

TEXTO: Aida Lima FOTOS: Valerio Romahn
Novidade do ano para os amantes de plantas e flores, a pata-de-canguru chega como opção para colorir os canteiros no paisagismo e decorar jardins em vasos
Ela é a nova queridinha dos apreciadores de novidade em plantas. A pata-de-canguru (Anigozanthos ‘Bush Gems Series’) — uma planta híbrida que envolve as espécies humilis, bicolor e flavidus — é muito colorida, perene e cresce bem tanto em vasos quanto em floreiras. Também pode ser cultivada em canteiros no jardim e, o melhor: dá flores em grupos que não param de brotar. Ou seja, com tanta versatilidade, fica fácil entender por que, recém-lançada no mercado, já está com uma boa fama entre paisagistas e jardinistas.
A flor tem uma aparência muito delicada, mas não se engane porque ela é bem resistente. Veio da Austrália e, por lá, suas progenitoras ocorrem naturalmente nas planícies arenosas, onde a variação de temperatura é alta, com muito sol e calor durante o dia e frio à noite. Originalmente, se ela era muito rústica, faltava algo de beleza em sua flor. O jeito dos especialistas foi seguir cruzando espécies nativas que valorizassem a flor, até chegar ao estágio atual: uma planta pra lá de rústica, com uma bela flor que aguenta qualquer parada.

O cultivar Anigozanthos ‘Bush Pearl‘ tem um tom de rosa mais claro
A razão do nome
As flores da pata-de-canguru nascem numa inflorescência, em pares de até 18 botões. Quando se abrem completamente, lembram mesmo as patinhas de um canguru com as garras à mostra. Como o canguru é um marsupial símbolo da Austrália, foi automático por parte dos produtores batizarem o nome do mamífero à vistosa flor.
Os botões da pata-de-canguru são revestidos por uma delicada pelugem colorida, que, aliás, é o que dá a cor característica a cada variedade e, vale dizer, também causam um pouco de coceira quando encostam na pele, mas nada sério, lave a parte irritada que passa rápido. Ao se abrirem, eles revelam os estames com as anteras produtoras dos grãos de pólen. As espécies puras no seu local de origem são polinizadas e geram sementes, mas isso não deve acontecer com essas novas variedades já que, por serem desenvolvidas em laboratório, são estéreis.

os estames com as anteras produtoras dos grãos de pólen
Como ter sucesso no cultivo
A pata-de-canguru gosta de sol pleno e, quanto mais luz, mais marcantes ficam as cores de suas inflorescências. Mas é melhor ir com alguma calma e preparar a planta para o sol pleno. Assim que comprar os vasos, dê um tempo de adaptação à planta, mantendo-a em local iluminado, sem sol direto. Lembre-se de que ela saiu de uma estufa de produção com a temperatura e a luminosidade controladas. Passado esse período de adaptação, aí sim você pode plantá-la no jardim, no vaso ou na jardineira, onde bate luz solar a maior parte do dia. Ao replantá-la no canteiro ou trocá-la para um vaso maior, acomode o torrão em um substrato bem drenado. O melhor é o feito com partes iguais de terra comum de jardim, turfa, casca de pinus e casca de coco. Passados uns 40 a 50 dias após o plantio, as flores vão começar a perder o viço. Não se preocupe. Isso é natural e você não fez nada de errado. É que as flores terão cumprido seu ciclo de vida.

corte as hastes na base, que logo novos brotos nascerão
Nesse caso, é só cortar a haste bem na base que, no máximo em dez dias, outra começará a brotar. Quem comprovou esse procedimento e deu as dicas foi a paisagista Ariceli Loffi Rengel, de Petrolândia, região serrana de Santa Catarina, que já testou a novidade em um canteiro a céu aberto e garante que as plantas continuam rebrotando as hastes com inflorescências cada vez mais vistosas, mesmo depois de um período recente de chuvas e até geada.

O que você precisa é ficar atento ao desenvolvimento da planta. Segundo o produtor Rene Vernooy, da Panorama Flores, que comprou os direitos de cultivo e trouxe a pata-de-canguru para o Brasil, a planta é bem responsiva e avisa quando algo não está bem. E é nas regas que você vai perceber mais isso. Ela gosta muito de água, porém detesta encharcamento. Daí a necessidade de ter um substrato bem drenado. A dica é molhar a terra a cada dois dias ou até mais vezes se perceber que ela está seca na parte superficial. Outra dica do excesso de água (ou do substrato pouco drenante) é quando as folhas ficam escurecidas. Se isso ocorrer, diminua as regas imediatamente. Só não confunda com a manchinha amarronzada nas pontinhas das folhas. Isso não é um problema. É que a planta elimina água pelas extremidades, geralmente no início da manhã, num processo chamado gutação.


Com relação à adubação, a pata-de-canguru é pouco exigente. Para manter seu vigor, basta fazer uma adubação balanceada com NPK do tipo 10-10-10, ou algum fertilizante natural como o Bokashi, sempre na frequência e na medida indicadas pelo fabricante. Doenças ainda não são conhecidas na pata-de-canguru. Quando às pragas, fique de olho apenas numa lagartinha que pode aparecer na base da planta para comer as folhas. É fácil encontrá-la e, na ocorrência, é só fazer a catação manual.
Com esses poucos cuidados básicos, sua pata-de-canguru vai crescer agradecida e vistosa e você terá uma bela novidade no paisagismo. Vale lembrar ainda que, além de belas, as flores são um chamariz para abelhas, borboletas e até beijaflores ávidos por beber o néctar dessas patinhas coloridas que saíram lá da terra dos cangurus para embelezar os jardins brasileiros.

Uma boa dica é fazer uma combinação com as diversas cores da planta
Conheça melhor

O porte e as cores da pata-de-canguru
A pata-de-canguru chegou ao mercado brasileiro em variedades de porte médio. Elas não ultrapassam os 50 cm de altura, com exceção da Bush Crystal, que atinge, no máximo, 1 metro. Podem ser encontradas em seis cores diferentes, sendo dois tons de rosa, um vermelho e três variedades de amarelo.

Kokedama de canguru

Uma experiência que está dando certo é o cultivo
da pata-de-canguru como kokedama
Versátil, até como kokedama a pata-de-canguru está respondendo bem. Numa experiência do produtor Rene Vernooy, o torrão da planta foi envolvido por um substrato bem drenado com musgo verde, formando uma bola que foi enrolada em fio de náilon. O acabamento ficou por conta de corda de sisal colorida no tom rosa para combinar com as flores da variedade Bush Inferno. Para mantê-la assim, Rene borrifa constantemente o musgo para que fique sempre úmido, mas sem encharcar.
Flor de corte
Em alguns testes com floristas, até como flor de corte na decoração, a pata-de-canguru está encantando. Como as hastes florais precisam ser cortadas quando começam a perder o viço no jardim, elas ganham ainda uma sobrevida de até 15 dias, em vasos com um pouco de água.

A planta fala
Quando algo não vai bem, a pata-de-canguru dá todos os indicativos. Por isso, basta observá-la e ajustar os cuidados, para mantê-la sempre saudável.


rega, suas folhas tendem
a amarelar

são sinal do ataque
de lagartas. Para
controlar, basta fazer
a catação manual