave-dragão (Agave attenuata) (3) e pleomele (Dracaena reflexa ‘Variegata’) (4) a solução ideal para criar canteiros como este na entrada do imóvel. Elas enchem os olhos com o contraste de formas e texturas e suavizam a cerca de toras de eucalipto com alturas diferentes. Mas nenhuma planta chama tanto a atenção quanto o imponente cajueiro (Anacardium occidentale) (5) que já estava no terreno e foi preservado.
HARMONIA NA COMPOSIÇÃO
Uma das prioridades para os proprietários era que o jardim tivesse espaço de sobra para as crianças correrem e brincarem. Por isso, o paisagista concentrou as plantas em canteiros bordando as construções, muros e piscina – assim eles incorporam a área construída à paisagem e diminuem a aridez do ambiente –, e cobriu o restante do terreno com grama-esmeralda (Zoyzia japonica) (6).
No canteiro junto à fachada envidraçada da casa, as pleomeles (7) encantam com sua folhagem verde de bordas amareladas. A espécie que pode chegar aos 3,5 m de altura ainda garante um pouco de privacidade a quem está no ambiente interno.
Já no canteiro de linhas orgânicas que borda a varanda, quem rouba a cena é a combinação da folhagem verde-escura e escultural das cicas (Cycas revoluta) (8) com o vermelho-rosado da iresine (Iresine herbstii) (9), herbácea que cria um belo e vistoso maciço.
Junto à piscina, a opção foi pela combinação de dianelas (Dianella tasmanica ‘Variegata’) (10), bromélias-imperiais (Vriesea imperialis) (11) e bromélias-imperiais-rubras (Vriesea imperialis ‘Rubra’) (12) como forração para as elegantes palmeiras-de-Manila (Veitchia merrillii) (13).
Para não bloquear a visão de quem circula pelo jardim, as plantas mais altas – caso da árvore-do-viajante (Ravenala madagascariensis) (14) e de alguns arbustos – foram concentradas nas extremidades do terreno, junto aos muros. A única exceção é o jasmim-manga (Plumeria rubra) (15), árvore que na primavera se enche de flores vistosas e suavemente perfumadas, acomodado no centro do gramado.
VARANDA ACONCHEGANTE
Nenhum outro lugar da casa é capaz de fazer frente à varanda quando a ideia é relaxar e apreciar a beleza do jardim. Cercado de muito verde, o espaço de 31 m² foi mobiliado com sofás, poltronas e uma pequena mesa de refeições – tudo feito em eucalipto. A decoração segue a linha rústica, mas é pontuada por peças coloridas – caso da mesinha azul e dos vasos com flores, que deixam o ambiente mais descontraído.
Um dos recursos que Alex Sá usou para aproximar o verde de quem desfruta do ambiente foi a abertura de um canteiro estreito entre a varanda e uma das paredes da casa. Depois bastou plantar alguns exemplares de leia (Leea guineensis) (16), um arbusto de até 2,5 m de altura que forma uma barreira verde e vai muito bem sob meia-sombra. Ornamental por Natureza, a espécie fica ainda mais bonita na primavera, quando se enche de pequenas flores brancas que, antes de se abrirem, mais parecem frutinhos vermelhos.