
Para sua estreia na mostra de São Paulo, Simone Campos transforma memórias de infância em um jardim-convite para refletir sobre a cidade que queremos em 2050
POR: Aida Lima FOTOS: Divulgação
A CASACOR São Paulo 2025 acontece pela primeira vez no Parque da Água Branca, na zona oeste da capital, ocupando os prédios históricos tombados do conjunto, com mais de 70 ambientes distribuídos entre salas, jardins e áreas de apoio. Antes da abertura, moradores e associações de bairro manifestaram preocupação com a possível descaracterização da mata nativa, especialmente nas áreas externas. A organização, porém, afirma ter adotado critérios técnicos rigorosos para a escolha dos espaços verdes, com acompanhamento de especialistas e a garantia de que nenhuma intervenção permanente foi feita no terreno. Todos os jardins foram montados com vasos e floreiras sobre o piso existente, e a desmontagem prevê a devolução integral do parque em seu estado original.
O tema desta edição, Semear Sonhos, orienta projetos mais sustentáveis, acessíveis e integrados ao espaço urbano.
Memórias e futuro entrelaçados

A paisagista Simone Campos traz em suas memórias os passeios ao Parque da Água Branca que fazia na infância. Morava bem próximo ao local, que avistava da janela da casa de sua família. Ao retornar e aceitar o convite para a CASACOR São Paulo 2025, seu primeiro impulso foi devolver à cidade essa conexão, como um presente a todos que frequentam e poderão usufruir da revitalização promovida pela mostra. O jardim Semeando o Futuro, 2050, logo na entrada, faz um convite à reflexão sobre o que podemos fazer para ter uma cidade em que a natureza se integre à rotina do dia a dia, trazendo pontos de pausa e reconexão, com respeito ao cidadão em uma cidade intensa como São Paulo.

Tomando como partido a cidade sonhada para 2050, Simone criou este jardim como um espaço de convivência. O uso de mobiliário urbano da MM Cité agrega os conceitos de sustentabilidade, permeabilidade, ergonomia e design, com destaque para o bicicletário Elk, os bancos Landscape, Linfa e Morse Dot, as poltronas Stack e o bebedouro Fons.

O espaço de 170 m², formado por dois jardins interligados por uma área com vasos da L’Óeil com diversas frutíferas, é um convite a um passeio por plantas e materiais variados. Logo na entrada, Simone optou por pedrisco como forração, um material totalmente permeável. Nas calçadas foi utilizado o piso Toscano Sicilia, da Lepri, também permeável. A vegetação escolhida para essa primeira área apresenta uma flora mais árida, seguida por espécies da mata Atlântica, com três tatarés ao longo do caminho, bromélias e folhagens altas. O bicicletário abriga duas bicicletas vintage com banco de couro. Bancos ao longo do trajeto convidam ao descanso e à contemplação da natureza do entorno e das construções tombadas pelo patrimônio.

A cerâmica natural da Lepri (coleção Toscano Sicilia) é um revestimento sustentável de alta resistência, produzido com argila pura e sistema drenante, que permite a absorção da água pelo terreno (já que é instalado diretamente sobre a areia), além de possibilitar sua remoção e reutilização após o encerramento da mostra. A instalação foi feita no formato escama de peixe.


Sobre Simone Campos

Simone é formada em Engenharia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e em Design de Interiores pela Escola Panamericana de Arte. Atua na área desde 2017, tendo iniciado como designer de interiores em 2001, até descobrir no paisagismo sua verdadeira paixão. Alia técnica e sensibilidade para criar e recriar paisagens naturais por meio de projetos autorais, cultivando sempre um oásis em meio às construções.
Programe-se
CASACOR São Paulo 2025
Parque da Água Branca — Rua Dona Ana Pimentel, 37, portaria G4
De 27 de maio a 3 de agosto de 2025
Terça a domingo, das 11h às 21h
Bilheteria física até 19h | Instagram